‘Retirada é um ato de apoio’, diz
Anna Muylaert, diretora de “Que horas ela volta?”, filme escolhido como representante brasileiro para tentar vaga na última edição do Oscar, desistiu de inscrever seu longa mais recente, “Mãe só há uma”, na próxima disputa. Ela diz que a “escolha correta” para esse ano é “Aquarius”, de Kleber Mendonça Filho.
“Este é o ano de ‘Aquarius’, o filme mais forte. Não tem porque entrar nessa disputa”, disse Anna Muylaert ao G1nesta quarta-feira (24). “Todo ano tem um concorrente natural. Como no ano passado era o meu, me inscrevi pois achei correto. Este ano o correto é o ‘Aquarius'”, justificou.
A diretora também diz que a retirada é um ato de apoio a Kleber Mendonça Filho, que encara, segundo ela, uma comissão imparcial na disputa pela indicação brasileira.
Assim como Muylaert, a equipe do filme “Boi Neon”, do diretor Gabriel Mascaro, afirmou nesta quarta-feira que vai abrir mão de tentar a vaga brasileira em apoio a “Aquarius” e contra as escolhas para a comissão.
O prazo para inscrição na seleção termina no dia 31 de agosto.
No Festival de Cannes, a equipe de “Aquarius” fez um protesto contra o impeachment de Dilma Rousseff no tapete vermelho. “Um golpe ocorreu no Brasil”, “Resistiremos” e “Brasil não é mais uma democracia” eram alguns dos cartazes que o cineasta e sua equipe seguravam.
Comissão
O representante brasileiro para tentar uma indicação ao Oscar de melhor filme estrangeiro é escolhido pelo Ministério da Cultura, através da Comissão Especial de Seleção. Na edição passada, apesar de ser o escolhido nacional, “Que horas ela volta?” não chegou a ser um dos cinco indicados finais ao prêmio norte-americano.
Para este ano, um dos nove nomes da comissão é o crítico Marcos Petrucelli. Anna Muylaert diz que “a escolha de Petrucelli foi imparcial, pois ele está se colocando contra um dos filmes mais fortes para este ano [‘Aquarius’]”.
Ela diz que conversou com Gabriel Mascaro antes de retirarem os filmes, e eles fizeram uma carta de apoio a Kleber Mendonça Filho. Eles desistiram de divulgar a carta após o próprio diretor de “Aquarius” escrever artigo para a “Folha de S. Paulo” apontando a entrada de Petrucelli como imparcial. O crítico também escreveu para o jornal refutando a acusação.
Classificação indicativa
“Aquarius” ganhou classificação indicativa de 18 anos para exibição no Brasil pelo Ministério da Justiça. A decisão é justificada pelo fato de o filme mostrar “sexo explícito” e “drogas”, de acordo com a análise do Ministério.
Em sua página no Facebook, Kleber Mendonça Filho ironizou a decisão: “Alguém no Governo fortalecendo o marketing desse filme. Incrível.”
A distribuidora do filme chegou a pedir a revisão, mas o Ministério da Justiça indeferiu o pedido e manteve a decisão de que o filme não é recomendado para menores de 18 anos.