Em comunicado, instituição decidiu manter empréstimos de emergência

O BCE (Banco Central Europeu) anunciou neste domingo (28) que vai manter os empréstimos de emergência acordados aos bancos gregos em seu nível atual, mas, o BCE não parece disposto a desviar-se de suas regras, quer dizer, a financiar a economia grega além da expiração do plano de ajuda em curso, na terça-feira (30).

“Considerando as circunstâncias, o Conselho do BCE decidiu manter o nível de fornecimento de liquidez urgente dos bancos gregos decidido na sexta-feira”, afirmou a instituição em comunicado.

No entanto, está “disposto a reconsiderar sua decisão” a qualquer momento, acrescenta o texto.

Segundo informações divulgadas na Grécia, o teto desses empréstimos de emergência, que socorrem os bancos gregos e toda a economia do país, se aproximou aos 90 bilhões de euros nas últimas semanas.

O Conselho, cujos 25 membros se reuniram de urgência durante a manhã após o fracasso das negociações entre a Grécia e seus credores, no sábado, “examina com atenção à situação e suas potenciais implicações para sua política monetária”, precisa o comunicado.

“(O BCE) está determinado a utilizar todos os instrumentos à sua disposição permitidos por seu mandato”, acrescenta.

O presidente do Banco Central da Grécia, Yanis Stournaras, prometeu fazer o que for possível para “garantir a estabilidade financeira” de seu país e evitar a quebra da economia grega, segundo anunciou o BCE.

“O Banco da Grécia, como membro do Eurosistema, vai tomar todas as medidas necessárias para assegurar a estabilidade financeira dos cidadãos gregos nessas circunstâncias difíceis”, afirmou Stournaras, citado no comunicado do BCE difundido após a reunião de governadores da instituição.

 

Bancos e caixas eletrônicos

O governo grego vai avaliar neste domingo a adoção de controles de capital e o fechamento dos bancos do país na segunda-feira, afirmou o ministro das Finanças da Grécia, Yanis Varoufakis, à BBC Radio. Em uma entrevista, Varoufakis disse que seu governo vai pesar ambas as decisões durante a noite, informou no Twitter Nick Sutton, editor do programa The World This Weekend, da BBC Radio 4.

Mais de um terço dos caixas eletrônicos da Grécia ficaram desabastecidos no sábado (27) depois que os gregos sacaram dinheiro temendo que o país saia da zona do euro, disseram três fontes do setor bancário à Reuters.

Gregos fizeram filas do lado de fora dos caixas eletrônicos depois que o primeiro-ministro Alexis Tsipras convocou um referendo surpresa para discutir as propostas de austeridade exigidas pelos credores, colocando a Grécia à beira do calote.

Cerca de 35% da rede de caixas eletrônicos – dois mil de um total de 5.500 equipamentos em todo o país – ficaram sem notas de euro em determinado momento do dia e depois foram reabastecidos, disseram as fontes.

 

Saques

Cerca de 600 milhões de euros foram sacados do sistema bancário grego no sábado, disse à Reuters uma fonte sênior de um dos quatro grandes bancos da Grécia. Uma segunda fonte afirmou que o fluxo de retirada de dinheiro foi de mais de 500 milhões de euros.

Embora isso seja menos do que os cerca de 1 bilhão de euros sacados em alguns dias das últimas duas semanas, a cifra desta vez foi quase que exclusivamente relativa a saques em caixas eletrônicos, onde o limite diário de retirada de dinheiro é de 600 a 700 euros, afirmaram pessoas da rede bancária.

 

FMI

A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, disse neste domingo estar decepcionada com o resultado inconclusivo das negociações com a Grécia, que está à beira de um calote de sua dívida com o FMI.

Ao mesmo tempo, Lagarde afirmou que ainda está disposta a continuar as negociações com o governo grego na esperança de que o país possa fazer “reformas estruturais e fiscais adequadas”, suportadas por “medidas de financiamento e de sustentabilidade da dívida”.

“Eu continuo acreditando que uma abordagem equilibrada é necessária para ajudar a restaurar a estabilidade econômica e o crescimento na Grécia”, disse ela.

 

Referendo

Parlamentares gregos autorizaram o referendo proposto pelo primeiro-ministro, Alexis Tsipras, sobre o resgate do país, deixando a Grécia no caminho de realizar em 5 de julho um plebiscito que irritou os credores internacionais e aumentou as chances de a Grécia sair da zona do euro.

O governo conseguiu facilmente a marca de 151 votos necessários para autorizar o referendo, ainda que os partidos de oposição Nova Democracia, Pasok e To Potami e o comunista KKE tenham votado contra.

Os gregos vão votar se aceitam ou rejeitam os mais recentes termos oferecidos pelos credores a Atenas para desbloquear bilhões de euros em fundos de resgate.