Gravado com um iPhone 15 Pro Max, em três planos sequência de cinco minutos, o filme “Espectro” será lançado gratuitamente, em Campo Grande, nos próximos dias. Dirigido por Anderson Antunes, o curta-metragem apresenta uma jornada sensorial, de suspense e terror surrealista.
O filme acompanha três dias na vida de um artista plástico que perde, gradualmente, a percepção das cores, sendo gravado em primeira pessoa, criando, então, uma experiência imersiva e abstrata.
A narrativa de “Espectro” corresponde a um dia na vida do protagonista, e é contada, exclusivamente, através de mudanças visuais no cenário, sem o uso de diálogos. Essa técnica é central para a experiência do filme, permitindo que o público acompanhe a transformação do personagem apenas pela evolução do ambiente ao seu redor.
No primeiro dia, o protagonista vê um mundo colorido; no segundo, as cores RGB começam a desaparecer; no terceiro, ele percebe apenas tons pastéis, refletindo o avanço de um daltonismo que afeta sua identidade como pintor. A ausência de diálogos força o espectador a se engajar visualmente, criando uma conexão mais íntima com a jornada do personagem.
Nesse processo, o Espectro, interpretado por João Paulo Bernal, surge como uma entidade, inspirada na paralisia do sono, simbolizando os medos internos do personagem e um mundo marcado por alienação.
Execução Técnica e Desafios

Gravado inteiramente em câmera subjetiva (primeira pessoa), o filme emprega tomadas contínuas, ou planos-sequência e mudanças no cenário em tempo real para capturar a passagem do tempo sem cortes. Essa abordagem exigiu uma coordenação quase coreografada dos contrarregras, adicionando uma camada de complexidade à produção.
A direção de fotografia, de Carlos Wagner, reforça essa proposta com iluminação também em tempo real, durante a filmagem, para retratar a passagem do tempo através da luz: desde a luz branca da manhã até os tons amarelados do fim da tarde e azulados durante a noite, completando a transição temporal.
Essa técnica não apenas simula condições de luz naturais, mas também contrasta com a perda não natural da percepção de cores do personagem. A filmagem de “Espectro” foi feita com a câmera fixada na cabeça de Anderson Antunes, que também interpreta o protagonista. Sem nenhum feedback visual em tempo real, ele não podia ajustar o enquadramento durante as gravações, o que aumentou a dificuldade técnica.
Essa abordagem adicionou uma camada autêntica, tornando a experiência mais imersiva ao refletir a perspectiva do protagonista criando uma sensação de imediatismo e intimidade não convencionais, conectando o espectador diretamente à jornada do personagem, refletindo sua perda de percepção das cores e mudanças internas da personalidade do protagonista.
O filme trabalha metáforas para temas mais amplos, incluindo alienação e o impacto das pressões sociais modernas na identidade pessoal. A abordagem surrealista, inspirada em figuras como Salvador Dalí e Luis Bunuel, intensifica sua natureza abstrata, convidando os espectadores a interpretar a luta interna do protagonista através de uma lente psicológica e existencial.
Detalhes de Produção e Equipe
Produzido em três dias (13, 15 e 16 de dezembro de 2024) em um ambiente interno, “Espectro”
foi escrito por Anderson Antunes aos 20 anos e realizado agora, aos 40.
A equipe inclui Marinete Pinheiro (produção executiva e assistente de direção), Angeliana Louveira (produção) e Miguel Penariol (edição e correção de cor).
A exibição gratuita está marcada para ocorrer neste mês de março, ainda com local a ser definido.