Ponto indevido para abandono de gatos, o campus da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, em Campo Grande (MS), enfrenta um problema de saúde pública com a superpopulação dos felinos. Atualmente, estima-se que cerca de 150 exemplares vivam nas dependências da Instituição, sendo que alguns já ganharam nome e até foram adotados pela comunidade acadêmica.
Bartô, ou Joaquim, é um desses exemplos. Com duas alcunhas, para cada um escolher qual achar melhor, o gato tem mais de 10 anos de idade é o mais famoso da Federal. Por lá, não há quem não o conheça e, mesmo enfrentando problemas de saúde, o felino resiste e reside na faculdade há uma década.
Hoje, todos o chamam de Bartô, mas seu nome de batismo é Joaquim. O animal foi abandonado no antigo Centro de Ciências Exatas e Tecnologia (CCET) e castrado em maio de 2015, onde apareceu e permaneceu completamente saudável por mais de dois anos.

Até que, em setembro de 2017, o gato foi encontrado com o rabo quebrado e a lesão provocou uma sequela irreversível: a dificuldade para evacuar. Três anos depois, em 2020, Bartô chegou a passar por uma cirurgia por conta do problema.
Na época, o animal ficou internado por um mês quando precisou ter o intestino operado para a retirada de fezes endurecidas. Desde então, o gato passou a viver no estacionamento central da UFMS de Campo Grande, onde é medicado todos os dias com alimentação rica em laxante e fibras.
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Em mais de 10 anos, Bartô mudou de nome devido às diversas gerações de estudantes que passaram pela Universidade, sendo muito querido por todas. Considerado esperto, o felino já está em idade avançada, mas persiste nos corredores da faculdade, principalmente por receber muito afeto da comunidade acadêmica, que o “abraçou” como animal comunitário.
Importante não romantizar o trabalho realizado com gatos abandonados na UFMS
A saúde de Bartô, após uma década no local, é fruto do trabalho do Grupo de Proteção Felina UFMS, que castra e alimenta os gatos que lá são abandonados. Atualmente, o projeto estima que cerca de 150 felinos vivam na Instituição oriundos do abandono e a “explosão” desse comportamento criou um problema de saúde pública, segundo a coordenadora do grupo, Tais Fenelon.
Por isso, ela ressalta a importância dos olhos da sociedade campo-grandense se voltarem com atenção para a causa e não romantizarem o árduo trabalho desenvolvido. “Os gatos castrados levam marcação na orelha esquerda, de suma importância para identificá-los. Aliás, quase todos já haviam sido castrados, mas este ano começou uma avalanche de abandono, e a gente não tá dando conta, tem muito. É um problema de saúde pública, não é um problema da UFMS”, afirma.
Conforme Tais, a única solução para combater o aumento desenfreado da presença dos felinos no ambiente educacional é a castração. Porém, faltam políticas públicas que ajudem o campus a resolver a questão, pois não adianta castrar três animais em um dia se no outro mais cinco são abandonados – ainda que o projeto seja parceiro do Centro de Controle de Zoonoses, que ajuda a diminuir o número de não castrados.
“Enquanto não se investir em política pública ao bem-estar animal, vamos enxugar gelo, que é o que fazemos aqui. Este ano, o CCZ limitou a 1 animal por mês, mas o número não atende e acabamos tendo que pagar do próprio bolso para castrar, ou então doamos sem fazer a castração. Se não fossem as adoções, estávamos fritos”, lamenta.
A coordenadora também ressalta que abandonar animais é crime de maus-tratos e, além das políticas públicas, a consciência também tem que partir da população, pois a UFMS não pode ser vista como um “depósito de gatos”. “A universidade tem câmeras espalhadas pelo campus, que nos ajudam a identificar os responsáveis e denunciá-los”, salienta Fenelon, que também é docente do curso de Jornalismo.
Vale lembrar que o projeto aceita doações de mantimentos para os gatos, que podem ser realizadas entrando em contato através do Instagram da causa (disponível clicando aqui). Contudo, mais uma vez, é importante frisar que o abandono dos bichos no local precisa ser combatido e a adoção responsável pode ser uma das soluções.
O que fazer ao encontrar animais em situação de abandono em Campo Grande?
Em Campo Grande, o CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) é responsável por fazer o recolhimento de animais que estejam soltos, doentes ou que apresentem comportamento agressivo — nesses casos, eles são considerados um risco à população. A equipe de médicos-veterinários avalia o animal recolhido, administra medicação contra verminoses e outros parasitas, para, depois, colocá-lo para adoção.
No caso de animais portadores de doenças e/ou ferimentos considerados graves, e/ou clinicamente comprometidos, caberá ao médico-veterinário do órgão municipal responsável pelo controle de zoonoses, após avaliação e emissão de parecer técnico, decidir seu destino.
Caso se depare com um animal nessas condições, para que o recolhimento seja realizado, o contato é (67) 3313-5000 ou (67) 3313-5001.
Ferramenta on-line do Governo do Estado também ajuda em casos de denúncias de maus-tratos ou abandono. A população pode recorrer diretamente à plataforma on-line da Devir (Delegacia Virtual), acessando http://devir.pc.ms.gov.br/. O sigilo do denunciante é garantido, e a ferramenta possibilita o acompanhamento do caso.
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