Homem aluga sua casa e doa todos os móveis em SP para viver no meio das onças em MS

“Meu coração está chamando, eu vou seguir meu sonho”, diz homem que está deixando SP para viver no pantanal de MS em uma região dominada pelas onças-pintadas

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Onças-pintadas flagradas por Fábio Paschoal no pantanal de MS – (Fotos: Arquivo Pessoal/Fábio Paschoal)

Nunca é tarde para realizar um sonho e o biólogo e guia de turismo Fábio Paschoal é um bom exemplo disso. Afirmando seguir um chamado de seu coração, o paulista de 41 anos tomou uma drástica decisão: ele acaba de doar todos os seus móveis e alugar sua própria casa em São Paulo para viver no pantanal de Mato Grosso do Sul, em meio às onças-pintadas e outras majestosas espécies que habitam o bioma pantaneiro.

Apaixonado por animais e por fotografia da natureza, Fábio Paschoal tem uma longa trajetória profissional e é um biólogo renomado. “Desde pequeno, sou vidrado em bichos. Minha paixão se tornou uma obsessão e eu decidi estudá-los. Fui fazer biologia”, conta.

Após se formar na USP, em 2005, Fábio não queria dar aula ou fazer pesquisa. “Meu desejo era conhecer os biomas do Brasil. Então, tirei a licença de guia e fui morar no pantanal”, diz. Foram dois anos guiando no pantanal e um ano na Amazônia, até que ele voltou para São Paulo para realizar outro sonho: trabalhar na NatGeo Brasil.

“Sempre fui fascinado pelas fotos, mas não tinha a menor ideia que um dia teria um blog no site da revista. No entanto, passado algum tempo, o contrato da NatGeo com a Editora Abril terminou, o site foi derrubado e a revista parou de ser publicada no Brasil. A Fox ficou só com o canal de TV e, da noite para o dia, perdi o emprego e todas as matérias que tinha feito para a NatGeo”, relembra o biólogo.

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Novos ares…

A partir daí, Fábio precisou se reinventar e começou a trabalhar com livros didáticos e tradução para dublagem. Além disso, ele quis voltar a guiar no Pantanal, mas não contava com um empecilho global: a pandemia.

“Em 2020, eu tinha recém-separado e estava pronto para vir para o pantanal passar uma temporada guiando em uma pousada. Mas aí veio a pandemia e esses meus planos foram por água abaixo. O turismo fechou e fiquei em São Paulo, em isolamento, só eu e meu cachorro”, recorda.

No ano seguinte, em 2021, quando o turismo estava recomeçando, uma pousada da região entrou em contato com o profissional. “Eles tinham contratado guias novos que precisavam passar por treinamento. Eu fui para ficar um mês, pediram pra eu ficar dois e a situação foi se estendendo. O que era para ser um mês acabou virando nove. E aí, em 2022, eles me pediram para ficar nove meses, e esse ano foi a mesma coisa”, relata o guia em conversa com o Jornal Midiamax.

“Então, eu tô vendo que a minha vida e meu coração estão se direcionando para o Pantanal. Eu amo trabalhar com ecoturismo, dar valor para a conservação. É uma bandeira que eu acho importante e quero trabalhar. Isso também me dá a oportunidade de trabalhar com fotografia que é uma outra coisa que eu amo. E no Pantanal eu tenho muita oportunidade de tirar fotos legais, a ideia é até começar a ganhar mais dinheiro com venda de fotos”, planeja Fábio.

Veja alguns de seus trabalhos no carrossel abaixo:

Viver no pantanal, em meio às onças e outros animais

Por isso, Fábio tomou a drástica decisão de largar tudo para viver em Mato Grosso do Sul, guiando pela Caiman Pantanal, onde há uma base da ONG Onçafari, responsável por monitorar as onças-pintadas da região sul do Pantanal. “Eu decidi que ia colocar meu apartamento para alugar e doei todos os meus móveis porque meu coração está chamando, está tudo me dizendo que eu preciso ir para o pantanal”, afirma.

Esta semana, o biólogo está finalizando a pintura do apartamento para entregar o imóvel aos inquilinos e se muda de vez para Mato Grosso do Sul no dia 25. “É pra lá que eu vou, eu vou seguir meu sonho e, depois de 8 ou 9 meses, eu não sei muito bem o que vou fazer, vou ver para onde o destino vai me levar. Talvez alugue uma casa em Campo Grande, não sei ainda, é uma coisa que vai vir, que eu tô pensando. Mas eu sinto que tenho que fazer”, pontua.

“Quero seguir minha paixão: a fotografia de natureza. Depois desse período, o destino vai guiar o meu caminho. Ansiedade, insegurança, medo… todas essas coisas passam pela minha cabeça, mas nada é mais forte do que a vontade que eu tenho de seguir o meu sonho”, relata o paulista ao Midiamax.

“Energia intensa”: a emoção de chegar perto das onças-pintadas

Por fim, Fábio descreve a emoção de estar tão perto das onças, o principal animal que aparece em seu perfil de fotografias, e o felino que domina a região onde ele vai morar a partir do final deste mês.

“Ver uma onça-pintada na natureza é algo difícil de explicar. Ela encara, olho no olho, até ter a certeza de que você a viu. Seu tamanho é impressionante, ela domina o local e parece que tudo gira em torno dela. É como se a floresta parasse, naquele momento, só para vê-la passar. Antes de sair, uma pausa, a onça olha para trás, e verifica se você ainda está ali. Seus músculos estão tensos, sua respiração está presa e seu coração acelerado. É nesse momento que vem a certeza de que algo mágico está acontecendo. É uma energia muito intensa, que ficará impressa na sua memória para sempre”, detalha ele ao MidiaMAIS.

O guia ainda explica o impacto da presença do animal em determinado local na natureza. “Além disso, as onças-pintadas atuam como espécie bandeira. Elas são predadores que estão no topo da cadeia alimentar. Lugares em que você encontra onças-pintadas são ambientes saudáveis. Assim, se você preserva a onça-pintada, você preserva todo o ambiente associado a ela”, encerra o biólogo.

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