Única igreja universitária de MS impressiona com ‘pinturas em 3D’ e lustres que imitam tuiuiús
O local vai do impressionismo ao regional, com pinturas em 3D feitas por um renomado pintor italiano, além lustres que imitam tuiuiús e diversos feitos de arte
Graziela Rezende –
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O caminhar até a igreja mostra a grandiosidade da obra. Ocupando espaço generoso na Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), a Paróquia São João Bosco nasceu do sonho em ter um local próprio e religioso para os estudantes de Campo Grande. O local vai do impressionismo ao regional, com pinturas em 3D feitas por um renomado pintor italiano, além lustres que imitam tuiuiús e diversos feitos de arte.
Desde o início, a intenção era prestigiar Dom Bosco, considerado o “pai e mestre da juventude”. Desta forma, uma das primeiras pessoas a serem procuradas foi Mário Bogani, já falecido. O artista é reconhecido por inúmeras e célebres obras, entre elas interpretando o rosto do santo com muita fidelidade. Bogani então pintou duas telas na Itália e foi até a paróquia, em Campo Grande, retratar Cristo em um das paredes.
A construção começou em meados de 2015, com o bicentenário de Dom Bosco. “Aqui é um local que atende a todas as universidades, sendo a única paróquia universitária. O Bogani veio aqui, bem velhinho, pintar Dom Bosco conversando com estudantes, além de mostrar os prédios da faculdade, como o bloco ADM [administrativo], por exemplo. É um prédio diferenciado, com selo de construção sustentável e água da chuva reutilizada”, afirmou ao MidiaMAIS a coordenadora de comunicação da UCDB, Silvia Tada.
A capacidade é para 500 pessoas sentadas e 700 em pé. “Acho que é um lugar que aproveita a luz natural. É moderna e aconchegante. Eu sempre passava por aqui. Estou na universidade desde 2014 e lembro que ficávamos todos curiosos com a inauguração. Quando entrei, vi que é um lugar que cria aconchego e nos aproxima ainda mais da religião”, ressaltou um dos acadêmicos de arquitetura e urbanismo, Pedro Costa, de 29 anos.
Fragmentos de ossos de Dom Bosco
Detalhista, Pedro fala sobre várias coisas que chamam sua atenção. “Aqui tem fragmentos dos ossos de Dom Bosco, altares erguidos em cima da relíquia, paredes erguidas em drywall e até o fato do pintor ver uma menina rezando aqui e pedir para ela continuar rezando e ser inspiração para ele. É um pintura modernista, aliás, existem vários estilos e símbolos, além de estrutura em vitrais”, argumentou.
O padre Idenilson Lemes da Conceição, que é pró-reitor de Pastoral e Assuntos Comunitários da UCDB e pároco da Paróquia Universitária São João Bosco, fala que, de certa forma, todo o carisma salesiano está impresso no local.
Cruz em evidência se o Cristo crucificado
Durante o horário de aulas, o padre ressalta que a igreja permanece aberta, inclusive no período de férias. “Ela comporta não só a UCDB como a UFMS, UEMS e todas as outras expressões universitárias, então, esse templo é para marcar, geograficamente, um local de encontro único. Isso foi uma determinação do bispo Dom Dimas, que erigiu a paróquia como universitária da Arquidiocese de Campo Grande, contemplando também alguns municípios do interior”, disse.
Conforme Lemes, a cruz recebeu um aspecto moderno. “Nós estamos acostumados a ver Jesus crucificado, só que a espiritualidade salesiana é da alegria, do encontro, porque é uma espiritualidade juvenil, então, aquela figura do Cristo ensanguentado e triste não diz aos jovens, sobretudo nos dias de hoje. Com isso, fizemos a nossa cruz com abertura, para mostrar a ressurreição então, quer dizer, temos o aspecto da sexta-feira, da paixão, Jesus que se entrega por amor, mas, que também nos leva a ressurreição”, explicou.
Além deste há diversos elementos que nos remetem esperança, alegria e renovação. “O artista, que pintou várias obras nas casas salesianas de Roma, mostrou que ali temos o estilo estático da pintura. Se formos perceber ali no rosto de Nossa Senhora tem um rosto que vê e que nos olha também. A via-sacra já é algo da minha autoria. Sempre gostei de pintar e faço restauros. Tenho curso de arquitetura e arte sacra”, disse.
No caso dos lustres, de ferro e na cor bronze, o trabalho é de um artista paulista que se inspirou na cultura regional. “Antes o símbolo da faculdade era um tuiuiú, então, foi esta a inspiração para os lustres. Também temos a porta, exatamente como manda o salmo 118. É um local muito especial e, recentemente, fiquei ainda mais feliz porque realizei um matrimônio de dois jovens, estudantes de Direito, que se conheceram nas nossas missas. É um encontro que vai marcar para o resto da vida”, comemorou.
Estudante ou não, quem quiser conhecer a paróquia pode visitá-la diariamente, com missa às quintas-feiras, por volta das 8h50. Já no período noturno, as missas ocorrem toda quarta-feira, às 20h30. “Já entrei aqui e vi estudantes chorando, falando de tantas crises existenciais, familiares e matrimoniais. Passa um filme na cabeça. Antes era no anfiteatro e agora temos aqui. Isso enriqueceu em vários aspectos”, finalizou.
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