Grupo de rap indígena de MS, Brô MC’s vira tema de questão no Enem 2023

Na questão 25, do caderno de Linguagens do Enem 2023, a história do grupo de rap indígena Brô MC’s é destacada

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Primeiro grupo de rap indígena do Brasil, o Brô MC’S, de Dourados (MS), foi tema de questão do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) na prova de Linguagens e Ciências Humanas aplicada neste domingo (5).

Formado pelos indígenas Bruno, Charles, Clemerson e Kelvin, na Aldeia Jaguapiru, em Dourados, o Brô MC’s também foi o primeiro grupo de rap indígena a tocar no Rock in Rio, em 2022. Eles ainda ficaram famosos no Brasil por tocarem com astros como Alok e Xamã, e agora a trajetória dos músicos virou tema de uma pergunta do Enem.

Na questão, do caderno de Linguagens do Enem 2023, a história do Brô MC’s é destacada. “Os integrantes conheceram o rap pelo rádio, ouvindo um programa que apresentava cantores e grupos brasileiros desse gênero musical. O Brô MC’s conseguiu influenciar outros a fazerem rap e a lutarem pelas causas indígenas”, diz o enunciado.

O trecho foi retirado de uma reportagem do Correio Braziliense, de novembro de 2021, e indaga questiona aos estudantes “o que o movimento rap dos povos originários do Brasil revela”.

Assim que soube que foi tema de pergunta do Enem 2023, o grupo Brô MC’s se manifestou nas redes sociais, bem como a comunidade indígena, que está vibrando com a conquista histórica para a luta dos povos originários.

“É sobre isso, o Enem teve uma questão sobre a fala da Txai Surui. Isso é visibilidade indígena, é sobre as problemáticas envolvendo o meio ambiente e a luta do povo indígena. O Brô MC’s também representou muito”, disse o comunicador e influencer indígena Japupram Parkatêjê.

Txai Suruí, fundadora do Movimento da Juventude Indígena de Rondônia, também se pronunciou. “Fiquei feliz de saber que teve uma questão no ENEM sobre a minha fala na COP, acredito que isso significa que nossa luta está sendo ouvida de alguma forma e são preocupações que devem ser transmitidas para nossos jovens e crianças”, disse ela.

Confira a questão:

Brô MC’s, representatividade indígena

Formado por Kelvin Mbaretê, Bruno Veron, Clemersom Batista e Charlie Peixoto, da etnia Guarani Kaiowá, das aldeias Jaguapiru e Bororó, em Dourados, Brô MC’s carrega a força da comunidade indígena na voz. A principal missão dos artistas, segundo eles, é representar o cotidiano do seu povo, bem como suas lutas, por meio da música.

Diretamente de Dourados, uma das principais cidades de Mato Grosso do Sul, Brô MC’s é a primeira banda de rap indígena do Brasil. Formado pelos quatro amigos indígenas que tinham o sonho de falar sobre o cotidiano de cada um, foi na música que eles encontraram a voz para conversar com todo o país.

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Como tudo começou

Os integrantes do Brô MC’s iniciaram a carreira em 2009. Ignorando preconceitos e objeções para serem reconhecidos no espaço do rap brasileiro, eles tinham o sonho de levar as vozes das aldeias para o país. Em 2023, completaram 14 anos de carreira com muitas conquistas e oportunidades. 

As letras falam sobre a luta pela terra, a questão da identidade indígena, problemas como o consumo de álcool e drogas e também altos índices de suicídio na aldeia.

“Minha fala é forte e está comigo / Falo a verdade, não quero ser que nem você / Canto vários temas e isso que venho mostrando / Voz indígena é a voz de agora”, diz a tradução da letra de “Koangagua”, cantada em guarani. Os vídeos, inclusive, têm legenda para o público entender o significado das canções.

“Quando eles [lideranças indígenas] viram que as letras falavam da nossa realidade, eles nos apoiaram. Agora até crianças e jovens nos apoiam”, relatou Bruno Veron ao Jornal Midiamax.

Grupo também já teve passagem pelo Festival de Berlim com a música “Terra Vermelha” na curta-metragem “E Busca da Terra Sem Males”, e também na série “Guateka”.

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