A boa ação de uma voluntária, até então anônima, tem atraído olhares na Avenida Afonso Pena, em Campo Grande (MS). Ela tem alimentado gatos que se concentram no antigo prédio do Incra, desativado há anos na capital, próximo ao cruzamento da avenida com a Rua Rui Barbosa. Com cartazes chamativos na fachada pedindo ajuda aos animais, o local virou uma espécie de abrigo informal para os felinos.
Diante do cenário, algumas pessoas sentiram interesse em contribuir com a causa, mas não sabiam como entrar em contato e nem quem é a mulher misteriosa por trás da ação. Até que, após reportagem publicada pelo Jornal Midiamax na última semana, a voluntária desconhecida decidiu se identificar.
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Sônia Aparecida, de 62 anos, é a responsável pelo trato dos bichos. Professora, ela conta que, desde 2010, alimenta animais abandonados nas ruas do Centro de Campo Grande e, além do prédio onde funcionava o Incra, também leva água e ração para gatos no quadrante da Rua Maracaju, Rua Calógeras, Avenida Afonso Pena e Rua 25 de Dezembro.
“E, quando necessário, levo alimento em lugares que vejo animais pedindo. Iniciei este trabalho porque é muito difícil para os animais abandonados conseguirem alimento ou água uma única vez sequer ao dia”, relata a professora.
Abandono de gatas grávidas deu início a “abrigo” informal
Hoje, Sônia mora próximo ao prédio onde funcionava o Incra, o que facilita a manutenção dos animais que usam o local como morada. “Eu não escolhi ali como abrigo para os gatos, o que aconteceu foi o abandono de duas gatas que já estavam nos dias de ganhar seus filhotes. Jogaram as duas no mesmo dia”, recorda.
Segundo a professora, pessoas que passam pela área começaram a colocar o alimento que tinham para as gatas e suas crias. “Os filhotes cresceram e também se reproduziram. Então, comecei a colocar faixas para que adotassem. E muitos foram adotados, mas vários continuam por lá”, comenta.
Ao todo, Sônia distribui alimentação em 13 pontos na região de sua residência e conta com a colaboração fixa de algumas pessoas. “No início, mantive ração, leite, água e tudo o que fosse necessário sozinha. Mas, desde 2024, recebo ajuda de duas pessoas muito generosas, a Verônica e o sr. João. E este ano o sr. Edson colabora mensalmente com 50 reais para completar o valor do saco de ração, além da sra. Rosângela, que doa ração”, destaca.
Como ajudar a voluntária
Desde o início do ano, Sônia tem enfrentado dificuldade para comprar ração. Por isso, ela disponibiliza seu contato para que pessoas interessadas em contribuir possam se comunicar e organizar a doação. “Podem enviar mensagem para (67) 99955-0141. Peço que envie somente mensagem digitada”, diz ela, enfatizando que precisa de ração e sachês para gatos adultos e filhotes.
Além de se preocupar com os animais de rua, Sônia ainda é tutora de Frederico, gato de 6 anos de idade, abandonado com apenas 7 dias de vida em uma calçada.
“Há muitos animais que são levados às ruas sem movimento, em qualquer horário, principalmente aos sábados à tarde e aos domingos, e ali são abandonados. É um ato cruel, muito cruel, desumano. Os animais começam a procurar o tutor que o abandonou, não entendem o que aconteceu, ficam correndo de uma esquina para outra, não encontram ninguém, começam a miar, na inocência de que o miado fará com que o tutor o encontre. É muito triste, sinto dificuldade em relatar tal fato, essa dor que eles sentem ao perceberem que não encontrarão os tutores”, finaliza ela.
O que fazer ao encontrar animais em situação de abandono em Campo Grande?
Em Campo Grande, o CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) é responsável por fazer o recolhimento de animais que estejam soltos em vias públicas, doentes ou que apresentem comportamento agressivo — nesses casos, eles são considerados risco à população. A equipe de médicos-veterinários avalia o animal recolhido, administra medicação contra verminoses e outros parasitas, para, depois, colocá-lo para adoção.
No caso de animais portadores de doenças e/ou ferimentos considerados graves, e/ou clinicamente comprometidos, caberá ao médico-veterinário do órgão municipal responsável pelo controle de zoonoses, após avaliação e emissão de parecer técnico, decidir o seu destino.
Caso se depare com um animal nessas condições, para que o recolhimento seja realizado, o contato é (67) 3313-5000 ou (67) 3313-5001.
Ferramenta on-line do Governo do Estado também ajuda em casos de denúncias de maus-tratos ou abandono. A população pode recorrer diretamente à plataforma on-line da Devir (Delegacia Virtual), acessando http://devir.pc.ms.gov.br/. O sigilo do denunciante é garantido, e a ferramenta possibilita o acompanhamento do caso.
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