A paixão pela China sempre foi tamanha que, na família, todos brincavam com a esposa de Rafael Rezende Macedo, de 41 anos. “Olha que ele vai pra lá e vai te trocar por uma chinesa hein”. No entanto, a fissura sempre foi pela tecnologia: do carro aos eletrônicos em casa, tudo sempre foi do país estrangeiro.
E a profissão o aproximou ainda mais da cultura oriental, dando a oportunidade do engenheiro — especialista em energias renováveis — viajar diversas vezes para lá, trabalhar diretamente com chineses em uma multinacional e, inclusive, criar um podcast de nome “Papo de Usina”, o qual constantemente discute e informa sobre os investimentos bilionários dos asiáticos em nosso país.
Porém, voltando ao tempo, é o período da pandemia, quando ainda morava em Campo Grande, que o fez buscar oportunidades. Além de iniciar aulas particulares de Mandarim, buscou vagas gratuitas em universidades da China, oportunidade em que conseguiu passar por um processo seletivo e fazer um MBA gratuito e à distância, se tornando embaixador da Peking University no Brasil.
Perguntas sem parar no Linkedin motivaram Rafael a escrever o livro

Aos poucos, foi mudando o seu perfil no Linkedin, colocando a escrita chinesa e mostrando seus certificados e experiências por lá. Enquanto isto, no grupo da família, quase “matou a mãe do coração” quando postou comendo um “espetinho de escorpião”, entre outras fotos mostrando paisagens paradisíacas e uma cultura totalmente diferente da nossa, mas, que ele ama em muitos aspectos.
E o que era uma paixão se tornou realidade. Nas redes sociais, começaram a pipocar mensagens de outras pessoas, perguntando como ele fez para estudar gratuitamente na China, seja de casa ou presencialmente, como caçar estar vagas e quais oportunidades muitas vezes estão escancaradas e nem ficamos sabendo. Foi a deixa para o engenheiro usar as horas livres para escrever um livro “MBA na China Tudo Que Você Precisa Saber”.
A reportagem do Jornal Midiamax conversou com Rafael, questionando sobre o que o motivou a escrever um livro sobre as qualificações existentes na China e de onde surgiu o fascínio pela segunda maior economia do mundo, oferecendo agora, um passo a passo para as pessoas se candidatarem às melhores universidades.
‘Brasil não sabe o que aconteceu na China nos últimos 40 anos’, avalia engenheiro

“A motivação para escrever este livro veio de duas experiências principais. Ao longo da minha carreira, tive inúmeras oportunidades de viajar para a China e percebi que há um desconhecimento muito grande no Brasil, sobre tudo o que aconteceu no país nos últimos 40 anos. A China passou por uma transformação impressionante, saindo de uma economia predominantemente agrícola para se tornar a segunda maior economia do mundo, líder em tecnologia, energia renovável e infraestrutura”, iniciou.
Conforme Rezende, muitas pessoas ainda têm uma visão desatualizada ou estereotipada da China, sem entender o impacto que o país tem no cenário global hoje. “Durante o meu processo de admissão para o MBA na China, percebi que havia uma grande lacuna de informações para estudantes brasileiros. Quando decidi me candidatar, tive que buscar informações de forma quase autodidata, já que não havia muitos recursos disponíveis sobre como se preparar para os exames, escrever as redações ou mesmo entender o que as universidades chinesas esperavam dos candidatos”, argumentou.
Na época, o engenheiro ressalta que “foi um caminho desafiador”, sendo que, agora, ele percebeu que poderia facilitar a vida de outras pessoas que queiram seguir esse mesmo caminho. “Essa combinação de fatores — a falta de informações durante meu processo de admissão e o desconhecimento geral sobre o desenvolvimento da China — me motivou a escrever este livro. Queria não apenas ajudar futuros candidatos a MBAs na China, mas também contribuir para uma maior compreensão do papel que a China desempenha no mundo atual e como os brasileiros podem se beneficiar dessa relação”, disse.
Questionado sobre os principais benefícios de fazer um MBA na China, Rafael comenta que, primeiro, é uma grande oportunidade de mergulhar em uma cultura milenar e entender como os negócios funcionam em um dos mercados mais dinâmicos do mundo.
China é uma potência e estudar lá traz contato direto com líderes globais, explica engenheiro

“A China é uma potência econômica em ascensão, e estudar lá permite que você tenha contato direto com empresas líderes globais e estratégias de negócios inovadoras. Outro ponto importante é o custo-benefício: as universidades chinesas oferecem uma educação de alto nível a um custo mais acessível em comparação com os EUA ou Europa. Por fim, a rede de contatos (networking) que você constrói durante o MBA é incrivelmente valiosa, tanto com colegas de classe quanto com profissionais e ex-alunos que ocupam posições de destaque no mercado”, opinou.
Sendo assim, o Jornal Midiamax perguntou quais são os maiores desafios que os candidatos enfrentam ao se candidatar a um MBA na China. “Acredito que a preparação para os exames de admissão, como o GMAT ou GRE, já que exigem um alto nível de dedicação e estudo. Além disso, muitos programas exigem proficiência em inglês/mandarim, o que pode ser uma barreira para alguns candidatos. Outro desafio é a falta de familiaridade com o sistema educacional e a cultura chinesa, o que pode tornar o processo de adaptação mais complexo. Por fim, concorrência acirrada, especialmente em universidades de ponta como a Peking University e a Tsinghua University, então é crucial que os candidatos apresentem uma candidatura bem preparada e diferenciada”, disse.
A reportagem também questionou sobre a experiência pessoal na universidade, o que Rafael qualificou como “transformadora”, principalmente por lidar com um ambiente acadêmico rigoroso, com professores renomados e uma grade curricular que combina teoria e prática.
“Um dos pontos altos foi o Integrated Practicum Project (IPP), onde trabalhamos em consultorias reais para empresas chinesas. No meu caso, tive a oportunidade de desenvolver um trabalho em conjunto com a Panasonic Energy China. Isso me permitiu aplicar os conceitos aprendidos em sala de aula em situações reais de negócios em um ambiente multicultural no contexto da China. Além disso, a diversidade cultural dos colegas de classe enriqueceu muito a experiência, pois tive a oportunidade de interagir com estudantes de diferentes partes do mundo e aprender com suas perspectivas, bem como professores das mais renomadas universidades da América do Norte, Europa e China”, ressaltou.
O engenheiro ainda argumenta que o networking é um dos aspectos mais valiosos de um MBA na China. “As universidades chinesas têm redes de ex-alunos (alumni) muito fortes, e muitos desses ex-alunos ocupam posições de liderança em grandes empresas. Durante o MBA, você tem a oportunidade de construir relacionamentos com colegas, professores e profissionais do mercado, o que pode abrir portas para oportunidades de carreira no futuro. Além disso, a cultura de negócios na China valoriza muito o conceito de “Guanxi”, que se refere à construção de relacionamentos de longo prazo. Ter uma rede de contatos sólida pode ser um diferencial significativo na sua carreira”, explicou.
Preparo para exames inclui rotina intensa e disciplina
Para se preparar para o exame, Rafael fala que teve uma rotina intensa e de muita disciplina. “Primeiro, foquei nos exames de admissão, como o GMAT, que exige um bom desempenho em matemática e raciocínio verbal. Dediquei meses de estudo e fiz várias tentativas até alcançar uma pontuação competitiva. Além disso, trabalhei nas minhas redações (essays), que são uma parte crucial da candidatura. Nelas, tive que demonstrar minha motivação para fazer um MBA na China, meus objetivos de carreira e como eu poderia contribuir para a comunidade acadêmica. Também busquei recomendações fortes de supervisores e colegas de trabalho, e me certifiquei de que todos os documentos estavam em ordem, incluindo traduções certificadas”, ponderou.
Por fim, Rafael dá conselhos para quem está com o mesmo propósito. “Meu principal conselho é começar a se preparar com antecedência. O processo de admissão é competitivo e exige tempo para se preparar para os exames, escrever as redações e reunir toda documentação necessária. Além disso, é importante pesquisar bem as universidades e programas que melhor se alinham com seus objetivos de carreira. Outro ponto crucial é estar aberto à imersão cultural, enfim, a China é um país fascinante”, finalizou.
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