Bocaiúva, pequi, cumbarú ou barú, jatobá e outros frutos do cerrado e do pantanal estão virando ingredientes de bolos, doces, geleias, tortas e muitas outras receitas. Além de trazer ingredientes nutritivos para a alimentação, o uso destes alimentos colabora com a economia e o desenvolvimentos de comunidades da região.

O projeto Sabores do Cerrado e Pantanal é o resultado de um trabalho de mais de 10 anos liderado pela professora doutora da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) Ieda Maria Bortolotto, que visa resgatar os conhecimentos sobre as espécies nativas e fomentar o aproveitamento dos seus frutos.
Ieda conta que a UFMS já contava com diversos resultados de estudos e pesquisas sobre a composição das espécies nativas do cerrado e do pantanal e do valor nutricional de seus frutos e como esse conhecimento foi levado às comunidades. “Motivados por um edital do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), fizemos um projeto de extensão com o objetivo de levar as informações que tínhamos para as comunidades, ao mesmo tempo incentivando que continuassem aproveitando aquilo, para que não se perdessem (o conhecimento), e resgatando o que estava em processo de perda”, explica.

Depois de mais de 10 anos fomentando o aproveitamento e beneficiamento dos frutos, hoje já existem farinhas de alguns deles à venda que podem ser adicionadas à receitas de bolos, tortas, biscoitos, pães e mingaus, ou até consumida pura.
Além do sabor exótico, as farinhas enriquecem nutricionalmente as receitas. A farinha de jatobá, por exemplo, tem três vezes mais cálcio que o leite e é rica em fibras. A de bocaiúva contém vitamina A, sais minerais, carotenóides, cálcio, potássio e os ômegas 3, 6 e 9. Pelo seu sabor adocicado, a fruta é sinônimo de diversidade na elaboração de receitas.
Alguns dos ingredientes feitos a partir dos frutos de espécies nativas podem ser encontrados na Central de Comercialização de Economia Solidária, que fica na rua Marechal Cândido Mariano Rondon, 1500, no Mercadão Municipal ou na Feira Indígena.
Espalhando conhecimento
Na tarde desta quinta-feira (20) o projeto Sabores do Cerrado e Pantanal difundiu um pouco do conhecimento acumulado no Cozinha Experimental do Comper Jardim dos Estados. Em uma ação encabeçada pela Planurb (Agência Municipal de Meio Ambiente e Planejamento Urbano), cerca de 40 pessoas ouviram uma palestra da professora Ieda e aprenderam sobre os benefícios e usos dos frutos do cerrado e do pantanal com Juliana Oliveira Biazon, uma das pesquisadoras do projeto.

Após a explanação das duas, houve uma aula show e degustação de bolo de bocaiúva, biscoito doce de jatobá, palitinho salgado de pequi e torta de jatobá com frango. Os espectadores ficaram surpresos com o sabor dos pratos. A bibliotecária Lúcia Regina Vianna, de 60 anos foi uma delas. “São frutas que nem sempre são valorizadas, são encontradas em campos e terrenos. É surpreendente como conseguem fazer pratos elaborados e saborosos com elas”, comentou.
A iniciativa da Planurb faz parte do projeto Diálogos, que em cada estação leva um tema diferente a um público específico. Esta edição, intitulada Diálogo da Primavera, visa mostrar como as espécies nativas podem ser uma fonte de recurso para a alimentação. De acordo com Rodrigo Giansante, diretor de planejamento ambiental da Planurb, o objetivo é “tornar conhecido que esses frutos podem ser usados na gastronomia, além de incentivar o plantio, que traz os benefícios da arborização urbana, mas podemos tirar proveito dos recursos dela”, explica.
Para informações de como preparar as farinhas, receitas e valores nutricionais, entre em contato com a pesquisadora Juliana Oliveira Biazon pelo email [email protected] ou pelo telefone 99917-2991.
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