Acho que eu não tinha noção de sua grandeza. Aliás, claro, sabia que era um artista único em Mato Grosso do Sul, mas, pelo contato frequente, me dei a ousadia de questionar o porquê da selfie, já que estava sem maquiagem naquele momento.
Este encontro ocorreu há seis dias. Jonir Benedito de Figueiredo, de 73 anos, estava no Mercadão Municipal de Campo Grande e lá nos cumprimentamos. A presença dele era frequente no local e, na época do frio, não tinha um que não o olhava: usando sobretudo, cachecóis e chapéu, chamava a atenção pela sua elegância.
Os olhos azuis e a voz de quem “falava cantando” eram outras características únicas do corumbaense. Quando nos conhecemos e ele soube que eu era jornalista, o papo foi longo.
Falou de sua carreira, de suas obras em Paris, da umidade que havia atingido o seu antigo ateliê e da busca por um novo endereço, de Bonito, cidade que tanto amava e até de signo. Uma virginiana e um libriano junto, já viu… entendi na hora porque ele gostava tanto do belo!

Hoje, na verdade, entendo o tanto que ele era belo. Neste último encontro, que eu jamais imaginei que fosse último, Jonir me pediu uma selfie.
Tiramos, ele questionou se eu não iria para Bonito cobrir o festival de cinema, e terminamos a conversa. Fui embora, esqueci da foto. Horas depois, ele manda mensagem cobrando: “Cadê?”
Enviei, foi a última foto. Nos dias seguintes, a mensagem cordial de Bom Dia. No fim de semana, sua partida silenciosa e reflexiva.
A entrevista do seu novo ateliê, que tanto me disse que queria fazer, não saiu. Mas a lição que me deixou é muito maior. Só agradeço a oportunidade do convívio. A vida é um sopro…

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