Sabor da Bahia na Feira Central, acarajé custa apenas R$ 9 e é feito na hora
Baiana ‘legítima’ está na Feira há um ano
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Baiana ‘legítima’ está na Feira há um ano
Para quem quer variar um pouco o cardápio, a tradicional Feira Central de Campo Grande tornou-se ainda mais cosmopolita: além da culinária japonesa, nordestina e gaúcha, o ‘gostinho’ da Bahia também está por lá, fritinho na hora no dendê e com bastante pimenta, a gosto do cliente – o acarajé. E já faz um tempo, inclusive. Dona Leni Silva, 66, baiana que já mora há 17 anos em Campo Grande, está na Feira há um ano e comemora o sucesso.
“Demorou, mas o campo-grandense se acostumou com a comida baiana. Tanto é que eu vim para a cidade para trabalhar em restaurante, que até fechou, mas eu acabei ficando”, conta a cozinheira, que antes da Feira atuava em eventos que surgiam ao longo do ano. O resto da família, no entanto, voltou para a terra natal. “Eles não se adaptaram. Culturalmente aqui é diferente, mas vêm sempre me visitar”, revela, enquanto imerge os bolinhos do acarajé no dendê.
Para poder dar conta do negócio, Leni conta que começa logo cedo o ritual de cozinhar, que vai desde descascar o feijão fradinho – ingrediente principal do bolinho – a separar o camarão. “Depois dou uma descansadinha e já vou embrulhar tudo para a Feira”. Lá, ela frita o acarajé na hora, bem na frente do cliente.
Leni conta que não tem muito do que reclamar em relação ao movimento em seu ponto, localizado num espaço bem nobre da Feira Central, cedido pela amiga, proprietária de uma barraca com quem tem parceria. “Não é como na Bahia, né? Mas, o movimento é bom aqui. É bom que varia um pouco as opções e traz mais um ‘pedacinho’ do Brasil para a Feira, né?”.
No cardápio, há duas opções da iguaria baiana: o bolinho individual, a R$ 9, e um ‘kit’ com seis peças menores a R$ 23 – todas feitas e montadas na hora, com direito a recheio de camarão, vatapá, caruru, vinagrete e, claro, a pimenta. “Campo-grandense é meio fechado, né? Mas é gente boa. Aprendeu a gostar do acarajé. Eu sempre informo que vai pimenta, caso seja a primeira vez, mas eles já sabem e fazem questão. Até porque acarajé sem pimenta fica meio sem graça, né?”, conclui.
Iguaria baiana
Para quem ainda nunca provou, vai aí um pouquinho de história: um dos pratos mais tradicionais da Bahia e que ganhou o Brasil, o acarajé tem raízes africanas. Até o nome vem do idioma iorubá (acara significa ‘bola de fogo’ e jé é ‘comer’), falado pelas pessoas escravizados que foram trazidas para o Brasil no período colonial, e que trouxeram com eles uma infinidade de elementos culturais, desde a língua à religião, que mais tarde se ‘misturaria’ com o catolicismo. O acarajé, no caso, é ‘comida de Xangô’, ou seja, sua origem data da preparação de pratos como oferenda em rituais religiosos voltados a esse orixá. Como no Brasil a culinária costuma transcender qualquer ritual, tornou-se um dos pratos nacionais mais apreciados.
Ah, a barraca do acarajé na Feira Central funciona de quarta à sábado, a partir das 18h, enquanto durarem os ingredientes.
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