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Árvore com buraco na Praça Ary Coelho tem curiosa ligação com a novela Renascer

Saiba qual a origem do buraco que deixa o tronco da árvore aberto de ponta a ponta e entenda a relação do exemplar com o folhetim global
João Ramos -
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Imagem ilustrativa (Foto: Alicce Rodrigues, Jornal Midiamax)

Perto de uma das entradas da Praça Ary Coelho, no Centro de (MS), ela não passa despercebida. Grande, vultuosa, imponente e com um intrigante “furo” no meio, uma das árvores do local tem muita história para contar. E, além de embelezar a Praça na principal Avenida da Capital, essa mesma árvore tem uma curiosa ligação com a novela “Renascer”, da TV Globo.

A espécie é um Jequitibá (Carinianna estrellensis), o mesmo conhecido por ser um dos principais personagens do folhetim global. Mas a semelhança não está só no nome: se em “Renascer” o protagonista José Inocêncio (Marcos Palmeira) não pode morrer enquanto seu facão não for arrancado do pé do Jequitibá, o Jequitibá da Ary Coelho também não pode ser “morto” por determinação de lei municipal.

Nem que alguém quisesse matá-lo! Esta árvore é considerada uma lenda das matas brasileiras e não à toa é cercada de tal misticismo. O exemplar campo-grandense, plantado há mais de 100 anos, só reforça o estigma. Com o “buraco” no meio, o Jequitibá da Praça Ary Coelho resistiu à morte de maneira impressionante, de modo que os detalhes por trás da cicatriz desafiam o poder de destruição do homem e mostram a força da natureza.

Jequitibá imponente embeleza a praça – VÍDEO: Alicce Rodrigues, Jornal Midiamax

História do Jequitibá da Praça Ary Coelho

Conforme a Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano), este exemplar de Jequitibá é histórico para a cidade e carrega elevado valor patrimonial, tendo ligação direta com a história e a cultura campo-grandense.

A história da árvore é registrada por meio de um texto de autoria de Ulisses Serra, publicado no livro “O Município de Campo Grande em 1922”, integrante da Série Memória Sul-mato-grossense, volume XXVIII. Ela foi plantada pelo então prefeito da cidade, Arlindo Gomes de Andrade, no dia 7 de setembro de 1922, para comemorar o primeiro século da Independência do .

Segundo os registros históricos, Arlindo plantou dois Jequitibás na Praça Ary Coelho, que buscou em mata nativa. Entretanto, apenas um exemplar cresceu e frondejou – aquele que exibe um “furo” intrigante no tronco.

Buraco no meio da árvore é "charme" e atração à parte - (Foto: Alicce Rodrigues, Jornal Midiamax)
Buraco no meio da árvore é “charme” e atração à parte – (Foto: Alicce Rodrigues, Jornal Midiamax)

Mas, afinal, qual a origem do buraco da árvore na Praça Ary Coelho?

O fato é que já há alguns anos o orifício no Jequitibá chama atenção de quem passa pela Praça, a ponto de tornar-se uma espécie de cartão-postal da cidade. O local virou cenário para ensaios e fotos descontraídas de visitantes e dos próprios campo-grandenses, que se impressionam com o buraco que atravessa o troco de ponta a ponta.

Afinal, como o Jequitibá resistiu após ter grande parte de seu miolo arrancado e como a estrutura não cedeu? Qual é a real origem desse “furo”? Questionada pelo Jornal Midiamax, a Semadur esclarece os fatos com riqueza de detalhes.

“A cicatriz encontrada no Jequitibá se deu por conta de uma dendrocirurgia que a árvore sofreu no passado”, explica. “Como é comum acontecer com árvores antigas, o lenho da mesma começou a se decompor e criou um oco por dentro da árvore. As pessoas tinham medo da queda dela na época e fizeram aquele buraco para inserir concreto, realizando o procedimento chamado de dendrocirurgia”, detalha a Semadur.

Árvore foi plantada há quase 102 anos na praça - (Foto: Alicce Rodrigues, Jornal Midiamax)
Árvore foi plantada há quase 102 anos na praça – (Foto: Alicce Rodrigues, Jornal Midiamax)

Árvore “Renasceu” das cinzas

Essa prática realizada antigamente caiu por terra. Na atualidade, estudos apontam que o procedimento é prejudicial à árvore. “Na época não sabiam, então fizeram com a intenção de segurar o Jequitibá. No entanto, além de não segurar bem a árvore, ocorreu uma queda parcial expondo toda a lateral dela”.

Desse modo, uma poda radical foi realizada e a remoção do Jequitibá da Ary Coelho foi impedida por uma moradora da região. Hoje, o exemplar já se recuperou dessa situação e não apresenta mais risco de queda porque no processo de compartimentalização do lenho e por produção de madeira de reação, ela construiu praticamente dois troncos na lateral que são como dois pilares que a sustentam, um processo que se chama reiteração e faz parte da fisiologia das árvores.

“Assim, este Jequitibá é uma árvore saudável e permaneceu aquele buraco como uma cicatriz da época que ela passou pela dendrocirurgia”, garante a Semadur.

Jequitibá é estrela da Praça Ary Coelho - (Foto: Alicce Rodrigues, Jornal Midiamax)
Jequitibá é estrela da Praça Ary Coelho – (Foto: Alicce Rodrigues, Jornal Midiamax)

Jequitibá é imortal?

A árvore tem uma história encantadora, sobreviveu a grandes adversidades e se recuperou bravamente dos danos que sofreu, configurando-se como um símbolo de resistência e resiliência da arborização de Campo Grande: um tesouro que devemos preservar e respeitar.

É por isso que, no dia 7 de setembro de 2022, ano de celebração dos 200 anos da Independência do Brasil e dos 100 anos do Jequitibá, a Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana) acatou recomendação técnica, favorável à Declaração de sua Imunidade de Corte, com o reconhecimento do exemplar como uma Árvore Notável pelo seu interesse histórico e paisagístico, bem como, raridade, porte, idade e desenho, que a classificam como de interesse público.

Árvore faz boa sombra na praça - (Foto: Alicce Rodrigues, Jornal Midiamax)
Árvore faz boa sombra na praça – (Foto: Alicce Rodrigues, Jornal Midiamax)

Em vistoria realizada no mês de agosto de 2022, verificou-se que a árvore não oferece risco e encontra-se em ótima condição fitossanitária. Portanto, com a imunidade ao corte e tendo resistido ao agressivo procedimento de dendrocirurgia que resultou no buraco famoso, o Jequitibá se mostra praticamente imune à morte.

Tal qual o protagonista de “Renascer”, novela de Benedito Ruy Barbosa. Na trama, José Inocêncio (Marcos Palmeira) faz um pacto com uma divindade e usa o Jequitibá como símbolo de sua imortalidade. Ao cravar um facão ao pé da árvore da mesma espécie, ele decreta que só morrerá quando o artefato for arrancado dali.

José Inocêncio e o Jequitibá em "Renascer" - (Foto:TV Globo, Reprodução)
José Inocêncio e o Jequitibá em “Renascer” – (Foto:TV Globo, Reprodução)

Risco de extinção

A espécie Cariniana Estrellensis, o Jequitibá, encontrada em Mato Grosso do Sul e em outros 11 estados brasileiros, está na lista de espécies ameaçadas de extinção do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Ela é classificada como “vulnerável” pelo Instituto. A perda de habitat e exploração desordenada sem plantio de reposição são as principais causas.

Veja mais imagens do Jequitibá da Praça Ary Coelho:

Casca da árvore evidencia o tempo e entrega a idade - (Foto: Alicce Rodrigues, Jornal Midiamax)
Casca da árvore evidencia o tempo e entrega a idade – (Foto: Alicce Rodrigues, Jornal Midiamax)
Jequitibá tem mais de 100 anos - (Foto: Alicce Rodrigues, Jornal Midiamax)
Jequitibá tem mais de 100 anos – (Foto: Alicce Rodrigues, Jornal Midiamax)
Árvore resistiu à ação humana - (Foto: Alicce Rodrigues, Jornal Midiamax)
Árvore resistiu à ação humana – (Foto: Alicce Rodrigues, Jornal Midiamax)

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