Edson Rodrigues, de 69 anos, é um viajante catarinense apaixonado pela estrada. Hoje, ele e sua esposa, Del Demétrio, de 58, contam que tudo o que vivem é a realização de um sonho.
O aposentado revela que seu amor pela estrada é, em parte, influência de sua mãe, que sempre amou conhecer novos lugares. De excursão em excursão, foram quase 40 anos percorrendo o Brasil.
Por crescer acompanhando as histórias e experiências dela, não demorou para que ele também sentisse interesse em conhecer o mundo. Foi no ano de 1977 que Edson decidiu comprar uma moto e começar sua vida viajante. Conhecidos como “Idosos Furiosos”, na moto foram mais de 40 anos colecionando lembranças de outras culturas, fazendo amigos pela estrada e vivendo momentos inesquecíveis em paisagens lindas e diversas.
Só que é claro que, com o passar dos anos, a moto já não era tão confortável e foi necessário mudar o veículo, para que as viagens fossem mais tranquilas. Com essa mudança, o nome também precisava ser outro. Depois de muito pensarem, veio o “Idosos e Teimosos”, afinal, contrariando o que muitas pessoas esperam de pessoas idosas, querer passar seus dias na estrada é a grande certeza que o casal tem.
Motorhome é uma arte
Em 2015, eles decidiram iniciar a vida de viajante em motorhome, que é todo equipado para o conforto de um casal. Foram em média 6 meses trabalhando na van para que ela ficasse confortável e eles pudessem iniciar as viagens. Edson explica que ele comprou o veículo em um leilão realizado em Santa Catarina.
“O estado modernizou a frota e leiloaram os veículos antigos do SAMU. Era uma ambulância, a gente comprou e fomos desmontando”, conta.
E se engana quem pensa que é simples montar um motorhome do zero. É uma decisão que requer paciência e investimento para que o veículo seja confortável e consiga suprir as necessidades dos moradores.
“O motorhome é uma arte. Primeiro você adquire uma van, faz todo o isolamento térmico dela, a rede elétrica e hidráulica”, explica, e fala que a forma correta de equipar o veículo é começando de trás para frente.
“Começa pela cama de casal, embaixo fica máquina de lavar, a centrífuga, equipamentos de primeiros socorros, mesas e cadeiras. Depois você tem suspendidos os armários, aí tem o banheiro, a geladeira e o fogão”, conta.
Viver viajando
Só em 2022 o casal conheceu mais de 24 estados do Brasil. Ao todo foram 110 dias de viagem, começando pelo sul, passando por todo o literal, até chegar em Belém. Depois, voltaram pelo interior do país, conhecendo os estados da região centro-oeste.
“Todas as viagens são diferentes e marcam a gente de um jeito diferente”, conta. “E a gente vai nos lugares, o pessoal das casas veem e pedem pra gente ficar mais uns dias, na casa delas, no sítio, isso é normal”, explica. “A gente faz muita amizade por onde passa”.
Del conta que suas experiências são incríveis e ama a vida cigana que leva. “Eu sou animada e aqui a gente se realiza”, afirma. “Às vezes a gente briga, mas não tem jeito, no fim a gente tem que dormir agarradinho”, brinca ao se referir ao tamanho da cama que o casal pernoita.
E Edson revela qual é o segredo para a viagem em casal ser ainda mais especial. “A gente não deixa brecha para os problemas, é assim que a gente aproveita a vida de casados”.
Viagem por Mato Grosso do Sul
Edson e Del, juntos a mais quatro casais, saíram de Santa Catarina há uma semana, sem pressa, e aproveitando para conhecer tudo durante o trajeto. Em Mato Grosso do Sul, o destino foi Bonito.
Em Campo Grande, desde a noite desta segunda-feira, a passagem será bem rápida, apenas para visitar um vizinho de motorhome que acabou virando amigo durante uma das viagens.
“O estado é muito lindo e muito bom. Em todos os lugares que nós passamos fomos muito bem acolhidos”, afirma.
“Nós amamos o estado, não conhecíamos ainda, mas é tudo muito lindo”, conta Del, dizendo que é um desejo deles voltar com mais calma.
“Meu objetivo é trabalhar até 26 de dezembro, e aí, no ano que vem, vai ser só nós dois, sem pressa, conhecendo esse Brasil”.
