Ataques verbais e físicos registraram aumento

Após a população do optar, em maioria, pela saída da União Europeia, conhecida como ‘brexit', os registros de incidentes racistas contra imigrantes tiveram aumento significativo. De acordo com reportagem do jornal português Diário de Notícias, a polícia britânica registrou 57% mais casos de crimes de ódio no último fim de semana do que em todo o mês anterior.

A POSK (Associação Cultural e Socal Polonesa), sede da comunidade polonesa em Londres, foi pichada com a inscrição “deem o fora”. A diretora de uma das galerias presentes nas instalações do centro, Joana Ciechanowska, afirmou à agência FrancePresse que “o sentimento é uma mistura de desgosto e medo. Nós temos o centro desde 1962 e nunca tivemos de enfrentar atos de racismo”.

“É muito preocupante. Ouço amigos que viajam de trem e que dizem que as pessoas que se sentam ao lado, de um momento para o outro, lhes dizem diretamente: ‘façam as malas e vão embora'. Se as pessoas tinham um grão de agressividade dentro delas, o referendo fez com que tudo saísse para fora”, relata Ciechanowska.

Em Huntingdon, comunidade próxima à cidade de Cambridge onde há uma expressiva comunidade polonesa, adesivos com a frase “não queremos insetos polacos aqui” estão sendo pregados em carros e estabelecimentos. De acordo com o jornal Huffington Post, alguns deles foram colocados em caixas de correios de famílias de imigrantes vindos da Polônia.

O historiador britânico de origem nigeriana David Olusoga publicou em redes sociais, um dia depois do referendo, uma foto de uma manifestação que ocorria em sua cidade, no sábado (25), de cunho xenófobo. Em um dos cartazes, está escrita a frase: “parem a imigração e comecem a repatriação”. Em entrevista ao The Telegraph, ele disse: “nunca tanta gente me disse para voltar para a África”.

O jornalista britânico Ciaran Jenkins escreveu, em sua conta no Twitter, que ouviu uma senhora gritar “aí está um deles, expulsem-no”, quando uma criança do Sri Lanka passeava junto a sua mãe pela rua. Uma empregada doméstica portuguesa contou à agencia de notícias Lusa que chegou a ser atacada fisicamente por xenófobos.

De acordo com a mulher, chamada Fátima Lourenço, um grupo de jovens a abordou na rua e cuspiu em seu rosto, seguindo então para agressões físicas com uma bandeira inglesa. “Houve pessoas que reagiram, que os xingaram e vieram pedir desculpa. Eu não esperava, me senti humilhada e tive de chorar para desabafar”, diz.

Iolanda Banu Viegas, conselheira das Comunidades Portuguesas em Wrexham, no País de Gales, afirma que seus conterrâneos têm passado por agressões recorrentes desde que ocorreu o referendo. “Só num dia, vi vários casos de pessoas a chegar perto e a gritar: ‘vão-se embora'. São provocações”, diz a portuguesa.