Na Capital, vários estabelecimentos oferecem a comida ‘gourmet’

Felizmente, Campo Grande é uma cidade que agrega diversos tipos de restaurantes e estabelecimentos voltados para a alimentação. Do sushi, passando pela churrascaria, pelas massas e pela comida de todos os dias, as opções são muitas. O termo “gourmet”, inicialmente, designava um estilo de culinária mais elaborado, que envolve técnicas mais complicadas e que atende às exigências de um consumidor com mais poder aquisitivo (ou “gosto mais apurado”). Mas o conceito acabou caindo tão na moda que muita gente passou a aplicá-lo em um produto sem essas exigências (técnicas e de elaboração, ou do próprio valor dos insumos), cobrando muito mais do que o normal para aquele prato. 

“Eu fujo dos ‘gourmets’ quando busco um lugar para comer com a minha família, e isso não quer dizer que eu ache o preço elevado de uma comida ruim”, explica o empresário Armando de Assis, 42. Apaixonado por vinhos, e acostumado a harmonizar comida e bebida com objetivo de ter uma “experiência” gastronômica e pessoal, ele diz que é preciso analisar bem o custo-benefício de um alimento antes de aderir à moda gourmet. “A ‘coxinha gourmetizada’, por exemplo, é a coisa mais boba que existe. Coxinha feita com coisas caras não é coxinha, que leva esses ingredientes simples que todo mundo consome em casa. Acho que as pessoas querem tanto encarecer um produto que optam por essa valorização exagerada”, opina. 

As coxinhas não foram as únicas que ganharam uma roupagem de “sofisticação”. Hamburguer, cachorro quente, bolo, pipoca. Muita comida simples e muitas vezes “de rua” passou a ter sua versão mais cara, com alguns ingredientes antes não imaginados. E o preço pode triplicar, em algumas ocasiões. 

 

Nem a coxinha simples escapou de ser 'gourmetizada' / Foto: Brasil a Gosto/Divulgação

 

O termo “gourmetização” surgiu quando a Internet notou que havia gente cobrando caro por uma comida que antes era considerada simples. De repente, as praças de alimentação estavam tomadas por produtos originalmente comuns (como por exemplo, o brigadeiro), que ganhavam um ou outro ingrediente mais caro, e virava “gourmet”. Mas será que isso é positivo para os consumidores? “Se as pessoas definem gourmet como uma coisa mais elaborada, mais cara e feita por um chef, acredito que seja gourmet sim e acredito no uso do termo”, esclarece o personal chef Marcílio Galeano. 

Após ter passado por algumas cozinhas da Capital, hoje ele trabalha de forma independente, e acredita que o “gourmet” nada mais é do que também uma forma de vender aquela comida. “A pessoa coloca um ingrediente diferente, floreia um prato ou alimento. Quem está ali no dia a dia da cozinha não vê problema por saber como funciona o custo do produto. Já ouvi reclamações aqui de que tem foodtruck vendendo um pão com filé a R$ 18. Mas temos que ver a questão da mão de obra, da energia, água para produzir aquilo”, defende. 

Moda do brigadeiro 'gourmet' pegou força em 2013 / Foto: Panelinha/Divulgação

 

Foodtrucks seguem a ‘onda’

Hoje Campo Grande tem apenas um foodpark, local onde as pessoas têm a oportunidade de consumir produtos de vários países e conceitos através dos foodtrucks, o MangaPark Quintal Gastronômico. Por lá um prato dificilmente custa menos de R$ 15, e as opções variam de sabores étnicos, comida árabe, risoto italiano, e até mesmo uma lasanha que promete uma massa mais fresca e com produtos superiores entre outras opções. “O food truck não é um carrinho de lanches, onde você sabe que a comida só vai até um certo nível por ser esse o estilo mesmo, comida rápida e não tão elaborada. No food truck a proposta é diferente”, opina a analista de sistemas Andréa Diniz, 29. 

Mas há quem ache o preço de alguns trucks abusivos. “Claro que existe um conceito de uma experiência ‘gourmet’, mas muitas vezes compensa procurar outro tipo de refeição. Alguns trucks têm um preço legal, outros abusam e cobram muito caro por comida em pequena quantidade. Pode até ser deliciosa, mas a quantidade deixa a desejar no quesito do preço”, analisa a estudante Carolina Fonseca, 22. “Gourmetizados” ou não, os trucks parecem ter vindo para ficar, assim como o conceito.