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Réptil que só existe no Pantanal some do mapa após incêndios devastadores: ‘não encontramos’

Encerrado o período dos incêndios, pesquisadores não encontraram mais nenhum exemplar da espécie, vivo ou queimado
João Ramos -
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Cobra-d'água encontrada morta e incêndio no Pantanal - (Fotos: Gabriela do Valle, acervo dos pesquisadores e Henrique Arakaki, Midiamax)

Reconhecida pela ciência como única espécie de réptil exclusiva do Pantanal, a cobra-d’água (Helicops boitata) sumiu do mapa. Estudo publicado este mês na revista “Biodiversidade Brasileira” constatou o da espécie que só existe no bioma depois dos incêndios que devastaram a planície alagada, entre 2020 e 2023. Agora, o animal corre o risco de ser declarado como ameaçado de extinção.

De acordo com o artigo científico, os pesquisadores localizaram apenas exemplares mortos de cobra-d’água horas após episódios de queimadas. Contudo, encerrado o período da ocorrência de fogo, os estudiosos não encontraram mais nenhum exemplar da espécie, vivo ou queimado.

O levantamento foi realizado no Pantanal dos municípios de Poconé e Barão de Melgaço, em Mato Grosso, entre os anos de 2020 e 2023. Ao todo, os cientistas contabilizaram 1707 registros de 45 espécies, em expedições feitas com e sem a ocorrência de incêndios.

Cobra-d’água vive em ambiente extremamente vulnerável

Durante as expedições de emergência, realizadas até 72 horas após o fogo ser apagado, as serpentes abrangeram o maior número de indivíduos mortos entre os répteis. Além disso, nove espécies foram registradas exclusivamente na emergência, sendo quatro lagartos e cinco serpentes, incluindo a Helicops boitata.

Segundo os pesquisadores, as carcaças das cobras-d’água costumavam ser encontradas em grupos. “O que chama a atenção é que até esse monitoramento, poucos exemplares dessa espécie tinham sido encontrados. O que vemos agora é que ela ocorre em um ambiente de difícil acesso e que esse ambiente está extremamente vulnerável, destaca o biólogo Leonardo Felipe Bairos Moreira, pesquisador do INPP e um dos autores do artigo, à Agência Bori.

O fato da cobra-d’água ser uma espécie que precisa de corpos d’água para sobreviver e utiliza fendas no solo para se abrigar em períodos de seca dificulta seu monitoramento e potencializa sua vulnerabilidade diante do fogo.

Cobra-d'água encontrada morta durante a emergência no Pantanal - (Foto: Gabriela do Valle, Acervo Pesquisadores)
Cobra-d’água encontrada morta durante a emergência no Pantanal – (Foto: Gabriela do Valle, Acervo Pesquisadores)

Risco de extinção

Depois da pesquisa, que não mais localizou cobras-d’água vivas ou mortas após os incêndios, a serpente foi avaliada como ameaçada de extinção, segundo os critérios da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), e deve aparecer já na próxima versão da Lista Oficial de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção

Pós-doutorando do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Animal na UFG e principal autor do artigo, Alejandro Valencia-Zuleta, declara à Agência Bori que os métodos atuais ainda não conseguem avaliar com precisão os impactos do fogo e da seca sobre a biodiversidade de répteis e anfíbios no Pantanal.

Ele alerta que outras espécies, possivelmente desconhecidas e endêmicas, podem estar gravemente ameaçadas. Não encontramos tantos anfíbios quanto o esperado, mas isso não significa que não estejam morrendo; podem ter sido carbonizados, predados ou estarem muito bem escondidos”, explica.

A cobra d’água recebeu o nome científico de Helicops boitata em à serpente folclórica que protege as florestas contra incêndios causados pelo homem. O artigo científico que divulgou a ameaça de extinção à espécie foi escrito por pesquisadores do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), da UFMT ( Federal de Mato Grosso), da UFG (Universidade Federal de Goiás) e do INPP (Instituto Nacional de Pesquisa do Pantanal).

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