Pontífice celebrou missa para dois milhões de pessoas

O papa Francisco celebrou sua primeira missa campal na Bolívia nesta sexta-feira (9) para mais de dois milhões de pessoas e pediu o fim da exclusão dos pobres da sociedades. Mantendo seu discurso contra a “cultura do descarte”, o Pontífice condenou a “lógica” dos mais poderosos. “Hoje não é necessário excluir ninguém, chega de descartar. A lógica do consumismo busca transformar tudo em objeto de troca, em objetos de consumo, tudo negociável. Uma lógica que pretende deixar espaço para poucos, descartando todos aqueles que não produzem, que não se considera aptos ou dignos porque, aparentemente, não geram resultados”, destacou na homilia.

Após a eucaristia, que teve mais de 600 mil hóstias produzidas, Jorge Mario Bergoglio, voltou a pedir que os cristãos “rezem por ele” e agradeceu a participação de todos no momento de reflexão.

Em diversos momentos, a celebração contou com orações e textos lidos em idiomas dos indígenas do país.

Entre as autoridades convidadas para a missa, estava o presidente da Bolívia, Evo Morales – que mais cedo havia presenteado o Sumo Sacerdote com uma imagem de Cristo crucificado em um martelo e uma foice, que seria uma reprodução de um objeto criado pelo jesuíta espanhol Espinal. Ele foi assassinado em 1980 por paramilitares que se opunham às suas lutas sociais.

Ao receber o presente, o Papa olhou fixamente para Morales. Segundo o chefe do cerimonial do Papa, Francisco disse para o presidente boliviano que “isso não está bem”.

O presente de Evo Morales causou polêmica nas redes sociais. De um lado há alguns internautas consideraram o gesto uma blasfêmia e desrespeito devido às perseguições feitas por cristãos a comunistas. Já outros acharam pertinente pela homenagem prestada a Espinal, que lutou pela igualdade.

 

Bolívia x Chile

Ontem (8), ao visitar a Catedral de La Paz, o papa Francisco mencionou o conflito entre a Bolívia e o Chile – que disputam a saída para Oceano Pacífico.

De acordo com a imprensa boliviana, Bergoglio afirmou que “o desenvolvimento da diplomacia com os países vizinhos deve evitar os conflitos entre os povos irmãos e contribuir para o diálogo franco e aberto sobre os problemas”. O Pontífice teria afirmado ainda que “estou pensando aqui no mar, o diálogo é indispensável”. Ainda hoje, o sucessor de Bento XVI terá um encontro com sacerdotes e religiosos bolivianos na escola Dom Bosco e participará do III Encontro Mundial dos Movimentos Populares. O líder dos católicos ficará em território boliviano até amanhã (10).