Cidade “sem pressa” e com resquícios históricos, Corumbá ganha um novo lazer além da contemplação: salas de cinema para 150 pessoas. O investimento, de cerca de R$ 1 milhão, está sendo feito pela empresa Cine Vision.
Para quem não sabe, a “Capital do Pantanal”, como é conhecida, foi palco da primeira projeção em Mato Grosso do Sul, no ano de 1903. No entanto, em 2002, houve o fechamento do Cine Anache.
Já em 2014, o Sesc (Serviço Social do Comércio) passou a ter exibição de filmes culturais e comerciais, incluindo grandes sucessos de bilheteria do cinema internacional, fazendo a cultura e lazer respirarem nas instalações do Porto Geral, o que encerrou em 2016, na forma mista.
Reconhecida como a personalidade mais importante do cinema e audiovisual do Estado, pela Socine (Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual), em 2024, Marinete Pinheiro disse que a notícia da vinda do cinema é maravilhosa e um alento para os cineastas, culminando em um “novo espaço de sonhos para o público”.
“O escurinho do cinema é um lugar único ainda, você quando está ali precisa se desconectar do mundo e entrar no filme, então, um viva a esse novo espaço e vida longa a ele. Já quero ir lá assistir um filme”, comentou Marinete.
Nascido em Corumbá, o agente cultural e produtor audiovisual, Vinícius Galharte, de 26 anos, ressalta que sempre sofreu com a questão de trabalhar com cinema em uma cidade onde não tinha cinema. “As pessoas sempre me perguntavam: ‘Como faz cinema se em Corumbá não tem cinema?’ Confesso que nem sabia o que responder, mas, agora acredito que muitas portas se abrirão, e o interesse pela produção cinematográfica vai crescer como nunca”, afirmou.
Conforme Galharte, “toda pessoa tem ou já teve ideia para um filme”. “É triste saber que Corumbá já teve tantos cinemas funcionando, simultaneamente, e que há mais de 100 anos acontecia a primeira exibição de cinema no Estado de MS, aqui na cidade de Corumbá, e hoje não existe nenhum cinema. É muito ruim a sensação de impotência, de querer assistir a um lançamento na sua cidade e não poder, ou ter que se deslocar até a Capital, sendo que muita gente não tem recursos e assim a sétima arte foii ficando esquecida na região”, lamentou.
No entanto, o cenário agora será outro e muitos terão oportunidade de frequentar o cinema, inclusive, pela primeira vez. “Isso acho que vai ser emocionante. Muitos jovens daqui nunca foram ao cinema, pessoas com mais idade também. E aí quem sabe vão ao cinema agora. Eu desejo muito sucesso para esta empresa gaúcha, que seja uma jornada em que dará tudo certo e que isso fortaleça a cultura e a memória do nosso Estado”, argumentou.
Agitadora cultural na região, a atriz, diretora e também produtora cultural, Bianca Machado, de 61 anos, fala do momento em que o cinema “vive” e da necessidade da cidade pantaneira ter um local adequado, não só de cinema, mas, também de teatro.
“Primeiro eu penso na felicidade do investidor, que é o Luiz, de estar abrindo o cinema neste momento do cinema nacional, um despertar para os nossos corações, não é à toa que a gente fala que é uma Copa do Mundo, então, abrir o cinema neste momento é revigorante, é um frescor na vida, num mundo tão difícil”, afirmou.
Conforme Machado, Corumbá merecia um cinema, “mais do que qualquer outro lugar deste Estado”. “Os primeiros teatros, os primeiros cinemas foram em Corumbá, então, fico me perguntando como que a gente passou tanto tempo sem ter esse tipo de diversão na cidade. E, principalmente, nós não temos teatro. E agora estou muito feliz, os corumbaenses estão felizes, é algo merecido e acho que a gente só tem a ganhar”, finalizou.
Dia do Cinema e Audiovisual em MS é por conta da 1ª exibição em Corumbá
O Dia do Cinema e do Audiovisual Sul-Mato-Grossense é comemorado em19 denovembro, o que remete a primeira exibição pública de cinema no Estado, no ano de 1903. A data foi criada pela Lei Estadual n. 5.982/22.
A projeção ocorreu no Circo Palma, em Corumbá e o Dia do Cinema e do Audiovisual Sul-Mato-Grossense comemora a história e o talento audiovisual do Estado.
