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Campo Grande tem memória e arquivos públicos conservam verdadeiras relíquias ao alcance de todos

No Dia Internacional dos Arquivos, vamos conhecer os locais que preservam a memória da cidade, com uma imensidão de imagens e documentos
Graziela Rezende -
Trabalhadores da Cia Matte Larangeira, um deles com fardo pesado nas costas (APE/Reprodução)

Heródoto, o “Pai da História”, foi um importante geógrafo e historiador da antiguidade, a qual documentou os eventos e guerras entre a Grécia e a Pérsia no século V a.C., além de soltar a máxima: “Pensar o passado para compreender o presente e idealizar o futuro”.

O que ele quis dizer, na prática, é que a memória de uma localidade ou população está diretamente ligada às lembranças materializadas, com seus respectivos registros documentais.

Neste sentido, uma data muito importante para relembrar nossas memórias é o Dia Internacional dos Arquivos, comemorado todo dia 9 de junho. E é engraçado que, quando são expostos, as pessoas se concentram muito nas fotografias, que aguçam muito a curiosidade.

Porém, existe uma imensidão de ricos documentos arquivados, como antigas revistas, jornais e projetos, discos e, no caso específico de Campo Grande, até a “certidão de nascimento” da cidade.

Aqui, para manter viva a nossa memória, temos o APE (Arquivo Público Estadual), mantido Governo Estadual e o Arca (Arquivo Histórico de Campo Grande), mantido pela Prefeitura de Campo Grande. Você já visitou ou imagina as relíquias que estão guardadas ali? O Jornal Midiamax então vai falar um pouco sobre o material existente nestes locais, com visitação gratuita e de fácil acesso ao público.

“Nossos principais acervos hoje são das extintas Companhia Matte Larangeira e Companhia Agrícola Nacional de Dourados, as quais tiveram importante relevância para o Estado. No primeiro caso, foi um grande empreendimento iniciado no período imperial, por meio do Tomás Laranjeira e que teve extrema relevância, principalmente ao cair nas graças do império, logo no período pós-guerra. Eles forneciam materiais e depois participaram da comissão que demarcou os limites da fronteira do Brasil com o Paraguai, então, conseguiram a concessão dos ervais nativos, do então mato grosso”, afirmou o historiador e coordenador do APE, Douglas Alves da Silva, de 40 anos.

‘Tão gigante que tinha mais recursos que o próprio Estado’

Surgimento da cidade (APE/Reprodução)
Surgimento da cidade de Dourados (APE/Reprodução)

Segundo o historiador, a erva era nativa na região e passou a ser explorada com a criação da Companhia. “Ela era tão gigantesca e tinha tanto recursos, que chegavam a ser maior do que o recurso do próprio Estado. Além disso, teve mais de 2,3 mil funcionários, ocupava a região do cone sul e, graças a atuação desta empresa, houve a criação de núcleos habitacionais, que vão dar início a cidades como Porto Murtinho e Caarapó”, argumentou.

No entanto, a empresa também amarga tristes lembranças, já que explorava o trabalhador. “Ali era praticamente uma cidade: tinha hospital, farmácia, escola, tudo ali. E assim existia também a caderneta de haver e dever, que é como se fosse um livro caixa, com a entrada e saída de recurso. Os funcionários vivam devendo, fora que o trabalho era muito pesado e massante. Os trabalhadores iam para dentro das matas, para fazer a extração da erva, sendo que amarravam grandes fardos, de 150 kg a 250 kg nas costas”, relembrou.

A Companhia, de tão grandiosa, tinha sua própria ferrovia, barcos e estaleiro, mantendo por anos o monopólio da região. Já em Dourados, o grande empreendimento iniciou na época da colonização de indígenas, em que houve demarcação de territórios e o surgimento da cidade, a segunda maior de Mato Grosso do Sul.

“Temos então, aqui no acervo, uma série de documentos, cartas, pedidos, atas, abaixo assinados e um acervo fotográfico mostrando trabalhadores e mandatários, muitas famílias nas fotos, incluindo os Mendes Gonçalves, que eram proprietários”, explanou.

Documentos de 1949 até a divisão do Estado também estão preservados

(Ricardo Gomes/Arquivo Pessoal)
(Ricardo Gomes/Arquivo Pessoal)

No caso da legislação de Mato Grosso do Sul, ali também estão arquivados livros de posse de antigos secretários, governadores e diários oficiais desde 1949 até a divisão do estado. O material está, atualmente, no segundo andar do prédio da FCMS [Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul].

“Estamos preservando este arquivo histórico muito importante e que serve para pesquisas, incluindo uma série de artigos científicos, livros, todo um material que serve de base para documentários, filmes, novelas, ou seja, é uma forma de preservar a história para que não se perca no meio do caminho. O espaço é público e o recado é que as pessoas não deixem de ocupá-lo. As visitas podem ser feitas em horário comercial, durante a semana”, ressaltou o coordenador.

Já no caso da Arca o também historiador e profissional de promoção cultural, Eliel Davi de Almeida Lima Anicésio, de 40 anos, explica que a unidade da prefeitura é ligada ao Paço Municipal e a cultura, com a finalidade de resgatar documentos oriundos da administração pública e também subsidiar pesquisas, já que possui documentos desde a intendência até a origem da república, além de atas, projetos de leis da Câmara Municipal de Campo Grande, ofícios, registros de taxas e impostos e contratos, entre outros.

Arca tem de discoteca a coleção de fotos desde 1910

Certidão de nascimento de Campo Grande (Arca/Reprodução)
Certidão de nascimento de Campo Grande (Arca/Reprodução)

“Temos ainda um acervo discográfico, uma discoteca, além de documentos de natureza iconográfica, com imagens e documentos textuais de 1905 a 1970, mostrando a câmara municipal e o processo de construção de loteamentos. A coleção de fotos é de 1910 aos dias atuais, com enfoque aos movimentos e também a cartografia, com plantas arquitetônicas de 1907 a 1930”, explicou Eliel.

Conforme o historiador, o Arca também guarda a certidão de nascimento de Campo Grande, mostrando o levantamento topográfico dos limites desta cidade e também de Miranda. “São os documentos que consideramos, talvez, os mais valiosos, a planta de rócio. E temos publicações de 15 revistas que valorizam nossos monumentos, além de lançarmos uma série, já na terceira edição, em que mostramos algumas personalidades da cidade, tudo com a intenção de ter essa aproximação com a comunidade e valorizar a nossa memória profissional”, finalizou Eliel.

Confira aqui algumas imagens presentes nestes locais:

Serviço:

O APE fica localizado na Avenida Fernando Corrêa da Costa, nº 559, 2° andar, Centro. O telefone para contato é o (67) 3316-9167. O horário de funcionamento é de segunda-feira a sexta-feira das 7h30 às 17h30.

Já o Arca fica na Rua Brasil, número 464, bairro Monte Castelo. O contato é o (67) 4042 – 4335, com horário de funcionamento de segunda-feira a sexta-feira das 7h30 às 17h30.

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