Se você não saiu do planeta Terra nas últimas semanas, é muito difícil que tenha passado incólume pela coqueluche do momento: bebês reborn, bonecas hiper-realistas que imitam com perfeição recém-nascidos, voltaram ao topo dos assuntos mais comentados nas redes sociais.
Dividindo opiniões, elas têm sido motor de engajamento em redes como X (antigo Twitter), Instagram, TikTok e Facebook. São milhares de conteúdos criados especificamente sobre art reborn. Em uns, o trabalho cuidadoso de artesãs, passo a passo da confecção, dicas de conservação. Outros trazem até mesmo pessoas comuns que cuidam dos bebês como se fossem filhos reais, sejam estas relações reais ou “faz de conta”. E também quem vê problema nesse tipo de envolvimento com objetos inanimados.
O certo, porém, é que as bonecas extremamente detalhadas e realistas conseguem, até mesmo, confundir olhos não treinados pela absurda semelhança com bebês verdadeiros. Com fios de cabelos que parecem reais, revestimento macio que imita o toque em pele de verdade e até micro veias para deixar ainda mais convincente, os Bebês Reborn encantam desde criança a adultos.
MS é destaque na produção de bebês reborn
Simone Fortuna, 40, é referência no assunto. Em Campo Grande, a artesã trabalha com arte reborn há quase duas décadas e comanda um dos maiores sites especializados em venda nesse segmento, cujo preço pode ultrapassar os R$ 5 mil, a depender do grau de personalização encomendado pelos clientes.
A artesã também oferece cursos online, onde ensina técnicas de pintura e enraizamento. Um business que ela explora há 18 anos e que, a depender do que se fala nas redes, não deve ter data para acabar.
“Comecei na Arte Reborn há 18 anos, quando estava no último ano da faculdade de Direito e recebi um e-mail sobre bonecas ultrarrealistas. Na hora, me encantei pelo realismo extremo. A partir daí, decidi que queria aprender, mas tive bastante dificuldade em achar conteúdo relacionado a Arte Reborn”, explica.
Entre tintas, vernizes e solventes
A produção é artesanal. Logo, diferente de bonecas convencionais, não há uma máquina de fazer bebês reborn. Tudo é a mão, em um trabalho que pode durar vários dias. “Cada Bebê Reborn demora, em média, uma semana para ficar pronto”, detalha.
O longo tempo de produção tem a ver com a dedicação para garantir realismo em cada boneca feita. Simone aplica diversas camadas de pinturas, em diferentes técnicas, para reproduzir veias, vasos e microvasos da pele. Para isso, são utilizados tintas, vernizes e solventes importados.
Além disso, a técnica utilizada pela campo-grandense também conta com enraizamento fio a fio, que garante oefeito natural dos cabelos de recém-nascidos. Esses, são feitos a partir de uma fibra que imita cabelo de verdade.
E não para por aí: Simone escolhe o enxoval, faz fotos e vídeos e expõe seus produtos no site de vendas. A pronta entrega, o site de Simone exibe arte reborn que varia de R$ 1,9 mil a R$ 5,9 mil. Alguns modelos estão esgotados.

Assim, segundo a empresária, a procura pelas bonecas em Mato Grosso do Sul é grande. Em Campo Grande, os produtos são entregues na residência do cliente. Entretanto, o site também oferece a opção de entrega em todo o Brasil e, até mesmo, no exterior.
Colecionismo e terapia emocional
Afinal, bonecas reborn são coisa de criança ou de adulto? Nas últimas semanas, debates acirrados na internet tentam até mesmo patologizar quem se relaciona com os produtos de forma incomum. Há quem trate como um bebê humano, com troca frequente de roupas e fraldas e, mais recentemente, alguns exageros, como o surgimento de “profissionais reborn”, de professores, obstetras, pediatras e até creches. Como há pouco limite na criatividade de internautas, não dá para saber o que é real ou o que embarca na incansável busca por cliques e engajamento.
Porém, é fato que bebês reborn têm um público adulto considerável, que buscam nas bonecas não só colecionismo, mas também terapia emocional. No caso de Simone, porém, seus clientes continuam quase 100% infantil, com produções pontuais para pessoas adultas.
“Hoje em dia, os maiores consumidores são as crianças. Brincar de boneca continua sendo a diversão favorita das meninas. Raras vezes fiz para alguma adulta, e eram pessoas que não tiveram oportunidade de ter brinquedos na infância. Tive somente uma cliente adulta em 2024 e ainda nenhuma em 2025”, diz.

Arte reborn e um debate sem fim
Nas redes sociais, “mães de Bebês Reborn” ficaram entre os assuntos mais comentados nas últimas semanas, com pico nas proximidades do Dia das Mães. As discussões surgiram após colecionadoras das bonecas realistas começarem a mostrá-las aos seguidores em situações que ocorreriam com bebês de verdade, como consultas no hospital e até mesmo para burlar filas preferenciais em supermercados.
Como no Brasil é muito comum que os assuntos quentes da internet estourem a bolha virtual, o assunto já é pauta até mesmo em Casas de Leis país a fora: no Rio de Janeiro (RJ), projeto foi aprovada na Câmara dos Vereadores para instituir o “Dia da Cegonha Reborn” no calendário da cidade. Assim, a proposta seria uma homenagem às artesãs como Simone, chamadas de “cegonhas” e justifica a criação da data porque as bonecas têm sido utilizado até mesmo em terapias, ajudando pacientes a enfrentarem processos de luto ou traumas emocionais.
Minas Gerais também precisará enfrentar a coqueluche do momento na Assembleia do estado: após relato de uma mulher que teria levado sua boneca para atendimento em um posto de saúde, o deputado estadual Cristiano Caporezzo (PL) apresentasse nesta semana projeto que proíbe serviços públicos voltados a não-humanos, com aplicação de multa de até 10 vezes o valor do serviço pretendido.
‘Polêmicas reborn’ ocorrem sempre que a bolha fura
Não surpreende, portanto, que o debate desenfreado que começou nas redes tenham gerado tantas críticas às criadoras de conteúdo, como influencer que compartilham a “rotina com seus Bebês Reborn”. Para Simone, os vídeos não passam de conteúdo humorístico, que costumam entreter as crianças, e que são mal interpretados quando saem do nicho específico.
“Esses vídeos engraçados e polêmicos estão em alta, pois o público infantil adora e consome muito esse conteúdo, gerando engajamento e lucro para quem produz. Algumas pessoas interpretarem mal esses vídeos, tentando tirar sarro, gerar cancelamento e menosprezar a arte reborn. Mas, na verdade, trata-se de conteúdo bem-humorado, que entretém as crianças. Em um mundo cercado de dancinhas e exposição ao mundo adulto, conteúdos com foco em bonecas são uma boa opção para os pequenos”, finaliza Simone.
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