É quase impossível não olhar fixamente a foto e ler todo o post. Sim, a pessoa estava doando um colchão. DOANDO. Tem algum mal nisso? Nenhum, não fosse um colchão tão velho e sujo, que o seu único destino deveria ser o descarte. Mas qual é o caminho mais “viável” para os “folgados de plantão”? Qual é o jeitinho brasileiro de lidar com as coisas? Neste caso, doar e mandar a deixa final: “Não entrego!”. Ou seja, venha buscar logo, porque eu quero me livrar deste trambolho aqui!
Sinceramente, este fato fez lembrar da minha saudosa avó. Ela falava que, até para doar algo, é preciso ter dignidade. Como costureira, reparava em cada detalhe de uma roupa e consertava tudo, não só as que estávamos usando no momento, bem como as que seriam doadas. E assim eu cresci, entendendo que doação é um objeto que você não usa há seis meses, um ano, e que está em bom estado. Todo o resto é lixo. Não se doa nada para alguém em péssimo estado.
E, ultimamente, seja nos grupos de WhatsApp, seja em espaços específicos para doações no Facebook e até sites na internet, muita gente posta absurdos, como porta enferrujada e sem batente para ser doada e peças de roupas encardidas; inclusive, no período da pandemia, o assunto rendeu no Jornal Midiamax. Veja só: Sapato descolando e sem cadarço mostra que tem gente que usa doação para fazer descarte de lixo.
A neurocientista comportamental Adriana Fernandes Alves tem algumas explicações. “Vejo que a prática de doar objetos que já não têm mais utilidade e, muitas vezes, estão em péssimo estado, então, pode ser uma forma inconsciente de aliviar a própria culpa por descartar algo que já não serve. Nosso cérebro busca constantemente justificativas para preservar uma autoimagem positiva perante a sociedade. Em vez de jogar fora, dizer que está doando pode parecer um ato nobre”, esclarece.
‘Falsa generosidade’, avalia neurocientista
No entanto, de acordo com Alves, isso é uma falsa generosidade, como se a pessoa quisesse apenas mostrar o quanto ela está sendo generosa aos olhos dos outros, e não no ato em si. “A doação verdadeira nasce da empatia, da vontade de ajudar o outro com algo que ainda tem valor, e não apenas de se livrar do que sobrou. Doar é um gesto que envolve intenção, não apenas destino”, ressaltou.
Por fim, Adriana relembrou o caso das doações destinadas ao Rio Grande do Sul, em maio de 2024. “Vi muito isso nas doações arrecadadas às vítimas de enchentes, em que os voluntários achavam até um único pé de sapato ou muitas roupas rasgadas, a ponto de não ter nenhuma utilidade; então, significa dar mais importância ao que os outros vão pensar do que propriamente ajudar o próximo”, finalizou.
E você, já recebeu algum item de doação que deveria estar no lixo? Ou, então, doou algo e depois reconheceu ser um item que deveria ter sido descartado? Conte para a gente!
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