O que parecia incomum logo se tornou absurdamente comum diante de tantos relatos de inquilinos, os quais reclamam de “zero privacidade” e possíveis invasões de domicílio, em Campo Grande. Tudo começou com a denúncia de uma mulher, em uma página na internet, contando desde as exigências da proprietária até o momento em que descobriu que ela entrava em seu “apê”, quando estava fora ou viajando.
No mesmo dia em que a reportagem do Jornal Midiamax foi ao ar, outros relatos vieram à tona e mostraram que tais invasões viraram “febre” por aqui. Uma assessora comercial, de 31 anos, disse, inclusive, que “levou um susto” quando viu o título e achou que seria algo relacionado a sua antiga moradia, já que a situação que vivenciou é muito semelhante.
“Levei um susto já no título. Aconteceu comigo em uma vila de kitinets, na Vila Piratininga, literalmente a mesma situação, já que eles [donos] tinham cópia das chaves de todo mundo e ainda estacionavam os carros de parentes deles em nossas portas. E nem avisavam. Várias vezes acordei, de sutiã ou pijama e aí dava de cara com um desconhecido com o carro na minha porta. Só a situação das chaves era o que eu e os vizinhos mais conversávamos”, afirmou a assessora, que prefere não se identificar.
Donos tinham postura de ‘aqui a gente manda’
Desde o início, mesmo passando por toda a burocracia para alugar o imóvel, a assessora ressaltou que os proprietários sempre tiveram a postura de “aqui a gente manda”. “Fiquei dois anos neste imóvel, onde tinham várias casinhas. Desde o início, a questão da privacidade era muito falada entre a gente. E passamos por várias situações, tentávamos resolver entre nós mesmo, mas, a privacidade continuava sendo zero”, comentou a antiga moradora.
No decorrer dos dias, a assessoria diz que era comum ouvir relatos sobre as fechaduras. “O vizinho falava que foi viajar e deu duas voltas na chave. Quando voltou, estava trancado o imóvel, porém, só com uma volta. E infelizmente a gente não tinha prova concreta, de que ele entrava lá e entrava a bel-prazer. Gostaria de ter tido essa ideia genial da moradora que colocou a câmera na época, mas, não tive”, lamentou.
Ainda conforme a assessora, a sensação é que, o tempo todo, os proprietários estavam “fazendo um favor” aos inquilinos. “É complicado e muito desconfortável o proprietário achar que tem esse direito e até se sentir incomodado se você reclamar, então, me pegou demais esta notícia, lembrei de situações constrangedoras que passei, até na frente do meu pai, que estava ao meu lado no momento da mudança, tanto que cheguei lá quando estava saindo. Acho que fica o relato para muitos saberem como é difícil viver de aluguel também”, disse.
‘Colocou móveis em um dos quartos da minha casa’, relembra inquilina
Outra inquilina, que também prefere não se identificar, fala que os donos chegavam a avisar que tinham a chave reserva, em “tom de ameaça”. No condomínio em que ela mora, outras pessoas não quiseram comentar o assunto, apenas ressaltaram que “viver de aluguel é humilhante”.
“Eu já morei de aluguel em várias situações, imobiliária, direto com o dono, então, tenho várias lembranças. E a mesma situação já aconteceu comigo. Aluguei uma casa e fiz contrato e tudo mais, tudo certinho. A dona da casa entrou e colocou alguns móveis do filho que havia separado na época, em um dos cômodos que estava sem nada. A casa tinha dois quartos e um eu não usava. Ela entrou sem minha permissão, e sem me avisar. Fiquei abismada e sem acreditar no que havia acontecido”, comentou.
Orientações sobre troca de fechaduras
A troca de fechaduras de um imóvel alugado é possível? Sim, porém, é necessário seguir algumas regras para garantir que a alteração seja feita de forma adequada, tais como avisar o dono, obter autorização por escrito e contratar um profissional adequado para fazer o serviço.
Isto é possível porque é garantido ao inquilino o direito de ter sua privacidade e segurança durante o período contratual. No entanto, alguns contratos podem proibir a troca do segredo das fechaduras. Se o locador proibir a troca, ele estará agindo irregularmente e assumindo qualquer responsabilidade se alguém entrar no imóvel.
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