Nascido na Polônia, ele saiu de campo de concentração aos 16 anos

O advogado e escritor americano Samuel Pisar, um dos sobreviventes mais jovens e famosos dos campos de extermínio nazistas, morreu na segunda-feira (27) em Nova York aos 86 anos, segundo o Conselho Representativo das Instituições Judaicas da França (CRIF).

“Era um dos poucos sobreviventes muito conhecidos, junto ao (escritor) Elie Wiesel e (à política francesa Simone Veil”, declarou nesta terça-feira à AFP o presidente do CRIF, Roger Cukierman, que disse ter perdido um amigo.

Nascido em Bialystok, na Polônia, em 18 de março de 1929, foi deportado ao campo de Majdanek, depois a Auschwitz e a Dachau, de onde foi libertado com 16 anos. Pisar contou sua experiência nos campos nazistas em suas memórias intituladas “O sangue da esperança”.

Universitário, advogado internacional e escritor, Samuel Pisar também foi na década de 1960 conselheiro do presidente dos Estados Unidos John Fitzgerlad Kennedy para o comércio internacional.

Cidadão americano, era muito conhecido na França, onde viveu várias vezes e foi condecorado com a Legião de Honra, a distinção honorífica de mais prestígio.

O ex-presidente francês Jacques Chirac citou sua contribuição à memória do genocídio judeu durante um famoso discurso em 1995, onde reconheceu a responsabilidade do Estado francês na deportação dos judeus da França. Chirac apontou na época a necessidade de que a França o lembre “para que o sangue do Holocausto se converta, segundo a palavra de Samuel Pisar, no ‘sangue da esperança’”.

Em um comunicado, o presidente francês François Hollande elogiou “um homem de destino excepcional que atravessou as tragédias do século passado com valentia e com uma sede única de viver e de fazer o mundo avançar”.

Embaixador da Unesco para o ensino do Holocausto e dos genocídios, “Samuel Pisar se dedicou à obrigação imperiosa de transmitir o que viveu e dedicou sua trajetória fora do comum àquelas e àqueles que viveram o horror dos campos nazistas”, disse Hollande.