Espaço democrático, feiras são oportunidades para artesãos que buscam locais para expor

As feiras culturais de Campo Grande se consolidaram como espaços de oportunidade de empreendimento para quem não tinha um espaço físico para expor o que produz. É o caso da artesã Carla Campos, uma das expositoras da Feira Borogodó, que acontece neste domingo (5), até às 15h, na Praça Coophafé, em Campo Grande.

Ela começou a produzir itens como sabonetes e cremes naturais há quatro anos, durante a pandemia de covid-19, mesma época em que recebeu o diagnóstico de autismo do filho. 

Carla tinha voltado para Rondônia, estado de onde ela é, e passou a pesquisar formas de fazer uma renda. Foi quando descobriu o universo da saboaria. 

Tentativa em meio à crise 

Com o diagnóstico do filho, ela decidiu então voltar a morar em Campo Grande para que o pequeno tivesse mais acesso a tratamentos e suporte. Assim, ela usou uma parcela do auxílio emergencial para comprar os primeiros insumos para produzir um sabonete facial.

O auxílio foi pago pelo Governo Federal na época a pessoas de baixa ou sem renda, e foi com ele que ela passou a conciliar a produção de itens da marca e os cuidados com o filho.

Com o tempo, a empreendedora passou a ampliar os produtos oferecidos pela Botânica Saboaria, que hoje incluem não só sabonetes, mas também espumas para banho, máscara para o rosto, esfoliantes, perfumes para o cabelo, creme clareador e até perfumes para casa. Tudo feito a mão e de maneira artesanal.

Entre as novidades, está uma linha de skincare (cuidados para a pele) destinada a crianças e pré-adolescentes, que será lançada em breve. 

Cerâmica 

A artesã Bianca Alexandrino também encontrou nas habilidades manuais uma fonte de renda.

Ela começou produzindo um presente para o namorado dela em 2022, mas como sempre teve uma “veia artística”, gostou muito de produzir peças em cerâmica fria e biscuit.

Foi então que surgiu a ideia de vender pelo Instagram os itens que foi produzindo. 

São chaveirinhos, miniaturas de animais, incensários, porta-joias, porta-copos e vários outros itens de decoração.

“É uma forma de levar arte para todos os públicos e também de mostrar que é possível viver da arte num país onde artistas não são muito valorizados”, compartilha Bianca. 

Miniaturas de crochê

As “miudezas” também fazem parte da rotina da Tatiana Freitas Cintra Otsuru. Ela se formou em Direito e tentou passar no exame da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) por três vezes, mas logo percebeu que essa realidade não era exatamente o que ela buscava para sua vida.

Como sempre teve o sonho de ter uma casa que pudesse fazer e decorar do jeitinho dela, propôs ao marido, que é japonês, que eles fossem para o Japão para trabalhar e levantar recursos para a construção da casa-própria.

No entanto, o esposo sofreu um acidente e ficou sem trabalhar por um tempo. Foi nesse momento que ela começou a “crochetar”. Quando Tatiana tinha 12 anos, a mãe dela a ensinou a fazer os pontos alto e baixo do crochê e, mais tarde, uma amiga a ensinou a fazer correntinha.

Com esse pouco conhecimento e com vontade de aprender, a empreendedora comprou revistas que ensinam a técnica e ela passou a produzir amigurumi, uma técnica japonesa usada para criar bonequinhos feitos a mão, de crochê.

Ao voltar para Campo Grande e se aperfeiçoando ainda mais na técnica, passou a vender os itens em feiras culturais, fazendo com que os amigurumis sejam sua principal atividade profissional.

Tatiana pegou tanto gosto que passou também a colecionar revistas de crochê, como hobby, e hoje tem cerca de 300 revistas.

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