Disputa por uma tela de Tarsila do Amaral acabou expondo na Justiça mais um capítulo da conflituosa relação entre Cláudio Denis Maksoud e sua família. Herdeiro de Henry Maksoud, empresário aquidauanense fundador do famoso hotel Maksoud Plaza, Cláudio reivindicou a devolução da obra estimada em R$ 80 milhões, mas perdeu o processo.
Conforme a coluna Rogério Gentille, do UOL, o pivô da ação judicial é um autorretrato de Tarsila do Amaral. A famosa tela, chamada de “Figura em Azul”, pertencia à Ilde Maksoud, sua mãe. No processo, o herdeiro afirmou que procurava o paradeiro da pintura desde que verificou seu sumiço durante o processo do inventário da matriarca, falecida em 2020, aos 90 anos de idade.
Assim, ao saber que a tela de Tarsila estava exposta em Paris, no Museu de Luxemburgo, o filho de Ilde e Henry Maksoud abriu uma ação na Justiça exigindo a devolução do quadro.
Ocorre que “Figura em Azul” havia sido emprestada ao museu europeu pelos empresários brasileiros Marisa de Oliveira e James Acácio Lisboa, que compraram a tela diretamente de Ilde anos antes de sua morte.
Quadro foi vendido, mas filho disse que não
Na ação contra os empresários, Maksoud declarou que a mãe, colecionadora de arte, jamais venderia o quadro. E ainda destacou: “não existe notícia nem evidências de que eles haviam adquirido a tela regularmente”. “Os requeridos [Marisa e James] se apresentam como possuidores de obra de arte que pertence ao espólio da Sra. Ilde Maksoud”, afirmou à Justiça.
Em contrapartida, Marisa e James acusaram Maksoud de tentar obter uma vantagem indevida, pois saberia que a tela havia sido vendida pela mãe em 2017.
Como prova, apresentaram um recibo assinado pela própria Ilde, mostrando que Marisa pagou R$ 2,8 milhões pelo autorretrato de Tarsila, já que é leiloeira de obras de arte. “Trata-se de escancarada má-fé”, declararam à Justiça.
“Relação litigiosa com a família Maksoud”
Para completar, os empresários citaram os conflitos familiares entre Cláudio e os Maksoud como justificativa para o autor ter movido a ação.
“A realidade é que Claudio Maksoud possui uma relação litigiosa com sua família e, por entender que teria sido preterido no inventário de sua mãe, passou a adotar o modus operandi de franco atirador, distribuindo inúmeras ações judiciais, mesmo tendo ciência inequívoca da inexistência dos alegados direitos”, argumentaram Marisa e James.
Diante das provas, os empresários ganharam a causa. “O recibo de obra de arte, com firmas reconhecidas das partes contratantes, indica com clareza o negócio jurídico de venda da obra de arte da senhora Ilde para a corré Marisa pelo valor de R$ 2 milhões, tendo a vendedora declarado que dava quitação total e transferência de propriedade após o pagamento integral da obra”, decidiu a juíza responsável pelo caso.
Com a derrota, Cláudio Maksoud deverá pagar os honorários dos advogados dos empresários, cerca de R$ 1,2 milhão. No entanto, o herdeiro ainda pode recorrer da decisão judicial.
Litígio entre os Maksoud
Desde que o empresário aquidauanense Henry Maksoud morreu em 2014, aos 85 anos, seus herdeiros vivem em constantes disputas por bens ligados à herança. Em 2017, Paulo Sampaio, da blogsfera UOL, expôs detalhes da briga entre o clã.
O imbróglio começou quando Henry Neto, neto do fundador do Maksou Plaza, reivindicou o controle do hotel. Para tanto, apresentou um documento assinado pelo patriarca pouco antes de morrer, outorgando tudo a ele e à segunda esposa de seu avô, Georgiana Maksoud.
Filhos do dono, Cláudio e o irmão, Roberto, afirmavam que a assinatura era falsa e lutavam para anular o testamento.
Vivendo há mais de 20 anos no hotel, nos apartamentos 1319 e 1321, Cláudio Maksoud então travou uma séria briga com o sobrinho Henry Neto, que deu ordem para que os funcionários do local não prestassem mais atendimento nenhum a ele e sua família.
“Ele ficou com raiva porque não conseguiu nos mandar embora por meios legais, e cortou tudo: comida no quarto, lavanderia, camareira, telefone, Internet. Até os garçons do restaurante estão impedidos de nos servir. Ninguém pode sequer nos dirigir a palavra. Quem desobedecer à ordem será demitido sumariamente”, disse Cláudio, na época.
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