Autor faz Mariana Ximenes gravar finais alternativos à toa e joga cenas no lixo de novo: ‘tenho no meu celular’
Daniel Ortiz convocou a atriz para rodar “Haja Coração” e “Salve-se Quem Puder”, mas no final, as cenas não foram ao ar nas duas ocasiões
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Fazendo a festa com finais alternativos, o autor de novelas da Globo, Daniel Ortiz, pode ter acabado com o “filme queimado” após essa brincadeira. Isso porque, no ano passado, quando Silvio de Abreu ainda era o diretor de dramaturgia da emissora, Daniel teve direito a fazer coisas “inimagináveis” em suas novelas.
Sempre com o aval de Silvio, de quem era pupilo e muito querido, Ortiz teve carta branca para gravar um novo desfecho para a reprise de seu folhetim “Haja Coração”, que estava tapando o buraco da faixa das 19 horas, enquanto a novela “Salve-se Quem Puder”, também de sua autoria, estava sendo gravada para voltar este ano.
O escritor preparou diversos finais alternativos para “Salve-se Quem Puder”, redigiu várias cenas secretas e afirmou que só se decidiria pelo final ao sentir a recepção do público com a história. Gravar finais alternativos não é uma prática muito comum na Globo, porque custa muito caro, leva tempo e desperdiça o trabalho de toda a equipe, já que um ou outros finais sempre acabam descartados quando se faz mais de um.
No embalo da empolgação ao rodar muitas possíveis sequências para a novela inédita, com o aval de Silvio de Abreu, Ortiz também quis mudar o final de “Haja Coração”, que estava em reprise. E em decisão absurda e inédita, Abreu deu carta branca ao “queridinho”, que convocou Mariana Ximenes para fazer um novo fim à personagem Tancinha, desta vez ficando com Beto (João Baldasserini) e não com Apolo (Malvino Salvador), como na exibição original, em 2016.
Ortiz aproveitou a equipe de “Salve-se Quem Puder” e usou Mariana tanto para ela, quanto para “Haja Coração”. No meio da pandemia, em dezembro, a atriz gravou o novo desfecho para a reprise e também fez uma participação em um dos inúmeros finais alternativos de “Salve-se Quem Puder”, em que seria ela mesma, ficando com o diretor de novelas Téo (Felipe Simas).
Ou seja, o autor fez a intérprete entrar novamente na personagem Tancinha à toa, quatro anos depois do fim. Ela precisou decorar textos, fazer toda uma preparação com figurino, maquiagem, postura, encontrar o tom e o entrosamento com o parceiro João Baldasserini, que também teve o mesmo trabalho. Toda a equipe foi colocada em risco ao gravar, desnecessariamente, na praia, cenas durante a pandemia para mudar a conclusão de uma reprise.
No final das contas, a chefia do setor de dramaturgia da Globo foi reformulada ainda em 2020 e quando, em 2021, o último capítulo de “Haja Coração” se aproximou, a nova gestão não permitiu a alteração do final, jogando as cenas todas no lixo. Agora, com o custo a mais de tempo e dinheiro, tendo gravado muitas sequências alternativas, cenas de “Salve-se Quem Puder” também tiveram o mesmo destino.
“Tenho no meu celular”
Quer dizer, talvez não seja o lixo o destino, mas sim o celular de Daniel Ortiz. Em live na última quinta-feira (15), ele revelou ter todos esses momentos secretos em seu celular.
“Tenho todas no meu celular, tá tudo aqui, depois eu te mostro”, disse Ortiz à Vitória Strada, a Kyra de “Salve-se Quem Puder”. Imediatamente, as três protagonistas começaram a pedir: “Daniel, me manda, por favor, eu quero ver. Por favor, me manda”. Ele respondeu: “Não. Quando você vier aqui eu te mostro”.
Desse modo, o autor faria esses finais e mobilizaria toda a Globo para simplesmente guardar tudo no celular e ter para ele? A vontade de Ortiz era que os finais alternativos de “Salve-se Quem Puder” fossem disponibilizados no Globoplay. Até então, a chefia parece não ter concordado com a ideia e ainda não permitiu a divulgação das cenas, que devem acabar indo para o lixo, assim como a de “Haja Coração”.
Obcecado por criar muitos desfechos possíveis, isso só foi possível porque o chefe era alguém muito próximo e permitiu. A nova gestão parece não aprovar esse modelo desenfreado de possibilidades, que geram muitos custos desnecessários e desperdícios incontáveis. Ao perder tempo e energia gravando tantas cenas que não foram ao ar, a direção acabou não conseguindo gravar outras sequências consideradas importantes para a conclusão da trama.
Faltou tempo… o tempo das gravações alternativas poderia ter sido direcionado à filmagens inéditas de outros núcleos que não puderam se encerrar com decência. A brincadeira de Ortiz desgastou e usou Mariana Ximenes duas vezes nem necessidade, para os momentos que ela gravou nunca serem exibidos.
Além disso, o gasto para rodar cada cena que não vai ar também pode ter “queimado” o ator, por fazer o dinheiro da emissora ir pelo ralo, à toa, em meio à crise.
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