Diretor pernambucano Kleber Mendonça Filho compete com ‘Aquarius’

A disputa pela Palma de Ouro nunca foi algo fácil, mas a 69º edição do Festival de Cannes, que começa nesta quarta-feira (11), tem uma seleção particularmente competitiva de alguns dos melhores cineastas do mundo.

O cartaz oficial do evento, que reproduz uma imagem da Vila Malaparte em Capri, retirada de “O Desprezo” (1963) de Jean-Luc Godard, foi espalhado por toda a Croisette, incluindo uma versão gigante na fachada do Palácio dos Festivais.

A cidade balneária mediterrânea dava os últimos retoques nos preparativos e no dispositivo de segurança, com centenas de policiais. Depois dos atentados de 2015 em Paris, as autoridades citaram um “nível de risco mais elevado que nunca”.

Do irlandês Ken Loach, de quase 80 anos, ao “menino prodígio” canadense Xavier Dolan, de apenas 27 – ambos adorados em Cannes -, a nata da sétima arte mundial se reunirá até 22 de maio para duas semanas do melhor cinema disponível no planeta.

De um total de 1.869 filmes enviados desde o início do ano, o diretor artístico Thierry Frémaux e seus auxiliares selecionaram 21 longas-metragens para a mostra oficial.

O festival começa na quarta-feira à noite com a exibição de “Café Society”, o filme mais recente de Woody Allen, com Kristen Stewart e Jesse Eisenberg, sobre a idade dourada de Hollywood.

A edição de 2016 marca o retorno do Brasil à disputa da Palma de Ouro, com o filme “Aquarius”, segundo longa-metragem do diretor pernambucano Kleber Mendonça Filho, ex-crítico de cinema.
O filme tem como protagonista a atriz Sonia Braga, no papel de uma aposentada que resiste às mudanças a seu redor.

Candidatos insistentes

Alguns diretores já venceram o Oscar e ambicionam a Palma de Ouro, como o iraniano Asghar Farhadi (“A Separação”), que apresenta “The Salesman”, a história de dois atores cuja relação passa por problemas durante a interpretação da peça de Arthur Miller “A Morte do Caixeiro Viajante”.
Outros já venceram a Palma de Ouro duas vezes, caso dos irmãos belgas Luc e Jean-Pierre Dardenne, que sonham com a terceira vitória com “La fille inconnue”, a história de uma jovem médica que tem que lidar com a culpa.

O sentimento de culpa também é o protagonista invisível – a mãe que pensa no que deixou de fazer pela filha – de “Julieta”, de Pedro Almodóvar, quinta tentativa do espanhol de vencer a Palma de Ouro, apesar de o diretor afirmar que pode viver sem a mesma.

O mais assíduo pretendente – 10 tentativas – é o americano Jim Jarmusch, considerado um filho do festival, que o viu conquistar a fama em 1984 com o prêmio Camera D’Or por “Estranhos no Paraíso”. Ele apresenta desta vez “Paterson”, com Adam Driver no papel de um motorista de ônibus poeta.
A Palma de Ouro será definida por um júri presidido pelo australiano George Miller e integrado por outros quatro homens e quatro mulheres.