A presença de estrangeiros, em Campo Grande, é algo que já não causa mais estranhamento. Espalhados nas ruas e praças centrais, tentam chamar a atenção dos campo-grandenses, limpando carros, fazendo malabarismo ou até mesmo pedindo ajuda financeira, seja mostrando um cartaz ou falando diretamente com as pessoas.
Um deles, recém-chegado, se identificou ao Midiamax como Leonardo. O encontro ocorreu por volta das 11h, nessa quinta-feira (10), no cruzamento da Rua Bahia com a Avenida Afonso Pena. Na ocasião, com o sol forte, o artista estava encostado em uma moita, ingerindo algum alimento, que parecia um amendoim, já que ele os triturava.
“Opa, tudo bem. Podemos conversar um pouquinho? Já vi você dançando ali na Ernesto Geisel, hoje aqui na Bahia. Você veio de onde?”, pergunto.
“Cochabamba, na Bolívia. Estou há cinco dias aqui”, inicia.
Em seguida, eu pergunto sobre a sua arte, onde aprendeu, e como veio parar em Campo Grande.
“Estou sozinho, vim a trabalho. Mas vou para o Chile e o Peru também. Aqui não dá, não estou ganhando nada, está bem pouco”, diz.
Leonardo termina a refeição, coloca a vestimenta, ajeita o som e começa a dançar. Uma, duas apresentações, em que ele se movimenta com o casal de marionetes, entoado pela canção boliviana, e não recebe nenhum dinheiro.
Ele então faz o gesto do dedão de cabeça para baixo, dizendo que não consegue nada e finaliza a conversa. Não quer mais papo. Prefere o silêncio para refletir sobre os próximos passos.
Aguardando no semáforo, a motorista Ana Alves e a mãe admiram o trabalho do artista. “É muito Bonito ele dançando e não sei como aguenta, nesse calorão”, opina.
