Gosta da gastronomia nordestina? A turma por trás do Cliente Oculto desta sexta-feira (7) gosta! E por isso iniciou a missão de encontrar algum lugar fora do óbvio e, principalmente, fora da rota de festas juninas – afinal, a busca era por algo genuinamente com “cheiro e gosto” do nordeste.
Não foi difícil encontrar referências nas redes sociais ao Cuscuz Pé de Serra, um restaurante que há dois anos serve comida regional do nordeste no Aero Rancho – sim, ele está totalmente fora do circuito gastronômico tradicional.
E mesmo assim está sempre cheio de gente. Fomos até lá numa quarta-feira e havia cerca de 6 ou 7 mesas ocupadas. Tudo muito simples e aconchegante – uma casa que foi transformada para receber e afagar pessoas pelo estômago, no que parece ser um negócio familiar.
Na lateral, onde haveria antigamente um quintal, os proprietários investiram em cenografia e fizeram dali uma parede instagramável: tem até figurino, adereços pro cliente entrar no clima. O Cuscuz Pé de Serra empresta os chapéus de couro autênticos, como os de vaqueiros e dos cangaceiros, que vão render bons cliques!
Mas, o que interessava mesmo estava no cardápio: o Cuscuz Pé de Serra serve de tapiocas ao cuscuz que nomeia o restaurante, em porções generosas e preços acessíveis. Só que o carro chefe é outro: o “Arrumadinho”, um prato que pode vir com cuscuz ou com baião de dois traz carne de sol, vinagrete e até arroz de leite, todas iguarias nordestinas, e com preço bem convidativo.
Baião de Dois e Arroz de Leite
Escolhemos uma “Arrumadinho Grande” (porção que vem com arroz de leite, carne de sol, feijão-de-corda e vinagrete), que saiu a R$ 59,90; e um “Arrumadinho Arretado” com baião de dois (que vem com baião de dois, carne de sol desfiada com nata e vinagrete), que saiu a R$ 36,90.
Carne de sol é bem salgada, por isso, uma bebidinha cairia bem. Daí escolhemos a Cajuína São Geraldo, um refrigerante de Caju fabricado em Juazeiro do Norte, na região do Cariri, no Ceará – a garrafa de 1 litro saiu a R$ 11, porque ele é praticamente “importado”, já que não tem distribuição nacional como os refrigerantes comuns. Mas, para quem quiser procurar a cajuína fermentada (e não alcoólica), ela também está no cardápio por R$ 8,00.
Uma pausa para o forró
Além da decoração, das mesas com toalha de chita, adereços coloridos e bandeirolas, o Cuscuz Pé de Serra é ambientado com música nordestina – o bom e autêntico forró. Não é à toa, portanto, que o dono apareça lá pelas tantas dançando um “arrasta-pé” com uma boneca, fazendo os clientes sorrirem e convidando pra dançar.
Vamos voltar aos pratos. Pra adoçar a vida, fechamos a noite pedindo um Cartola, uma sobremesa tradicional com banana-nanica, queijo coalho e melado ou mel – no caso, a porção que saiu a R$ 16,90 serviu as três pessoas na mesa generosamente e ainda sobrou, pois estávamos mais que “repletos” de comida.
As porções que pedimos serviam tranquilamente de três a quatro pessoas, principalmente se, antes dos pratos chegarem, tivéssemos forrado o estômago com os petiscos, tais como batata frita e macaxeira frita (o nome como a mandioca é conhecida no nordeste). Não foi nosso caso e todo mundo comeu duas vezes. Repito: ficamos muito satisfeitos.
De forma geral, a experiência no Cuscuz Pé de Serra foi muito positiva. O restaurante entrega exatamente o que promete, que é uma comida regional afetiva, em local simples, confortável e aconchegante. Ao todo, nossos pedidos totalizaram R$ 124,70, o que consideramos um excelente custo-benefício, já que éramos em três.
A conta deu no total R$ 124,70
O que pedimos:
- “Arrumadinho Grande” (porção que vem com arroz de leite, carne de sol, feijão de corda e vinagrete) – R$ 59,90
- “Arrumadinho Arretado” com baião de dois, (que vem com baião de dois, carne de sol desfiada com nata e vinagrete) – R$ 36,90
- Cajuína São Geraldo de 1 litro – R$ 11,00
- Cartola (sobremesa) – R$ 16,90
Pontos Positivos
- Comida de qualidade e preço atrativo, local instagramável com figurino para fotos, música boa e ambiente bastante limpo.
Pontos Negativos
- Por ser um negócio familiar, pode ocorrer ter mais gente do que o local consegue atender. O cliente tem que ir de coração limpo caso ocorra alguma demora no atendimento, porque vale a pena.
Serviço
O Cuscuz Pé de Serra está na Rua Jornalista Valdir Lago 1004, no Aero Rancho, em Campo Grande. Atende a partir das 18h até às 23h, sempre de terça a domingo. E tem delivery – pelo WhatsApp (67) 99285-4794 – https://www.instagram.com/cuscuzpedeserra/
Baião de dois: que delícia!
Um dos pratos mais comuns na mesa dos nordestinos é o baião de dois – a grosso modo, um prato que reúne arroz, feijão (de corda ou verde), queijo coalho, manteiga de garrafa e, em algumas versões, carne de sol desfiada. Mas combina bem até com um ovo frito, como muita gente faz nos estados nordestinos, principalmente no Ceará.
Isso porque, no contexto histórico e cultural de quando o prato surgiu, o baião de dois é um prato de baixo custo, que reúne os grãos mais comuns da culinária brasileira. O arroz, por exemplo, não é simplesmente misturado ao feijão, mas cozido no próprio caldo, o que indica, inclusive, que a água não era abundante.
Mas, e como se prepara esse prato? Aqui vai a versão mais básica, que pode ser incrementada conforme o gosto de quem for cozinhar. Vamos à receita? Você vai precisar de:
- 1 xícara de arroz
- 2 colheres de óleo
- 400g de feijão cozido com caldo (pode ser de feijão-de-corda ou feijão-verde)
- uma xícara de nata
- um copo de requeijão
- 1 cebola picada
- 3 dentes de alho espremidos
- 200g de queijo coalho em cubos
- Cheiro verde, pimenta e sal a gosto
Modo de preparo
- Refogue a cebola e alho no óleo e em seguida frite bem o arroz.
- Na sequência, despeje o feijão com o caldo. Se precisar, adicione mais água até o cozimento.
- Antes de secar, acrescente sal e pimenta.
- Por fim, adicione o queijo picado, a nata e o requeijão. Acerte o sal, se necessário. Sirva com cheiro verde por cima. A receita serve bem até seis pessoas.
- O baião de dois vai bem com ovo frito, carne de sol (frita ou desfiada) e até com peixes grelhados ou assados.
