Peixe que atacou turista, galo denunciado à polícia e morte de sucuri icônica: MS teve 2024 agitado no reino animal

Tatu com pênis acima da média, touro criado em casa e cobras secretas de Bioparque: relembre casos que movimentaram o reino animal de MS este ano

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Histórias emblemáticas tornaram reino animal destaque nas notícias em 2024 – (Fotos: Fala Povo, Midiamax e Reprodução das Redes Sociais)

“Que tiro foi esse?”. Parafraseando a pensadora contemporânea Jordana Gleise, mais conhecida como Jojo Todynho, o ano de 2024 foi “um arraso” no reino animal sul-mato-grossense. Mais uma vez, diversas espécies brilharam e viraram notícia pelos mais variados motivos, estampando até capas de jornais estrangeiros.

Nos últimos 12 meses, não faltaram acontecimentos. De galo agressor de idosa à apresentação da cobra píton, “escondida” no Bioparque Pantanal por quase dois anos em Campo Grande (MS), os animais roubaram a cena e tiveram seus momentos de destaque.

Lamentavelmente, a informação responsável por levar Mato Grosso do Sul para noticiários de todo o mundo e também por abrir esta retrospectiva envolve o falecimento de Vovózona, antológica sucuri-verde (Eunectes murinus) de Bonito (MS).

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Imagens da sucuri morta às margens do Rio Formoso comoveram a internet – (Fotos: Reprodução Das Redes Sociais e Cristian Dimitrius)

Polícia se envolveu em morte de sucuri

Logo no início do ano, no dia 24 de março de 2024, a fauna sul-mato-grossense entrou em luto com a notícia. Majestosa, imponente e maior já vista na região da cidade turística, a sucuri, que também era conhecida como Anajulia por pesquisadores que a monitoravam, apareceu morta no Rio Formoso.

Em um primeiro momento, ambientalistas divulgaram que ela teria sido assassinada a tiros e, portanto, vítima de um crime ambiental. Diante disso, a polícia foi acionada e autoridades se deslocaram até o local onde os restos mortais da cobra se encontravam para averiguar a denúncia.

Com a morte, a serpente finalmente pôde ser medida. Assim, ficou constatado que Vovózona tinha incríveis 6,45 metros de comprimento, sendo não só a mais imensa cobra da área, mas também a maior sucuri já catalogada no mundo, segundo o biólogo Henrique Abrahão. Antes dela, o maior exemplar documentado da espécie tinha 5,21 metros.

Perícia no local onde o corpo foi encontrado – (Foto: Pericia Científica)

Morte de sucuri foi desvendada por peritos

Ainda no final de março, a perícia coletou amostras do cadáver de Vovózona e descartou o resto do corpo no próprio Rio Formoso, do qual ela era considerada rainha. Após exames, os peritos concluíram que a gigante cobra, patrimônio da fauna sul-mato-grossense, não foi vítima de crime ambiental e, na realidade, morreu de causas naturais.

Laudo divulgado juntamente com amostras de raio-x provou que o animal não tinha sido baleado e nem esmagado a pauladas – Vovózona, possivelmente, morreu de velhice. Estima-se que ela tinha mais de 20 anos e, de fato, era a mais antiga da região alagada de Bonito.

Portanto, respondendo à pergunta do início desta retrospectiva (“Que tiro foi esse?), a resposta é: nenhum.

Exames provaram que crânio estava intacto e sucuri não foi baleada – (Fotos: Perícia Científica)

Peixe quase arrancou pé de turista em Bonito

Duas semanas depois do falecimento da serpente, a mesma cidade voltou a aparecer em jornais além das fronteiras de Mato Grosso do Sul por outro acontecimento do reino animal. Desta vez, no dia 10 de abril, um peixe da espécie Dourado (Salminus brasiliensis) surpreendentemente atacou e quase arrancou o pé de uma turista em um balneário local.

Segundo relatos de testemunhas, a mulher estava sentada em uma das áreas do Balneário do Sol com os pés nas águas do Rio Formoso, quando o Dourado apareceu e a abocanhou de maneira feroz. “Foi feia a coisa, quase arrancou o calcanhar dela”, relataram outros banhistas na época.

Em comunicado, o atrativo turístico detalhou que a vítima foi prontamente socorrida após ser mordida pelo peixe. A turista, de Presidente Prudente (SP), não teve sua identidade e nem idade reveladas. Ela chegou a ser hospitalizada no Hospital Darci João Bigaton, em Bonito, antes de retornar a São Paulo.

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Um exemplar de Dourado e o pé da turista atacada pelo peixe – (Fotos: José Sabino e Fala Povo, Midiamax)

Questionado pelo Jornal Midiamax sobre o futuro do animal, o Balneário respondeu que não isolaria e nem mudaria o exemplar de lugar pois isso “não é procedimento”. “Esse peixe provavelmente se confundiu na movimentação da água. Ele preda Piraputangas que ali há aos montes. Foi um caso isolado”, destacou o empreendimento ao MidiaMAIS.

Diante da repercussão, a Prefeitura de Bonito também se manifestou sobre o caso. “Reforçamos que esse tipo de acidente é muito incomum e nos raros casos em que acontecem, provocam apenas pequenos cortes, nunca tendo sido registrado em nosso município um caso semelhante ao ocorrido”, declarou o executivo municipal na época.

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Calcanhar de banhista quase foi arrancado por mordida de Dourado – (Fotos: Balneário do Sol e Fala Povo, Midiamax)

Touro Ferdinando e o sofrimento de Nádia

Funcionária de uma fazenda em Campo Grande (MS) também virou notícia nacional após ser separada de um touro que criou como filho. A história de Nádia, contada em primeira mão pelo Jornal Midiamax, comoveu internautas de todo o país e teve um final feliz após o apelo popular.

Tudo começou em janeiro, quando a sul-mato-grossense precisou pedir demissão da propriedade rural onde trabalhava e se mudar para a Capital de MS com os filhos pequenos e o marido. A mudança de endereço, no entanto, a separou de Ferdinando, um touro do patrão criado por ela e seu esposo como um membro familiar dentro de casa.

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Ferdinando assistia televisão com as crianças e vivia dentro de casa – (Foto: Arquivo Pessoal)

A funcionária chegou a pedir ao chefe para levar o animal consigo, já que era muito apegada ao bovino e foi a principal responsável por cuidá-lo e fazê-lo “vingar”, mas o dono não autorizou, fazendo a encarregada entrar em tristeza profunda.

Desenganado, Ferdinando foi cuidado desde seu nascimento por Nádia e sua família, que, com todo amor do mundo, conseguiu fazer com que ele andasse e se tornasse um animal saudável, pois nasceu com as patas tortas e sem esperanças de sobrevivência.

Após deixar a fazenda, a moradora passou dois meses arrasada, chorando todos os dias de tanta saudade do mascote. Até que o irmão dela procurou o Jornal Midiamax em fevereiro e expôs o sofrimento da irmã. Depois da repercussão da primeira reportagem contando a história, o dono de Ferdinando e ex-patrão de Nádia cedeu e decidiu doar o bovino para os ex-funcionários – dando um desfecho alegre para o caso.

Animal foi doado à família de Nádia após matéria do Jornal Midiamax – (Fotos: Arquivo Pessoal)

Galo atacou idosa

Em 2024, os animais estavam mesmo sem paciência. Também no mês de abril, além do peixe Dourado que abocanhou o pé de uma turista em Bonito (MS), um galo partiu pra cima de uma idosa e a feriu com agressividade na capital, Campo Grande.

A senhora de 80 anos foi atacada pela ave no dia 22 do referido mês, no bairro Arnaldo Estevão de Figueiredo. Conforme testemunhas, dias antes, o galo já estava amarrado em um toco de madeira junto com uma galinha e a dona desses animais teria dito que os mesmos foram colocados no local para ficarem de “guarda” (?).

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Praça fica próxima à casa onde o galo estava (Henrique Arakaki e Fala Povo, Jornal Midiamax)

Até que, na data em questão, a vítima de 80 anos passava pela rua do bairro onde as aves estavam presas, quando o galo se soltou e a agrediu. As esporas e as garras do bicho deixaram cortes profundos no braço da idosa, que, indignada, procurou a polícia e denunciou o animal e sua tutora.

O caso foi registrado como omissão de cautela na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) Cepol.

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Flagra foi feito na cidade de Bandeirantes, em MS – (Fotos: Suélen Vian)

Araras mutantes

E por falar em aves… Flagrada em Mato Grosso do Sul, uma arara diferente chamou atenção por sua coloração de aparência desbotada, em março deste ano. O animal incomum foi avistado na cidade de Bandeirantes, localizada a 72 quilômetros da capital Campo Grande, e a condição responsável por ocasionar sua “descoloração” ainda é um mistério.

As imagens da arara, provavelmente da espécie canindé, foram divulgadas pela moradora Suélen Vian e replicadas no perfil “MS Nosso”, no Instagram. No entanto, nenhum órgão responsável, ONG ou instituto animal capturou a espécie da natureza para avaliações precisas. Por isso, a causa do “desbotamento” segue incerta.

Ao longo do ano, outros exemplares com mutação semelhante também foram avistados em outros cantos de MS. Mas, como nenhum deles foi apreendido, as alterações genéticas não puderam ser examinadas e nem rastreadas por profissionais.

Pelas imagens, biólogos suspeitam que estas sejam aves portadoras de flavismo – isto é, araras com uma mutação no DNA que altera a coloração devido à perda da melanina. Contudo, apenas exames laboratoriais poderiam confirmar a condição.

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Arara acinzentada foi vista por moradores de Rochedo em MS – (Foto: Fala Povo, Jornal Midiamax)

Tatu bem dotado

Equipes do Projeto Tatu-Canastra realizaram uma captura histórica em Mato Grosso do Sul em outubro deste ano. Os pesquisadores encontraram no pantanal o maior macho da espécie já registrado em 14 anos de atuação do projeto. Além disso, o exemplar também teve seu pênis medido e o órgão ultrapassou a média de tamanho da genitália de tatus.

Conforme o projeto, a média do pênis de um tatu-canastra adulto é de 30 centímetros – sendo um dos maiores em relação ao tamanho do corpo entre todos os mamíferos terrestres. No entanto, o macho encontrado em MS no mês de outubro, possui um pênis de 33 centímetros, superando o nível da maioria.

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Medidas de Wolfgang surpreenderam a equipe – (Fotos: Instituto de Conservação de Animais Silvestres)

Verdadeiro achado, o exemplar foi batizado de Wolfgang e, além do dote, também impressionou os pesquisadores com seus 160 centímetros de comprimento e 36 kg de peso. Durante a captura, o tatu-canastra passou por exames de saúde e teve um rádio transmissor VHF instalado em seu corpo.

Os veterinários ainda realizaram a coleta de sêmen do animal. “Um passo importante para aprofundar o conhecimento sobre a reprodução de machos de tatu-canastra em vida livre”, afirma o Icas (Instituto de Conservação de Animais Silvestres).

Avistamentos registrados na mesma semana em MS no mês de outubro – (Fotos: Reprodução Nova News e Fala Povo, Jornal Midiamax)

Antas em MS

Em 2024, as antas também deram a cara à tapa em Mato Grosso do Sul. Várias aparições em sequência desses animais em áreas urbanas inabituais – até dentro de casas de pessoas – chamaram a atenção para o comportamento da espécie.

Em Anaurilândia, por exemplo, uma enorme anta se sentiu bem à vontade para entrar em uma residência, onde até parou para ver televisão, em outubro deste ano. No município, distante 376 quilômetros de Campo Grande, o exemplar explorou a cozinha da casa e foi bem alimentado pelos moradores, que o trataram com muito respeito e carinho.

Para o biólogo José Milton Longo, as visitas que esses gigantes da floresta têm feito às casas das pessoas e as interações cada vez mais recorrentes com seres humanos são oriundas de dois fatores importantes e básicos para esse animal.

“Acho que é um comportamento que está se manifestando em busca de alimento. Porque as áreas rurais estão com pouca oferta de comida. A gente tem também essa crise hídrica que diminui as lâminas d’água, já que as antas têm o hábito de ficar próximas aos charcos”, comenta o pesquisador ao Jornal Midiamax.

Maior pintado catalogado no Brasil vive em MS – (Foto: Pescadores do MS)

Peixes gigantes

Peixes com tamanhos acima da média também se destacaram no reino animal sul-mato-grossense em 2024. O encontro com esses gigantes presentes no Rio Dourados, inclusive, já virou rotina para um grupo de pescadores, que acumula recordes na prática da pesca esportiva na região de Fátima do Sul.

Aliás, esse grupo foi responsável por encontrar o maior pintado do Brasil no local em setembro deste ano, conforme medição homologada pela BGFA Recordes. O peixe recordista (imagem acima) mede 1,76 metros de comprimento da cabeça até a ponta do rabo e é maior do que muita gente. Mas, seguindo os critérios da BGFA, o exemplar foi catalogado com 1,59 metros – ainda assim considerado o maior do país.

Além destes, outros achados nas águas do Rio Dourados também chamaram atenção nos últimos meses. Entre eles, um Jaú considerado “pré-histórico”, destaque na lista dos inúmeros peixes imensos moradores da região.

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Exemplares de Jaú e Pintado são destaque entre os enormes achados – (Fotos: Pescadores MS, Reprodução)

Ano ferino? Em 2024, as cobras se deram bem

Sucuri, jiboia, píton, falsa coral, urutu, caninana… em 2024, o que não faltou foi cobra em Campo Grande (MS). Além de duas serpentes alçadas ao posto de rainha no Bioparque Pantanal, a capital sul-mato-grossense registrou diversas aparições desses animais rastejantes e traiçoeiros, das mais variadas espécies, com ou sem peçonha.

Se todos esses répteis fossem realocados no complexo de aquários da Capital, faltaria Bioparque para tanta cobra. E por falar em Bioparque, por lá, as serpentes se deram bem este ano. Especialmente a jiboia Rachel Carson e a píton albina Capitu.

As duas foram resgatadas juntas de um circo em março de 2023 e levadas pela Polícia Militar Ambiental para o empreendimento, que ficou responsável por cuidar das serpentes.

Público conheceu jiboia em março – (Foto: Arquivo Pessoal)

Após um ano guardada, sendo bem alimentada e tratada como rainha, a jiboia Rachel foi a primeira a ser apresentada ao público, em março deste ano.

Meses depois, no final do mês de novembro, chegou a vez da píton albina resgatada do mesmo circo ganhar um tanque só para ela e encantar os visitantes do Bioparque. Votação popular escolheu o nome da cobra, que acabou apelidada de Capitu.

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Lagomorfos fazem parte do cardápio da píton no Bioparque Pantanal

As serpentes agora vivem como majestades em seus recintos individuais, feitos especialmente para cada uma, com a intenção de reproduzir o habitat natural que encontrariam caso pudessem ser devolvidas à natureza. Incontestavelmente, elas foram o grande destaque da fauna inserida no Bioparque Pantanal em 2024.

Animais são estrelas ilustres em MS

O fato é que o ano corrente foi marcado por casos emblemáticos de espécies distintas. Bovinos, répteis, aves… animais em Mato Grosso do Sul marcaram presença constante nos noticiários e fizeram um 2024 inesquecível. Com o fim do atual ciclo, o que será que o imprevisível reino animal sul-mato-grossense reserva para 2025?

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