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VÍDEO: Doença fez Carla pensar na finitude e hoje a natureza é ‘quintal’ onde ela pedala e corre

O que poderia resumir a história dela, há 14 anos, teve uma reviravolta e deu lugar a superação, paixão pela natureza e um planejamento que a faz viver desafios e desbravar Mato Grosso do Sul com frequência
Graziela Rezende -
Carla Bardella, de 45 anos está constantemente ativa. (Fotos Arquivo Pessoal)

Foi um ‘start’ e logo fez Carla Bardella, de 45 anos, pensar na finitude da vida. Bancária, noiva na época, recebeu o diagnóstico de um câncer de mama agressivo e a necessidade de cirurgia urgente. O que poderia resumir a história dela, há 14 anos, teve uma reviravolta e deu lugar a superação, paixão pela natureza e um planejamento que a faz viver desafios e desbravar com frequência.

O MidiaMAIS a encontrou recentemente, jogando vôlei, em mais um final de semana que ela havia convidado amigos para uma aventura, desta vez, no Morro do Paxixi, em Aquidauana, região leste do Estado. E enquanto alguns se negaram, momentos antes, lá estava Carla correndo e contemplando a natureza. Para nos receber, pediu uns instantes para se arrumar e o cenário ao ar livre deu início a prazerosa entrevista.

Veja a seguir:

“O que eu mais gosto é isso, de estar em meio à natureza, de respirar esse ar e de sentir esse lugar. Eu era uma pessoa muito sedentária. em uma instituição financeira e um dia minha vida parou, abriu um buraco. Mas, hoje entendo que tudo isso são chances que temos para recomeçar a nossa história”, argumentou Carla.

Antes do diagnóstico, sedentarismo

Carla começou a praticar esporte depois de diagnóstico. (Foto Nathalia Alcântara/Jornal Midiamax)
Carla começou a praticar esporte depois de diagnóstico. (Foto Nathalia Alcântara/Jornal Midiamax)

Com o diagnóstico do câncer, aos 31 anos, ela fala que ainda estava “sonhando e começando a ter planos”, quando tudo mudou. “Era bem jovem e isso tudo me trouxe um start, comecei a a pensar na finitude da vida, a me conectar e foi daí que comecei a fazer esporte. Era muito sedentário, lembro que enrolava. Se uma pessoa me chamava para ir para academia, eu nunca ia”, contou a bancária.

No entanto, enquanto fazia o tratamento do câncer, Carla também começou a praticar atividade física. “Fui pra caminhada e depois a corrida, tudo evoluindo aos poucos. O câncer desenvolveu osteopenia e os pediram a atividade física para demorar a desenvolver a osteoporose. Eu não tinha experiência, então, corria um quilômetro e caminhava dois. Corria um e meio e caminhava três, gradativamente, até que me apaixonei pela corrida”, explicou.

De 1 km a 100 km

No ‘currículo’ de atleta, Bardella pode dizer que já participou de uma prova de 100 km e também fez o “Caminho da Fé”, cuja peregrinação é de 495 km e vai até o Santuário Nacional de Aparecida. “Amo correr no meio da natureza, fazer pedal. Estar em lugares assim me proporciona uma conexão enorme, dessa essência com Deus. Às vezes, alguém me pergunta: ‘Já está viajando de novo?’ E falo que estou no quintal de casa, é praticamente isso que sinto quando me conecto com a natureza”, afirmou.

Carla já participou de uma prova de 100km. (Foto Arquivo Pessoal)
Carla já participou de uma prova de 100 km. (Foto Arquivo Pessoal)

Sobre o período da doença, Carla ressalta que as fases do tratamento são bem complicadas e, com isso, ela aprendeu a “viver um dia de cada vez”. “O tratamento do câncer é muito difícil, com cirurgia, quimioterapia e radio, então, é uma dor muito grande de alma. Com isso, resolvi viver um dia por vez e vivo isso há quase 15 anos. Falo que a vida é um instante, é muito frágil e a gente pôde sentir muito isso na pandemia, com a morte de jovens e pessoas de meia-idade”, ressaltou.

Vida precisa ter equilíbrio, diz bancária

Outro aprendizado, ainda conforme Carla, foi o equilíbrio necessário na vida. “Precisamos nos dividir entre guardar dinheiro e gastar dinheiro, entre estar com a família e estar com os amigos, porque quando você trabalha muito, sempre está cansado e aí chega final de semana e você quer dormir. Eu consegui entender isso e trazer esse novo olhar, comecei a viver coisas que eu não vivia, a viajar. Me lembro da primeira vez que eu viajei fora do , eu nem dormia. Pensava: ‘Como vou sair daqui. Não falo inglês’. Hoje vejo tudo isso como libertador, tem coisas que te libertam”, pontuou.

"Sábio é quem aprende com a dor do outro, porque as coisas podem mudar a qualquer momento" (Foto Nathalia Alcântara/Jornal Midiamax)
“Sábio é quem aprende com a dor do outro, porque as coisas podem mudar a qualquer momento” (Foto Nathalia Alcântara/Jornal Midiamax)

Desde a cura, Carla ressalta que também faz acompanhamento a cada seis meses. “O indicado é uma vez ao ano, mas, optei por ter coisas que se desenvolvem muito rápido. No mais, trabalho durante a semana e dedico um tempo para estudar. Aos finais de semana, quero viajar, sair e passear. Por exemplo, já tenho a minha agenda deste ano e, se Deus me permitir, será uma viagem ao mês. Tenho em mente todos os passeios de bike que quero. Tenho certeza que serão experiências incríveis”, comentou.

Durante as pedaladas, Carla diz que ama contemplar a natureza. “Uma vez fui fazer pedal com minha amiga e era o pedal da lua cheia. Eu estava lá, vendo o contorno das árvores, do local, super empolgada, quando falei: ‘Está vendo Lu?’. E ela: ‘Ai Carla, tá um breu’. Então, tudo é um processo e a pessoa precisar se permitir, não adianta impor nada para ninguém. Podemos até insistir com quem a gente gosta, mas, a pessoa precisa querer conhecer o novo. Depois, duvido não se apaixonar, independente de crenças e gostos, é uma conexão muito forte e ainda tem o fato do vento no rosto, você se sente viva e isso não tem preço”, disse.

Por fim, a bancária ainda dá um conselho. “Sábio é quem aprende com a dor do outro, porque as coisas podem mudar a qualquer momento. E aí você pergunta: ‘O que eu estou fazendo com esta oportunidade que Deus está me dando, então, sejam sábios, porque a dor dói muito, dói na alma, dói no corpo e é libertador quando a gente entende que isso aqui é um presente. A gente vive tanto no futuro, é uma ansiedade e o que a gente mais tem que aproveitar, que é o agora, a gente não aproveita, fica no passado e esquece destes momentos”, finalizou.

Veja algumas viagens feitas por Carla ao longo destes 14 anos:

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