“Acho que, talvez, a maior surpresa foi ter encontrado referências dela [Helena Meirelles] em sites de fora do Brasil, no Paraguai e Estados Unidos, contando a história e inclusive com a venda de CDs dela em um site americano, então, foi uma grande surpresa. E encontrar matérias locais, relatando a morte dela. Tem a matéria do Midiamax lá, fiz questão de colocar inclusive, está presente na exposição”.

O depoimento é do fotógrafo de natureza e curador da exposição historiográfica “100 Anos da Grande Dama da Viola”, Bolivar Porto, de 67 anos. A inauguração ocorreu na noite dessa quarta-feira (14), no MIS (Museu da Imagem e do Som), unidade da FCMS (Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul), em Campo Grande.

Reportagem do Jornal Midiamax está presente na exposição (Reprodução/FCMS)

“Fiz um trabalho de pesquisa via internet e reuni fotos significativas que encontrei. Em seguida, foi feito o trabalho de digitalização de reportagens sobre ela, materiais que estavam em sites paraguaios, neste site americano, então, tem uma coletânea, arte, dados no painel. Tem duas fotos do Daniel de Granville, que morava em Bonito e agora está em Florianópolis. Ou seja, a gente chamou de exposição historiográfica, porque não é uma exposição fotográfica apenas, é todo um material reunido, que ajuda a contar a história dela”, ressaltou Porto.

Ampla programação nos 100 anos da violeira

Com toda a expressão artística, a ideia de reunir o material sobre a violeira foi da coordenadora da Concha Acústica Helena Meirelles, Wanda Britto. Sendo assim, a exposição faz parte de ampla programação em homenagem aos cem anos de Helena Meirelles.

(Daniel Ribeiro/FCMS)

Na última terça-feira (13), na Alems (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul), sessão solene entregou comendas de honra para 28 musicistas sul-mato-grossenses. Já nesta quinta-feira (15), na Concha Acústica Helena Meirelles, que fica no Parque das Nações Indígenas, haverá uma apresentação do Quarteto Instrumental Prelúdio, com o Maestro Eduardo Martinelli e a participação especial da violeira Elizeth Gonçalves, de Corumbá, MS.

Ainda na Concha Acústica, haverá a abertura ao público do Projeto contemplado pelo FIC “Centenário Helena Meirelles – A Lenda da Viola”, do artista visual Kelton Medeiros. As comemorações se encerram na sexta-feira (16), ainda na Concha Acústica, com o III Festival da Canção das Escolas Estaduais (SED – MS) – Prêmio Helena Meirelles 100 Anos, às 16 horas.

Helena Meirelles, a dama da viola

(Daniel Ribeiro/FCMS)

Nascida em Bataguassu, na época distrito de Nova Andradina, Helena Pereira Meirelles cresceu rodeada de peões, comitivas e violeiros. Fascinada pelas violas caipiras, aprendeu a tocar às escondidas, pois sua família não permitia. Aos poucos, ficou conhecida entre os boiadeiros da região.

Casou-se aos 17 anos por imposição dos pais, abandonando o marido pouco tempo depois para juntar-se a um paraguaio que tocava violão e violino. Após outra separação, decidiu tocar viola em bares e farras, deixando os filhos com pais adotivos, até encontrar seu terceiro marido, com quem viveu por mais de 35 anos.

Depois de desaparecer por mais de 30 anos, foi encontrada doente por uma irmã, que a levou para São Paulo, onde foi “descoberta pela mídia” através de uma matéria elogiosa na revista norte-americana “Guitar Player”.

Apresentou-se em um teatro pela primeira vez aos 67 anos e gravou discos em seguida. Em 1993, foi escolhida pela Guitar Player como uma das “100 mais” por sua atuação nas violas de 6, 8, 10 e 12 cordas.

Sua música é reconhecida em Mato Grosso do Sul como uma expressão das raízes e da cultura regional. Helena faleceu aos 81 anos, vítima de uma parada cardiorrespiratória decorrente de pneumonia crônica.

Serviço:

O MIS fica localizado na Avenida Fernando Corrêa da Costa, número 559, Centro. A exposição está com entrada gratuita e o horário de funcionamento é das 7h30 às 17h30.

*Texto com colaboração da assessoria da FCMS