Entrevistar um delegado de polícia teria uma sequência óbvia: inquérito foi instaurado? Suspeito está preso? Qual a motivação do crime? Seriam estas, entre outras perguntas que se limitariam ao cenário do crime e envolvidos.
No entanto, estamos falando de vidas, de seres únicos, com seus sentimentos, decisões, culpas e dores, muitas vezes externadas em um momento de fúria, em que agridem, assassinam ou cometem erros incalculáveis, cuja extensão só refletem após o ocorrido.
E neste drama humano, só quem tem uma olhar realmente voltado ao próximo é que pode sentir algo que vá além do seu ofício. É o caso do Carlos Delano de Souza, de 43 anos, servidor público em Mato Grosso do Sul, prestes a completar duas décadas de carreira na Polícia Civil.
Delegado passou por diversas delegacias em MS e agora se torna escritor
Neste período, atuou em delegacias do interior, Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) e especializadas em Campo Grande, como Derf (Delegacia Especializada em Repressão a Roubos e Furtos) e Defurv (Delegacia Especializada em Repressão ao Furto e Roubo de Veículos), por exemplo, até chegar à Corregedoria e, atualmente, é titular do Nurat (Núcleo de Recuperação de Ativos), inaugurando, agora, a carreira como escritor.
“Eu quis dar um enfoque diferente para o profissional de polícia. Mostrar o drama humano do policial, da vítima e até do infrator. Escrevi uma história quando notei o interesse de amigos, depois mais duas, até que decidi compilar em um livro. Isso tudo ocorreu durante um ano. Fui escrevendo devagar, de noite e fim de semana, sempre inspirado em casos reais de Campo Grande”, afirmou Delano ao MidiaMAIS.
Neste sentido, o delegado fala que as pessoas se entrelaçam em um trama e ele sempre teve um olhar de profundidade para o assunto. Mesmo baseado em casos reais, o delegado preservou nomes e detalhes pessoais dos envolvidos, para não serem identificados.
‘As expressões das pessoas sempre me marcaram bastante’, diz Delano
“Sempre pensei que não convém mostrar um olhar de profundidade de quem está ali próximo. E eu gosto de ler, sempre tive interesse por pessoas também. Na investigação, a expressões sempre me marcaram bastante e retratar isto é algo que me pareceu interessante”, argumentou o delegado.
Sendo assim, Delano fala que é possível obter vários questionamentos: o que causa um crime? Um homicídio? Qual o drama vivido por aquele que matou? O que este cenário me fez refletir? Qual o esforço empregado pela concretização da Justiça? Qual é a realidade vivida pelos agentes da Lei? Com base nas perguntas, nasce “Mariza Queria Ser Livre – e outras histórias de investigações policiais”.
Lançamento de Mariza Queria Ser Livre ocorre neste mês de abril
Como fonte de estudo, o delegado fala que se baseou em interrogatórios, além de dados de múltiplas fontes. O livro no formato e-book está em fase de pré-venda e será disponibilizado a partir de 20 de abril de 2025.
Já o lançamento do livro físico ocorrerá no dia 24/04 na Adepol-MS (Associação dos Delegados de Polícia Civil de Mato Grosso do Sul), localizada no Carandá Bosque, às 18h.