Dos quase € 1 bilhão (R$ 4,4 bilhões) levantados para a reconstrução da catedral de Notre Dame após incêndio sofrido na última segunda-feira (15), € 20 milhões (R$88 milhões) foram doados por uma brasileira. Lily Safra, viúva do banqueiro Edmond Safra e dona de uma fortuna estimada em US$ 1,3 bilhão (R$ 5,1 bilhões), se juntou a grandes nomes como Bernard Arnault, do LVMH, e François-Henri Pinault, do Kering.

Nascida Lily Watkins, de família modesta, Lily Safra adquiriu, depois de três casamentos, uma considerável fortuna, que faz dela a 620.ª pessoa mais rica do mundo, segundo a Forbes em 2005. A brasileira revelou-se uma grande investidora em imóveis, enchendo suas casas e apartamentos luxuosos em Nova York, Londres, Paris, Monte Carlo, Genebra e na Riviera Francesa de obras de arte.

Apesar das promessas de doações, os franceses desconfiam dessa grande generosidade mundial, já que grande parte das quantias prometidas não foi entregue pelos doadores. Na França esse tipo de gesto da parte de grandes empresários geralmente acaba tendo desdobramentos que no fim das contas sobram para os contribuintes de lá.

Um exemplo disso é a construção da Fundação Louis Vuitton, bancada por Arnault: dos quase € 800 milhões (R$ 3,52 bilhões) que a obra inaugurada em 2014 consumiu, mais de € 600 milhões (R$ 2,64 bilhões) foram levantados via incentivos fiscais federais, de acordo com o grupo francês anticorrupção FRICC.

Já no caso da brasileira, que hoje em dia se divide entre as casas que tem em Mônaco, Londres, Nova York e na própria capital francesa, o dinheiro saiu do próprio bolso. A socialite apelidada de “Lily Dourada” pela jornalista canadense Isabel Vincent, em razão da aura de riqueza que a consagrou, é bastante querida na França, onde já recebeu até uma Légion d’Honneur, e tem ainda uma sala batizada em homenagem a ela e seu falecido marido no Museu do Louvre. A Galerie Edmond et Lily Safra, que é inteiramente decorada com mobiliário do século 18, tudo doado pelos dois.