A canção gospel, na voz de Deyse, agora arrepia ainda mais e faz parte de uma homenagem a socorrista do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), que completaria 36 anos, nesse domingo (23), e faleceu após acidente na BR-060.
Segundo o primo, Nildo Campos, Deyse descobriu o talento na infância e sempre cantava, no decorrer da semana, na igreja. “Ela sempre foi muito amada, mas, eu não imaginava o quanto ela era querida. Nós crescemos juntos, na mesma casa. E recebemos este vídeo emocionante, dela cantando, nos emocionou muito”, afirmou.
No vídeo, Deyse canta em um dia comum, na igreja, o trecho: “Pra Te servir, Jesus, eu tenha que chorar. Te servirei porque comigo estarás. Sofrer contigo é bem melhor do que errar…”, sendo agora eternizado e ecoando na mente de todos que a amam e sentem saudades.

Conforme Nildo, pacientes socorridos por ela e pessoas que moram distante fizeram questão de falar o quanto a amavam, para toda a família. Além disso, ressalta que a filha da Deyse agora cursa enfermagem, seguindo os mesmos passos da mãe, algo que era o sonho dela.
“Foi forte e emocionante ver pacientes atendidos por ela, todo parafusado, com faixas, mas, que fizeram questão de estar presente no velório e dizer que ela salvou a vida deles. O cortejo também passou na frente do posto onde ela trabalhava e todos a aplaudiram muito”, argumentou.
Morando em Goiás, a assistente social Dayana Lopes, de 36 anos, fez questão de permanecer ao lado de Deyse, enquanto esteve hospitalizada e depois, no momento da despedida. “Nós eramos irmãs de mães diferentes, ela era a metade de tudo da minha vida”, comentou.
Confira o vídeo:
Ao Jornal Midiamax, Dayana, muito emocionada, fala que está sendo muito difícil retomar a sua rotina, já que perdeu a melhor amiga, a irmã de alma, a sua “xilique”, como a chamava.
“Deyse partiu de forma inesperada, deixando um vazio que nada pode preencher, mas também um legado de amor, cumplicidade e amizade verdadeira…
Nossa história começou há mais de 17 anos, no primeiro dia de faculdade de Serviço Social. Desde aquele momento, a conexão foi instantânea e inquebrantável. Não éramos apenas amigas; éramos parte uma da outra. Compartilhamos sonhos, segredos, conquistas e desafios. Se algo acontecia na minha vida, era para ela que eu contava primeiro. Se havia uma alegria a ser celebrada, era ao lado dela que eu queria estar. E, se o mundo desmoronasse, eu sabia que ela seguraria minha mão e me ajudaria a reconstruí-lo.
Nosso amor era evidente para todos ao nosso redor. Nos falávamos todos os dias, sem exceção. Dizíamos “eu te amo” sem medo, sem esperar datas especiais, sem reservas. Nossa amizade era tão intensa que causava ciúmes nos familiares e amigos, porque todos sabiam que éramos insubstituíveis uma para a outra. Se ela precisasse de um rim, eu daria o meu sem hesitar.
Mesmo quando a vida nos levou para cidades diferentes, com 200 km nos separando fisicamente, a distância nunca foi barreira. Estávamos sempre presentes na vida uma da outra, nos esforçando para que o tempo e a correria do dia a dia nunca enfraquecessem nosso vínculo. E não enfraqueceram.
Deyse era ciumenta, fazia xilique se eu ousasse postar uma foto com outra amiga e dizer que a amava. Porque, para ela, o amor da minha vida era ela – e, para mim, sempre foi também. Eu ainda me pego esperando suas mensagens, sua voz, suas broncas, seus ciúmes engraçados e exagerados. Ainda escrevo para ela no WhatsApp, ainda faço reels para ela no Instagram, porque meu coração se recusa a aceitar que não a terei mais aqui fisicamente.
Mas, mesmo na dor, há gratidão. Gratidão por ter tido a sorte de viver uma amizade tão intensa e verdadeira. Gratidão por tudo o que vivemos e compartilhamos. Gratidão porque ela me deixou duas metades dela para eu continuar amando: seus filhos, Júlia e Léo, que desde pequenos me chamam de “Xiiia”.
Deyse, minha Xilique, eu sempre vou te amar. Muito, muito, muito. Daqui até a eternidade“, encerrou.

Como foi o acidente?
A motociclista morreu no dia 16 de março, quase um mês após se envolver em um acidente entre motocicleta e carreta, no trecho de serra localizado entre o Bairro Coophavale e a Vila Industrial, em Camapuã, a 142 km de Campo Grande.
Deyse Paião voltava para casa com o filho quando bateu na traseira da carreta, que estava parada na segunda faixa da rodovia, na BR-060. Ela foi socorrida e ficou internada por 24 dias.