Abalada após ouvir de um médico palavras que a feriram de forma profunda, moradora de Campo Grande (MS) tem tentado virar a página e se reerguer em meio à mágoa. Com suspeita de infecção urinária, ela procurou uma Unidade de Pronto Atendimento e saiu de lá aos prantos depois de ser chamada de “gorda” pelo doutor que a examinou.
Conhecida como “blogueirinha do cotidiano”, a paciente mora no bairro Pioneiros e decidiu passar por uma avaliação médica ao perceber que, além dos sintomas de infecção urinária, estava mais inchada que o normal. Ela então se dirigiu à UPA mais próxima, sem imaginar que viveria um “momento de constrangimento e falta de empatia”.
“Durante o exame, o médico afirmou que eu não estava inchada, apenas acima do peso. Eu questionei, porque conheço meu corpo e sei o que sinto. Ele tentou reforçar sua posição dizendo: ‘Mas eu sou médico’. Respondi com respeito e disse que médicos também erram, como no caso da minha mãe, que recebeu alta com a garantia de que estava bem, mas infartou poucas horas mais tarde”, relata.
Depois de muito discutirem sobre a paciente estar ou não com medidas excedentes, o doutor pediu para que ela deitasse na maca e a examinou. “Ao final da consulta, ele até constatou que eu estava com um leve edema [inchaço causado pelo acúmulo de líquidos] e recomendou que eu colocasse os pés para cima três vezes ao dia”, recorda.
“Mas, vídeos e fotos que fiz ao chegar em casa mostram minha real situação aquele dia”, ressalta a campo-grandense, que compartilha uma das imagens. Com 87 kg e 1,68 metros de altura, era assim que ela estava na data da consulta. Veja:
“Já tomei providências”, afirma paciente que se ofendeu com palavras de médico
A situação ocorreu no último sábado (25), dia seguinte ao aniversário de 40 anos da “blogueirinha”, e a deixou muito sensível. “Ele falou ‘você não está inchada, você está acima do peso, igual eu, você está gorda’. Essas palavras descuidadas ferem profundamente, porque só quem passa por isso sabe o quanto magoa e frustra. Já tomei providências legais e reforço a importância de termos mais empatia e cuidado com o que falamos, principalmente no caso de profissionais da saúde”, destaca ela.
O caso é delicado pois, além de estar vivendo o luto pela perda da mãe após um suposto erro médico, a moradora do Pioneiros enfrenta sérias questões emocionais. “Quem me conhece sabe que eu tenho problema com meu peso. Já fiz lipoabdominoplastia, tomei remédio para emagrecer, luto contra a balança, tenho depressão… Sei que estou acima do peso, mas comentários como esse magoam e ferem. Uma palavra mal colocada pode destruir a autoestima de alguém“, desabafa.
Volta por cima
Para ela, momentos como esse não podem ser banalizados, por isso, não pretende deixar barato. Fragilizada por conta da situação que classificou como “constrangedora e ofensiva”, a campo-grandense acionou uma advogada para denunciar o doutor. No entanto, não lembra como o clínico se chama.
“Não sei o nome do médico, fiquei tão transtornada que não olhei. Venho tendo uma infecção urinária, fiquei umas três horas na fila da UPA esperando ser atendida, pra sair de lá me sentindo um lixo. Isso machucou minha alma. Uma palavra pode pesar mais do que qualquer diagnóstico“, lamenta.
Agora, a “blogueirinha” junta os cacos e tenta dar a volta por cima. Machucada pelo o que ouviu do profissional da saúde, ela busca se levantar, não para provar algo a alguém, mas para se sentir bem consigo mesma. “Esse momento difícil me impulsionou ainda mais a priorizar minha saúde e meu bem-estar“, finaliza.
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