O movimento Legendários em Campo Grande alcançou uma marca significativa: mil homens participaram e a meta em 2025 é atrair o dobro de participantes. Durante quatro dias, a promessa é obter uma experiência espiritual, física e emocional transformadora e, desta forma, se comportar como cristão perante a Jesus Cristo, a família e toda a sociedade. A ousada proposta ganhou destaque nas redes sociais nos últimos dias e virou alvo de polêmicas.
Isso porque diversas pessoas desacreditam que o caráter de um homem possa mudar em tão curto período de tempo. No ‘X’ e no TikTok, bombaram vídeos de críticas, principalmente de mulheres. “Não é mais fácil ir fazer uma terapia ao invés de passar quatro dias na montanha com outros homens e achar que a vida vai mudar?”, diz uma. Outra vai além. “Agora virou moda passar uns dias na montanha para descobrir o óbvio: que você não deve trair sua mulher”.
A reportagem do Jornal Midiamax conversou com o coordenador regional Paulo Fernando Pereira Barbosa, de 38 anos, questionando sobre a crescente, objetivos e polêmicas.
Paulo, que é médico veterinário por formação e trabalha no ramo empresarial atualmente, diz que sempre teve uma caminhada cristã, até que, em 2023, foi convidado por amigos a participar do Legendários.
“Foi o primeiro que teve em Mato Grosso do Sul, o Top Pantanal, organizado pela sede de Dourados. Me apresentaram, inclusive quem já tinha participado, então, decidi conhecer. E, como muitos, me encantei pelo que vivemos nestes quatro dias”, argumentou.
Desde então, Paulo se tornou membro do movimento e passou a servir outros homens nas edições seguintes. “Nesta caminhada, um pequeno grupo de homens, na época sob o comando do Hélder Franco, junto com o pastor Roberval, iniciaram o movimento em Campo Grande e, no ano passado, mais ou menos em junho, o Helder se mudou para os EUA e fui convidado a assumir a coordenação”, explicou.
Legendários tem sedes em três cidades de MS

Conforme Paulo, o Legendários em Mato Grosso do Sul possui representação em Campo Grande, mas também em Dourados e Nova Andradina, região sudeste do Estado. “É um movimento cristão que nasceu na Guatemala, em 2015 e, de lá para cá, se expandiu na América Latina e Central, também no América do Norte, Estados Unidos e Canadá. A gente tem uma contagem e hoje já passa de 100 mil homens. E por aqui estamos expandindo também, promovendo eventos”, disse.
Nestes momentos, conforme o coordenador, os homens são levados para uma região isolada, de mata, e lá iniciam o que chamam de “processo de encontro com Cristo”. “Eles vão lá se encontrar como homens, obviamente, mas sua referência maior é Jesus Cristo. São eventos sem uma data específica para acontecer, que ocorrem conforme a sua demanda, sua possibilidade. Isso porque quase a totalidade dos homens voluntários trabalham e precisamos colocar isso na agenda, conversando com eles”, afirmou.
Questionado sobre mais detalhes do que ocorre internamente, nos quatro dias, Paulo diz que não é possível dizer. “Este sigilo faz parte do programa também, assim como muitos outros programas de imersão: a pessoa não sabe exatamente o que vai acontecer, mas é algo desta forma, um desafio físico, espiritual e emocional. Fazemos uma caminhada e lá os homens passam por momentos de ministrações, em que são confrontados com palavras e, ao final, são recepcionados por sua famílias, em alguma igreja ou algum local público que comporte as famílias”, comentou.
‘Ativou áreas que estavam paradas em minha vida’, opinou Legendário

De acordo com Paulo, ao chegar, cerca de 1,5 mil familiares aguardam os 400 homens, entre 200 participantes e mais 200 voluntários. “Eles são muito confrontados, saem da sua zona de conforto. O homem, muitas vezes, fica em casa assistindo televisão no sofá, no celular, ou até mesmo na igreja, só sentado no banco, e lá tomam a posição de ajudar, de tomar frente, de tomar decisões. E o Legendários trouxe muito isso pra minha vida, de melhorar o meu comportamento como homem cristão, não que eu tivesse um mau comportamento, mas ativou algumas áreas que estivam paradas em minha vida”, disse.
De camiseta laranja, que representa o movimento, Paulo é questionado sobre a paramentação necessária e também o investimento, algo que foi motivo de muitas polêmicas recentemente, já que muitas pessoas disseram que o investimento é alto e que retiros, por exemplo, não deveriam ser cobrados. Segundo o coordenador, no entanto, o valor é justificável tanto pelo transporte, alimentação e outros gastos.
“Eles são orientados a levar mochila, barraca, saco de dormir, manta térmica, além de roupas adequadas e utensílios para preparar o próprio alimento. É o que solicitamos de material e aí tem o investimento. E diante as críticas, o que a gente faz é tentar mostrar o quanto tem sido bom. E tem sim um custo elevado, em torno de R$ 1,7 mil, mas, ontem mesmo, vi uma notícia falando em R$ 80 mil. Isso não existe. O investimento é justificado e também, se olhar a transformação que tem feito, não está custando nada. Mais caro é um divórcio, mais caro é um filho nas drogas, um homem alcoólatra, mais caro é isso aí”, opina Paulo.
‘Preço exorbitante e preconceito’: coordenador responde críticas

Sobre preconceito, no caso de dizerem que o movimento seria só para homens heterossexuais, Paulo faz uma ressalva. “O encontro é para homens, que nasceram homens. Se não é hétero, é homossexual, pode estar participando. Não tem problema, já tivemos participantes. É assim como religião. A igreja não é feita só para cristãos. E tivemos participantes da tem umbanda, espiritismo, de outras religiões, budistas já participaram também, então, não há preconceito de modo algum, nem com religião e nem com opção sexual”, disse.
Para o próximos meses, Paulo fala em buscar o máximo possível de homens alcançados pelo Legendários. “A intenção é que o máximo possível de homens sejam alcançados. O que temos é um movimento, uma ferramenta para aproximar de Cristo e queremos que não levem como uma religião. Temos diversos testemunhos bons, e brinco que as maiores marqueteiras são as esposas, apesar de que qualquer homem, solteiro ou casado, a partir de 18 anos, podem participar”, finalizou.
‘Movimento que só vem para agregar’, afirma participante

O engenheiro civil Rafael Nunes Pinto, de 31 anos, participou do Legendários no ano passado e diz que a experiência foi incrível. “Se eu pudesse falar que todos os homens deveriam fazer isso, acho que é algo que só ajuda. Você melhora tudo, no meu caso com a minha esposa, minha equipe. Tenho uma construtora, então, com equipe, clientes, lidar com os desafios e resgatar a hombridade, porque a gente vê isso pra trás. Um exemplo simples, coisa besta, hoje moro em um sobrado e se minha esposa pedir um copo de água, vou buscar. E o Legendários vê tudo isso”, comentou.
Rafael disse que também é um momento em que vários homens desabafam sobre suas vidas e vão para um nível mais profundo de “amor, honra e unidade” com as pessoas. “E, após sair dali, a gente vê o quanto a sociedade precisa de homens fortes, que respeitam as suas mulheres, que cuidam da sua família, sua casa, então, é um movimento que só vem para agregar. Na bíblia dizemos que se conhece a árvore pelo fruto e no Legendário a gente vê isso”, opinou.
Confira a entrevista com o coordenador do Legendários: