Mato Grosso do Sul é a terra natal de muitos artistas e duplas sertanejas e pode ser considerado o celeiro do gênero musical. Em Campo Grande, o produtor musical Flávio Guedes se destaca neste universo o que ajuda a reforçar este rótulo. Responsável por dar visibilidade a alguns sucessos atuais, ele começou há muito tempo como músico.
“Toco há 17 anos, nessa época o mercado não era tão grande, era bem limitado. Naquela época havia apenas umas 10 duplas que se destacavam, mas dessas 10, apenas duas faziam show para manter equipe, que eram Thulio & Thiago e João Bosco & Vinicius. E o Tradição que já era sucesso”, contou ele em entrevista ao MidiaMAIS em seu estúdio sobre o sertanejo regional. Outros artistas contratavam profissionais de forma temporária.
Hoje com 32 anos, Flávio vive de música desde os 15. Antes de tocar para duplas sertanejas, ele tocava em bares nas noites campo-grandenses e conta como a vida de músico era difícil. “Na época que comecei era complicado, ou tocava em dois lugares ou não tocava. Hoje já é possível viver de tocar na Valley, por exemplo”, relata.
Ele continua contando que alguns anos mais tarde, entre 2008 a 2009, surgiram artistas locais como Maria Cecília & Rodolfo, Munhoz & Mariano e Jads & Jadson. “Quando eles estouraram, começou a ter mais trabalho e começaram a aparecer mais músicos”, relembra e, por coincidência ou não, os profissionais da área passaram a ser mais respeitados e a demanda passou a aumentar não só para músicos, como também para técnicos de iluminação e som, por exemplo.
Muitas duplas surgiram em seguida, “porque viram que era possível gravar uma música e estourar”, porém apenas dois estúdios funcionavam em Campo Grande, o que encarecia o trabalho e muitos não tinham condição de pagar o que era cobrado. Segundo Flávio, com este panorama muitos home studios foram montados. Nessa esteira despontaram João Lucas & Walter Filho, Rui Neto & Manutti e outros vários artistas.
A carreira de produtor
Foi neste cenário que Flávio Guedes, que já produzia músicas do mundo gospel, começou a produzir Jads & Jadson. Desde 2008 ele era o baterista da dupla. Até que, em 2013, a canção “Jeito Carinhoso” explodiu em todo o Brasil e seu trabalho ganhou visibilidade no cenário nacional. Em 2014, “Ressentimento” repetiu o sucesso.
“Aí, os empresários da dupla Bruno & Barreto me ligaram pedindo para eu produzir. Comecei com eles em março e em maio a dupla já estava estourando”, conta sobre a dupla do Paraná que veio gravar em Campo Grande. “Depois de 6 meses gravamos o DVD, aí realmente começou a mudar muito pra mim”, relata.
O sucesso com uma segunda dupla sertaneja causou um efeito em Flávio. “Quando Bruno e Barreto estouraram eu comecei a ter mais confiança e pensei ‘tem algo em mim que ajuda as pessoas’ porque não era mais só uma dupla. Foi impressionante”, declara. Depois disso, diversos outros artistas entraram em contato.
Dedicação
Depois de tocar bateria para Jads & Jadson por 7 anos, o músico parou de fazer shows. “Parei de viajar nessa época, não tinha condição de produzir e viajar. Hoje gravo aqui e produzo os DVDs”, fala.
O estúdio Alta Frequência é um dos resultados de toda a trajetória. “Em 2015 trabalhei muito, juntei dinheiro e construi esse estúdio, do zero, comprei terreno e fui construindo”. Com muito estilo, a estrutura é comparável aos grandes centros.
“O estúdio tem fotógrafo, videomaker, o artista grava e já sai com foto, vídeo, o que antigamente não tinha. É uma evolução do mercado”, opina Flávio. Além destas facilidades, o local também conta com área para churrasco, ofurô e até suíte para os artistas relaxarem e descansarem
Pelos arranjos e mixagens de Flávio, diversos sucessos foram revelados ou impulsionados. Além das duplas já citadas, ele também produziu Conrado & Aleksandro, Manutti e a revelação Enzo & Thiago, apenas para citar alguns. Ele foi responsável também pela gravação do DVD das irmãs Patrícia & Adriana.
A respeito do sucesso alcançado pelos artistas que passaram por seu estúdio, ele diz que apenas foi um colaborador. “Eu fiz a minha parte, a dupla fez outra, o empresário outra, o dinheiro outra. É um conjunto”, finaliza.
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