Se as ruínas do antigo Motel Seqsabe já chamam atenção na Avenida Euler de Azevedo, em Campo Grande (MS), a desativação recente de outro popular motel das redondezas indica: a região, que antes tinha fama de “beco do prazer” por abrigar diversas casas de encontros, já não é mais a mesma.
A apenas 900 metros do antigo Seqsabe, o tradicional Motel Requinte agora se encontra disponível para venda ou aluguel, após mais de duas décadas de funcionamento. O local atendia clientes desde 2003 e foi desativado há seis meses. Desde então, tem se destacado por ser o segundo motel “fantasma” no mesmo trecho da avenida, entre as rotatórias da Euler com a Avenida Tamandaré e com a Avenida Presidente Vargas.

Dono revela por que fechou Motel Requinte
Se há cinco anos a área ainda contava com três prédios destinados a encontros casuais, hoje apenas um continua atendendo. Mas, o que explicaria o fechamento de dois estabelecimentos do mesmo ramo, tão próximos um ao outro, e em um curto período de tempo? Seria a falta de clientela?
Ou ainda: estariam os motéis ficando obsoletos em Campo Grande e os amantes agora estariam buscando outros locais para viverem momentos de “amor intenso”? Bom, de acordo com o proprietário do Motel Requinte, o mais recente a ser desligado, este não foi o motivo do encerramento das operações por ali.
Aliás, ele garante que cliente é o que nunca faltou. “Só parei por um tempo, pra reforma, aluguel ou venda, porque eu estou trabalhando em outro ramo, sou advogado. Então precisei de tempo para me dedicar ao escritório e o motel, como é 24 horas, demanda muito”, explica o empresário, que é um dos sócios de uma rede de motéis herdados de seu pai.
Segundo ele, o negócio de família segue rendendo nas demais casas de prazer que continuam operando e no Requinte não era diferente. “Não foi por falta de cliente que eu fechei, foi por uma questão particular, tanto que vai ser reaberto se for o caso. Eu quis dar um tempo, mas, se alugar, perfeito”, frisa.
Veja imagens de como está o local:
Motel recebeu proposta para virar hospital ou casa de recuperação para idosos
Com aluguel no valor de R$ 10 mil, o administrador diz ter sido procurado por uma empresa privada que apresentou planos para o estabelecimento. “Tive até proposta para hospital ali, só que o prédio em si é muito limitado. Foi feito um estudo de viabilidade, se era possível o espaço atender uma clínica de idosos, casa de recuperação, por exemplo. Mas não prosperou porque o custo é muito alto e a estrutura teria que ser muito adaptada, pois o prédio é para motel”, relata.
Além disso, outras pessoas entraram em contato interessadas em dar continuidade ao legado do Requinte, mas, conforme o proprietário, todas se mostraram preocupadas com a obrigação de trabalhar 24 horas por dia para administrar o negócio.
Fechamento de motéis pode ser consequência de nova geração
Em relação ao Seqsabe, o empresário conta que a dona “era uma senhora muito ‘bem de vida’ que estava bem idosa, se já não faleceu”. Ela também teria ganhado muito dinheiro com o empreendimento do sexo e, “provavelmente, os herdeiros não quiseram tocar”, acredita o responsável pelo Motel Requinte.
Já sobre a onda de desativação de motéis, o advogado declara que a tendência pode ser geracional. “O pessoal que era mais antigo ganhou muito dinheiro, alguns faleceram e outros não querem mais trabalhar. Já cansaram, ficaram ricos e a nova geração não quer mais. Não é por falta de público, nem de movimento, tem motel até ampliando em Campo Grande. É sempre esse viés, os mais velhos falando ‘vou deixar para meu filho’ e provavelmente a molecada não tá querendo continuar”, reforça.

Sexóloga diz que comportamento da sociedade vem mudando em relação a encontros íntimos
Consultada pela reportagem, a sexóloga Karina Brum comenta que já ouviu diversos relatos de pacientes que podem indicar a ascensão de um costume que tornaria os motéis “coisa do passado”. Ela expõe que, atualmente, os amantes já não buscam necessariamente um local reservado e entre quatro paredes para dar aquele amasso “mais profundo”.
“Na verdade, o pensamento das pessoas vêm mudando em relação a como aproveitar a própria sexualidade, principalmente após a pandemia. Experiências hedonistas [que buscam o prazer] ao ar livre, por exemplo, começaram a ser mais exploradas. Satisfazer algumas fantasias como ‘dar uns amassos’ dentro do carro, se tornou viável e interessante”, pontua.
A terapeuta também acredita que há vários perfis consumidores de sexo na Capital, contudo, as pessoas têm sentido mais adrenalina com a possibilidade do “ser pego/ser visto”. “Há estudos científicos que comprovam que quando estamos excitados, liberamos adrenalina na corrente sanguínea. Quando inovamos e ‘quebramos as regras’, geramos três vezes mais adrenalina do que o comum e isso é extasiante”, ressalta.
“Mas deixo aqui um alerta! Nessa busca por mais adrenalina e emoção, a intimidade sexual não deve expor o outro – a relação precisa ser segura, saudável e consensual para ambas as pessoas envolvidas. Qualquer coisa fora dessa tríade é considerado abuso sexual”, pondera a sexóloga.
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