Brô MCs traz rap de denúncias carregado de propriedade ao Fasp
Propriedade! É o que define a música do Brô MCs, primeiro grupo indígena de rap que leva as denúncias e questões dos povos para o Brasil e para o mundo através da música. Autoridade! Dá o tom das letras cheias da realidade dos povos indígenas. Apesar dos 10 anos de carreira e de terem recentemente […]
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Propriedade! É o que define a música do Brô MCs, primeiro grupo indígena de rap que leva as denúncias e questões dos povos para o Brasil e para o mundo através da música. Autoridade! Dá o tom das letras cheias da realidade dos povos indígenas.
Apesar dos 10 anos de carreira e de terem recentemente voltado de uma turnê na Alemanha, o palco do 14º Festival América do Sul Pantanal deu lugar à primeira grande apresentação do Brô MCs em seu Estado natal. Para o grupo de Dourados, foi um grande feito e a emoção regeu a fala dos integrantes após o show.
“Foi mais uma conquista, acredito que a gente sumiu mais um degrau”, explica Bruno Veron, um dos integrantes do grupo. Enquanto fala, é possível perceber a honra e a emoção ao “representar o povo Guarani Kaiowá”. E faz a ressalva “não só nosso povo, mas como o povo de várias etnias existente no Brasil. É um festival grande, a gente nunca pensou em tocar num festival grande assim”, declara Bruno com lágrimas nos olhos.
Mas a emoção não foi somente dos artistas. Quem assistiu vibrou a cada verso, sendo em Guarani ou em Português.
Durante a execução das canções, o público reagia às denúncias. O público recebia com entusiasmo e palmas os versos de enfrentamento às ameaças e desmandos dos fazendeiros. Nunca a discriminação e a indiferença das quais os indígenas são alvo tocaram tão fundo em espectadores.
Carreira do Brô MCs
Bruno conta que a passagem pela Alemanha “levou um pouco da realidade pra lá, pra mostrar como o indígena é visto no Brasil. Foi uma experiência bem interessante, logo de cara eles gostaram do rap; o que a gente não via no Brasil, viu lá. Somos mais valorizados lá fora”, conta.
Após serem inspirados por um programa de rádio em Dourados, os amigos iniciaram os próprios raps há 10 anos. De início os próprios indígenas relutaram em aceitar o estilo da música, mas após apresentarem as faixas para as lideranças e caciques mais antigos, obtiveram apoio.
“Quando eles viram que as letras falavam da nossa realidade, eles nos apoiaram. Agora até crianças e jovens nos apoiam”, relata Bruno.
Segundo ele, após a trajetória, outros grupos de rap surgiram, na própria comunidade e em outros estados do Brasil.
A visibilidade do Brô MCs é incipiente e eles reconhecem tal notoriedade, mas o que declaradamente os motiva a continuar levar a mensagem e a causa indígena.
O 14º Festival da América do Sul Pantanal começou nesta quinta-feira (24) e segue até o próximo domingo (27), com programação em Corumbá, Ladário, e nas cidades bolivianas Puerto Quijarro e Puerto Suarez.
A repórter Tatiana Marin cobre o Fasp 2018 a convite da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul.
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