“É o paraíso que está em sofrimento, mas, nós podemos restaurar”. Ao longo de quase 18 minutos, um documentário inédito mostra o Pantanal, sem distinção entre os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, apenas com imagens e ricos depoimentos de ribeirinhos, pescadores e especialistas falando do assoreamento, bancos de areia evoluindo para ilhas, impactando não só o turismo como o meio-ambiente também e, por último, as sete nascentes do Rio Paraguai dentro de uma fazenda de soja.

Nos últimos 15 anos, o rio começou a ser assoreado de forma mais acelerada, tendo perda de grande quantidade de peixes e também répteis, anfíbios e mamíferos. Ou seja, neste período, o Pantanal perdeu mais de 15% de área inundável e, onde a água chegava não chega mais, assim, estamos literalmente perdendo o bioma.

Sobre o Rio Paraguai, o presidente do IHP (Instituto Homem Pantaneiro), coronel Ângelo Rabelo, ressaltou que ele tem uma responsabilidade muito grande de irrigar e renovar a vida no Pantanal.

“É a artéria principal que permite que, com sua riqueza, não só de água e nutrientes, que vários processos ecológicos aconteçam, assegurando vida a natureza, as pessoas, inúmeras atividades econômicas e, principalmente, é o grande eixo de uma cultura latino-americana”, argumentou.

‘Rio perdendo profundidade e a vida dentro d’água’, diz cineasta

O cineasta Sandro Kakabadze, que há 10 anos realiza documentários sobre meio ambiente, disse que já percorreu grande parte dos biomas brasileiros, tendo realizado um sobre o garimpos e agora o segundo filme sobre o Pantanal. O primeiro foi em 2018, mostrando a seca.

“Nós mostramos o assoreamento, escolhendo o rio Paraguai, onde subimos até as nascentes do rio e mostrando como está perdendo a profundidade e a vida dentro da água. E isso traz muitos outros problemas. Acho também que um dos pontos mais impactante foi chegar nas nascentes e ver que os principais rios do Brasil nascem dentro de uma fazenda de soja. É uma imagem muito forte, aquela faixa do rio passando, das nascentes, das lagoas e uma faixa do rio com um tipo de preservação em volta tem soja”, opinou o cineasta.

Ao todo, foram percorridos mais de mil quilômetros no rio, de Corumbá até as próprias nascentes.

Confira aqui o documentário: