Em Campo Grande, arte urbana dura pouco, mas segue intacta e eterna na internet

Lambe-lambe de Leo Mareco ainda ganha as redes, mas na parede em que foi colocada obra já se deteriora

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'Revisitando Debret', do artista Leonardo Mareco. (Montagem: Henrique Arakaki/Internet)

Nas avenidas movimentadas, em muros da cidade e viadutos, a arte urbana transmite mensagens e críticas sociais, como uma forma de revolução silenciosa. Contudo, apesar de abordarem temas urgentes e atuais, as intervenções artísticas urbanas são efêmeras, pois estão sujeitas a ação humana e da natureza.

Assim, seria então a veiculação na internet uma forma de conferir um caráter mais permanente a essa modalidade artística?

Na última semana, o mural “Revisitando Debret”, de autoria do artista campo-grandense Leonardo Mareco, foi tema de um vídeo viral do artista Filipe Grimaldi. No vídeo, o influenciador reage ao lambe-lambe desenvolvido por Mareco, no segundo semestre de 2023. O vídeo já conta com mais de 20 mil visualizações, até a publicação.

No muro em que foi desenvolvido, que fica na Avenida Ernesto Geisel, a arte já se encontra descascada e até mesmo riscada, deixando visível a ação humana e de fenômenos da natureza. Mas, na internet, o mural ‘Revisitando Debret’ continua intacto, transmitindo a mensagem inicial do artista.

Segundo Mareco, um mural de lambe-lambe pode chegar à duração de um ano, mas tudo depende dos fatores externos que irão influenciar. “A durabilidade é muito relativa, depende de vários fatores como ação humana, clima, a condição da superfície e qualidade do papel e cola utilizada. Pode durar poucas horas, como também tenho casos de lambes que resistem a anos”, explica.

Mural lambe-lambe na Avenida Ernesto Geisel. Henrique Arakaki, Midiamax)

Na arte urbana não existe posse

Já experiente no assunto, Mareco já se acostumou com essa característica efêmera da arte urbana, pois a cidade está em constante movimento e processo de mudança. Assim, um mural feito com tinta spray durar menos tempo do que um feito com papel.

“Hoje em dia sei lidar muito bem com essa efemeridade, pois assim como a rua é pública, a partir do momento que eu deixo uma arte no ambiente público, ela já não pertence somente a mim. É claro que existe toda uma ética e respeito no movimento urbano, porém acredito que poderíamos ser mais maduros quanto a esse pensamento de posse”, ressalta.

Em seu trabalho, várias formas de artes andam juntas, portanto, a fotografia é uma grande aliada em manter o registro de suas obras.

“No meu trabalho a fotografia é tão importante quanto a intervenção na cidade, eu penso as minhas intervenções com um olhar fotográfico, pois com a fotografia posso levar a minha arte de rua para outros espaços expositivos”, explica.

Mesmo que seus murais não estejam mais no local onde foram desenvolvidos, o registro na internet permanece. Em seu perfil nas redes sociais, é possível conferir suas obras, que são sempre atuais e pertinentes.

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Arte lambe-lambe

O lambe-lambe é uma forma de arte urbana que se assemelha a um pôster, que pode ter tamanho variado, sendo colado em espaços públicos. A forma de desenvolvê-lo depende do artista. Mareco costuma pensar na arte, após escolhido o local que será fixado. Contudo, em ‘Revistando Debret’, especificamente, o artista fez o processo inverso, desenvolvendo primeiro a arte e escolhendo depois a superfície.

“Encontramos esse muro que coincidentemente casou perfeito com o tamanho e contexto da arte. Via movimentada, ao lado de um shopping que comporta muitos fasts foods e consequentemente com trânsito de moto entregadores, seria o local perfeito para a mensagem que eu queria passar”, explicou.

A obra faz parte da série Fardo que o artista desenvolve há alguns anos. A série busca discutir e sensibilizar sobre as formas de trabalhos precarizados, muitas vezes disfarçados pelo viés empreendedor.

“Revisitando Debret é uma releitura de um clássico do Brasil Colonial. Debret retratava o cotidiano daquele momento histórico e eu quis fazer uma relação com os dias atuais, falando sobre as novas formas de exploração que o sistema nos impõe diariamente”.

No ano passado, a arte foi finalista do Prêmio Megafone de Ativismo na categoria Arte Urbana, estando entre as cinco artes de rua mais impactantes do Brasil.

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