Olhar para o lado em Campo Grande e não ver prédios e casas, avenidas e ruas “em movimento” e gente circulando é praticamente impossível. Mas, no caso de quem viveu quase um século é possível, ao menos na memória estão muitos costumes, algo que D. Iva Brito da Silva, que completa 98 anos nesta sexta-feira (19), repassa hoje para a quarta geração da família. Assim, mesmo morando há 49 anos na Rua do Seminário, mantém hábitos e uma vida simples em meio ao caos urbano.

Idosa mantém antigos costumes (Graziela Rezende/Jornal Midiamax)

Enquanto repórter, nem que seja por meia hora, estar ao lado dela é um presente. Mesmo escutando pouco, tem a fala firme e, recentemente, surpreendeu até o médico ao sair da sala “caminhando ligeiro”.

Em casa, a rotina envolve curtir a casinha e a família que foi se acomodando na vizinhança, além de tratar as galinhas, tomar um bom chimarrão, comer mandioca e carne assada que tanto gosta e relembrar histórias.

Iva morou muitos anos no bairro Universitário, em uma chacrinha com o marido e a filha. Treze anos depois, quando ter outro filho parecia improvável, um menino nasceu. A família então se mudou para o bairro São Francisco. Há 25 anos, no entanto, D. Iva perdeu o esposo e, há 9, perdeu o filho. A idosa então seguiu e hoje possui a alcunha de tataravó, com dois filhos, nove netos, 17 bisnetos e 13 tataranetos, além do convívio com cinco irmãos.

Casa da D. Iva, no bairro São Francisco, em Campo Grande (Graziela Rezende/Jornal Midiamax)

“Ela tem 98 anos no registro, mas, nos conta que ao certo deve ter 106 anos. E aqui no bairro mora há quase meio século. A vó sempre trabalhou na roça e chegou a criar vaquinhas em um pasto ali embaixo. Não existia esses prédios aqui no semiário, ali era um campo vasto, só que começaram a implicar e ela teve que vender os animais. Agora tem as galinhas, que ela gosta bastante”, comentou a neta, a manicure Maria Brito da Silva, de 37 anos.

Conforme Maria, neste sábado (20) haverá um churrasco em comemoração ao aniversário dela. “Tem muita gente trabalhando hoje, então, deixamos para amanhã. Hoje colocamos o franguinho na panela, o feijão no fogão de lenha, que são os costumes antigos que ela mantém e daí amanhã comemoramos com carne assada, que ela gosta demais. É um prazer, uma dádiva ter ela conosco, ver ela convivendo com os tataranetos”, finalizou.

Família ao lado da D. Iva, que completa 98 anos nesta sexta-feira (Graziela Rezende/Jornal Midiamax)