A penúltima tarde de Carnaval em Campo Grande começou com o tempo nublado e tranquilidade nos arredores da Esplanada Ferroviária, onde desfila o Capivara Blasé, bloco oficial desta segunda-feira (20). Por não ser feriado na Capital, alguns comércios da região estavam abertos. Era possível ver vendedores parados em frente às portas de lojas acompanhando a chegada dos primeiros foliões.

A dona Irene Santos Rodrigues, que completa 67 anos na terça de Carnaval (21), foi uma das primeiras a chegar. De longe, era possível achá-la no meio do povo com a combinação de vestido e tiara floridos, que lembram as roupas e acessórios que a artista Frida Kahlo costumava utilizar. A idosa veio com toda a disposição para a folia, que ama desde criança. “Quando eu era menina, pequenina, papai levava a gente dentro do jipe, cheio de menino. Já adulta, uma colega e eu fundamos uma escola de samba no litoral santista, a União Imperial”, conta. Ela considera o Carnaval de Campo Grande bem organizado e aprova a Esplanada como local de realização. “É uma área que não incomoda ninguém e é aberta, a gente não se sente sufocado”, afirma.

O cadeirante Leandro, de 10 anos, veio com a irmã Sofia, de 8 anos, junto aos pais para curtir o carnaval. A família aproveitou o horário da matinê para festejar, especialmente porque o espaço fica mais vazio e é melhor para circular com o menino. Toda a estrutura do bloco foi aprovada pela mãe e dona de casa, Thuany Zarax, exceto o acesso até a Esplanada. “A gente estacionou lá perto da Santa Casa, ficou meio longe para vir com ele até aqui”, disse. Já o filho gostou de tudo, principalmente das fantasias. “A gente pode se divertir no carnaval, pode fazer o que quiser. Não é chato”, ele falou, animado.

Leandro e a irmã Sofia, prontos para curtir bastante o Carnaval de rua

A matinê também foi oportunidade para a professora Paula Hill curtir sossegada o carnaval de Campo Grande com seus sete meses de gestação. “É porque eu já sou uma ‘senhora’. Preferi vir de dia”, brinca.

Professora animou para o Carnaval aos sete meses de gestação

É o segundo dia do bloco Capivara Blasé na rua. A concentração desta segunda-feira começou às 15h e vai até as 23h.

Fantasias destaque

A Luiza, de 12 anos, confeccionou a própria fantasia para participar do Capivara Blasé. Ela veio de chuva, mas não por causa da previsão do tempo para o dia. “Foi porque pedi uma ideia para minha família e me deram essa sugestão. Daí pegamos um chapéu de palha e coloquei enchimento. Fiz as gotas de chuva aqui, caindo, e pronto!”, explica. No domingo (19), a chuva molhou os foliões que estavam na Esplanada, mas não estragou a festa.

A chuva que não desanima foliões campo-grandenses virou a fantasia de Luiza

A recente aparição de óvnis, os objetos voadores não identificados, no céu estadunidense e de outros países mexeu com a criatividade de Gabriel Ferzeli, de 20 anos. “Acredite nos aliens”, ele disse ao levar sua fantasia para as ruas. Em tom de brincadeira, ele justifica a escolha. “É porque os aliens estão entre a gente e eu quis conscientizar o povo”, falou. Ele confessa que não tem certeza da existência de seres extraterrestres, mas “sente a presença deles”. Inclusive, o adereço improvisado na cabeça seria para “proteger o cérebro” do acesso dos aliens, que fazem uso de “uma tecnologia muito avançada”, finaliza.

Protetor de cabeça anti-aliens foi criado por Gabriel, na onda das notícias sobre óvinis em outros países

César Platini, de 61 anos, veio fantasiado de bruxo, inspirado nos carnavais de São Tomé das Letras, em Minas Gerais. “Minha esposa e eu somos de Campo Grande, mas gostamos muito de viajar para lá”. O chapéu místico, inclusive, foi trazido de terras mineiras.

O bruxo César e a esposa, que adoram o carnaval de São Tomé das Letras (MG) e o de Campo Grande

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