Filme estreou nos cinemas na semana passada

 

A primeira foto do elenco do novo filme de “Caça-Fantasmas”, que estreou nos cinemas de Campo Grande na semana passada, começou a provocar polêmica antes mesmo do filme ser lançado. O fato de que quatro mulheres seriam as personagens principais na produção da franquia dos anos de 1980 e 1990, causou alvoroço entre homens “indignados” com a questão, mostrando que o machismo no cinema é real e persegue as mulheres o tempo todo, e que, se elas são protagonistas, alguém sempre sente-se incomodado. 

Filme é também sobre representatividade  Foto: DivulgaçãoO mesmo aconteceu com o longa-metragem “Mad Max: Estrada da Fúria”, de 2015, que inclusive levou seis estatuetas do Oscar. Assim que lançado, começou o “chororô” entre quem achava que, por ter uma personagem central riquíssima em poder e força e um texto extremamente feminista, “Mad Max” estava “traindo a franquia”. Em “Caça-Fantasmas” não foi diferente. Houve a mesma choradeira sobre a questão de pegarem uma franquia clássica para revisitar, o que não se justifica, já que ambos os se permitem ir além da história e criam novos universos e personagens, embora mantenham referências importantes das demais produções. 

Mas não foi o gênero das mulheres que determinou ou não a qualidade do filme. É claro que o fato de serem mulheres trouxe o que o filme tem de mais importante: representatividade. E o “fan service” (em tradução livre um “serviço” aos fãs, com referências aos dois primeiros filmes, considerados “clássicos” da aventura e comédia), também está presente. O que falta em “Caça-Fantasmas” é uma leve melhoria de roteiro e andamento, embora o filme seja uma excelente opção para uma tarde alegre regada à pipoca. 

O enredo

Na história, Erin Gilbert (Kristen Wiig) é uma doutora e cientista que busca uma cátedra na universidade em que trabalha. Porém, descobre que seu livro sobre paranormalidade e fenômenos sobrenaturais, escrito há anos em parceria com a também cientista Abby Yates (Melissa McCarthy) está sendo vendido por aí. Temendo se prejudicar no meio acadêmico, ela pede que o livro seja tirado de circulação. Porém, as duas junto com a engenheira Holtzmann (Kate McKinnon) acabam vendo um fantasma de verdade. Após um susto com uma aparição aterrorizante no metrô, a ótima Patty (Leslie Jones), acaba se unindo a elas. O quarteto está formado. Os fenômenos começam a explodir por toda Nova York e elas se juntam para combatê-los quando algo mais sinistro parece a solta. 

 

Efeitos especiais do filme são muito bons / Foto: Divulgação

 

Novo 'Caça-Fantasmas' traz representatividade aos blockbusters e ótimos efeitosA amizade entre as quatro personagens é o que há de mais bacana em todo o filme. Elas são cientistas e mesmo Patty, uma mulher “das ruas” tem seu próprio arco narrativo já que ela pode não conhecer mais sobre ciência, mas sabe conversar com as pessoas e também é uma combatente e tanto. A questão é que “Caça-Fantasmas” não somente presta uma homenagem singela e interessante aos filmes e seu legado, mas também traz um pouco mais de representatividade para os blockbusters do cinema. E isso nunca é demais. 

A questão fica até metafísica, quando as personagens, no filme, jogam um vídeo de um fantasma no Youtube e recebem comentários como “mulheres não podem caçar fantasmas”. A crítica é mordaz mas condiz com a realidade. O mesmo aconteceu com o trailer do filme, que foi considerado o trailer mais negativado de toda a história do site. 

Qualidade técnica

No que tange à qualidade gráfica do filme, os fantasmas são um show à parte. Duas homenagens são prestadas à fantasmas dos outros filmes, como o Geleia, o fantasma comilão dos outros longas, e aquele monstruoso boneco fantasmagórico, o Stay Puff. Inclusive a cena em que alguns bonecos tomam vida e vão para cima das caça-fantasmas é assustadoramente incrível. A batalha final das caçadoras do paranormal é um show à parte.

Um filme engraçado, gostoso de assistir e com pontos importantes, como mostrar que as mulheres podem sim, caçar uma porção de fantasmas, serem cientistas, e muito mais.