No bairro Santa Luzia, em Campo Grande, murais com paisagens do Pantanal chamam atenção em meio a residências de cores neutras. À primeira vista, as pinturas se destacam pelas cores vivas, mas também são inusitadas por decorarem muros de casas, já que esse tipo de arte é, geralmente, encontrada em paredes de botecos.
Logo que entramos na rua Santa Isabel, uma das residências que saltam aos olhos, pela paisagem pintada no muro, pertence a Edna Gomes Diniz, 57 anos. A moradora disse que decidiu contratar o serviço quando viu o mural em outra casa do bairro. Assim, pegou o contato do artista e o contratou para produzir uma arte única em sua casa.
“Meu marido queria um muro pintado assim. Então, vimos de uma vizinha na rua de cima e decidimos pegar o contato. Depois de pronto, todo mundo elogia, dá os parabéns pelo muro, pega o contato do pintor. Chama atenção porque é um muro grande”, conta Edna.
O artista responsável é Joel Viana de Oliveira, 61 anos. O pintor começou a praticar artes plásticas quando tinha 19 anos e morava ainda em Ponta Porã. Na época, pintava telas, mas ainda não fazia profissionalmente. Trabalhar como cabeleireiro era o seu “ganha-pão”.
“Meu ganha-pão antigamente era cortar cabelo em salão. Então, resolvi ir para Corumbá, mexer com arte lá e ver se dava certo. Graças a Deus deu certo e comecei a pintar em muros. Mas tela também eu ainda faço quando alguém encomenda”, conta.
Artista perdeu a conta de murais que já criou
Em 2011, Joel se mudou para Campo Grande e continuou a trabalhar com os murais. Cliente é o que não falta, já que um indica a outro, e o boca a boca vira o maior aliado na divulgação de seu trabalho. O artista conta que já perdeu até as contas de quantos murais já pintou, morando há 14 anos na capital.
“Felizmente não consigo nem contar. Muitos clientes ligam pedindo para reformar murais que fiz há anos na casa deles e eu nem lembro direito. Eu só lembro quando a pessoa manda uma foto do desenho, que fica meio desbotado com o tempo, mas reconheço”, conta.
Não só em muros externos se encontram as pinturas de Joel. Clientes o contratam para criar murais na parte interna da casa. Alguns em salas, áreas de piscina e churrasqueira. A decoração cai bem em vários espaços da casa. “O pessoal pede muito também na beira de piscina. “Estou fazendo uma cachoeira em uma casa, já terminei o pô-do-sol, ainda falta finalizar a cachoeira”, conta.

Clientes escolhem tema da paisagem
A maioria de seus trabalhos envolve o cenário do Pantanal, com a fauna e flora nativa. Contudo, Joel faz o gosto do cliente. Seja em residência ou comércio, quem contrata seu trabalho faz o pedido e o artista solta a imaginação.
“Além de Pantanal, eu pinto também cachoeira, mar, o que o cliente pedir. Em comércio, geralmente, a gente dá uma ideia de projeto que pode ser pintado de acordo, para bater com o estilo e nome. Alguns pedem de um jeito específico e outros falam ‘como você é o artista, faz o que senhor quiser’. Então vou criando”, explica.
Assim fez Francisca Cunha, 60 anos, que também contratou os serviços de Joel. A moradora tinha apenas uma exigência: onças e tuiuiús. Por ela, a onça seria ainda maior, mas o artista precisou respeitar a perspectiva do desenho e fazer de um tamanho que combinasse com o cenário. No fim das contas, a pintura acertou em cheio o gosto da cliente.
“Eu queria uma onça, tuiuiú, e o resto foi criação dele, que sabe pintar. Eu sei falar só o nome dos bichos, mas não sei pintar”, brinca.
O mural fica um pouco escondido, mas quem vai até seu portão, logo consegue visualizá-lo. “O pessoal vê mais o da vizinha da frente. Aqui é mais escondido, só quando alguém vem falar comigo no portão que vê. As visitas acham bonito, interessante, parece que a gente está vendo mesmo o Pantanal”, conta.

Esboço e pintura têm ordem certa
Para chegar ao resultado final da pintura, muitas etapas precisam ser respeitadas. Essas, são feitas na ordem correta, para nada ficar borrado ou desproporcional do desenho. O esboço, primeira etapa da pintura, começa com os elementos que estão à frente, na perspectiva, e depois passa para o fundo. Na parte da pintura, o processo é contrário.
“Geralmente todo esboço é começado de baixo para cima, da frente para os fundo. Todas as aplicações das cores é dos fundos para a frente, de cima para baixo. Então tudo que é riscado primeiro é pintado por último e vice-versa”, explica o artista.
Até mesmo os “defeitos” na parede são aproveitados e viram arte. “Geralmente, quando tem um defeito na parede, algum rachado, a gente pega e transforma em arte também. A gente vai inventando”, conta.
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