Projeto que já registrou mais de 70 jaguatiricas busca compreender comportamentos da ‘oncinha’
Projeto Jaguatiricas no Pantanal de Miranda monitora e pesquisa espécie de felídeo, também conhecido como ‘ocelote’
Osvaldo Sato –
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A jaguatirica (Leopardus pardalis), um dos felinos mais emblemáticos do Brasil, é reconhecida por sua beleza e agilidade. Essa espécie desempenha um papel crucial no equilíbrio dos ecossistemas em que habita. No entanto, a jaguatirica enfrenta diversas ameaças, como a perda de habitat e a caça. Com a crescente urbanização e o desmatamento, a sobrevivência deste animal se torna cada vez mais desafiadora.
Por isso, biólogos e outros profissionais atuam no sentido de entender o comportamento dos animais com objetivo de proteger a espécie. É o caso do Projeto Jaguatiricas, desenvolvido na Fazenda San Francisco, no Pantanal de Miranda (MS), que busca entender e monitorar a população de jaguatiricas na região.
Desde 2002, os pesquisadores têm realizado coletas de dados que revelam informações importantes sobre a dieta e o comportamento desse felino. Visando obter informações detalhadas sobre a população de jaguatiricas, o projeto começou a implementar um novo ciclo de monitoramento. Os pesquisadores capturam indivíduos e instalam rádio-colares munidos de GPS para analisar comportamentos relacionados à reprodução, alimentação e uso do território. Essa abordagem permite um entendimento mais profundo sobre como a jaguatirica se adapta a um ambiente que, embora não seja o seu habitat natural, se tornou parte de sua realidade devido à interferência humana.
Em entrevista ao Jornal Midiamax, o biólogo Henrique Concone, coordenador do projeto, enfatizou a importância de entender como a jaguatirica interage com os agroecossistemas. “Aqui na Fazenda San Francisco é onde se tem as melhores chances de avistar indivíduos da espécie, e há muitos avistamentos na lavoura, que não é o ambiente natural da espécie”, explica. Essa adaptação da jaguatirica a ambientes alterados pelo ser humano é uma das áreas que o projeto pretende investigar mais a fundo.
Até agora, o projeto já registrou mais de 70 indivíduos ao longo de aproximadamente 10 a 12 anos de coleta de dados, o que representa uma densidade demográfica de cerca de 45 jaguatiricas a cada 100 km². Neste ano, já foram instalados rádio-colares em quatro jaguatiricas e três lobinhos, permitindo uma análise detalhada de seus comportamentos.
Biólogo preocupado com situação da fauna diante das queimadas no Pantanal
A Fazenda San Francisco está localizada na região do Pantanal de Miranda. Todo o ecossistema foi amplamente afetado pelas queimadas desta temporada, que foram antecipadas e causaram danos consideráveis em diversos pontos.
Na região do Pantanal da Nhecolândia, por exemplo, teve parte de seus estudos destruídos por um incêndio na área da Fazenda Cayman. Diversos ninhos instalados e monitorados pelo projeto foram atingidos.
No caso das jaguatiricas, apesar de não constar como espécie ameaçada, como a arara-azul, a destruição dos ecossistemas também ameaça a ocorrência da espécie em seu habitat natural. “É difícil mensurar o impacto dos incêndios, mas seguramente muitos indivíduos de diversas espécies morreram”, afirmou Concone.
Neste sentido, o papel da pesquisa e também do profissional biólogo mostra-se fundamental. Concone destaca sua motivação: “O que me move como biólogo é a vontade de conhecer mais sobre as espécies, entender como elas vivem e sobrevivem, suas estratégias, adaptações.”
A paixão pela pesquisa impulsiona o esforço de conservação, que, além de beneficiar a jaguatirica, pode servir de modelo para a proteção de outras espécies.
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