Empilhados milimetricamente em uma bicicleta decorativa, os doces saltam aos olhos de quem passa no cruzamento das ruas Padre João Crippa com a Das Garças. Feitos pelas mãos de mulheres talentosas na cozinha, escondem receitas de gerações e adoçam a vida de muitos estudantes de uma escola particular de Campo Grande. E é na hora da saída, quando a muvuca se instala, que Leilane Sergani de Souza, de 38 anos, se desdobra e solta um sorrisão para atender a cada um deles.

A rotina, no entanto, começa algumas horas antes, quando ela sai de casa levando a bicicleta montável e os doces, sendo eles pudim e bolo de pote, casadinho, palha italiana, bombom de morango, coco e brigadeiro, além da novidade que é o brownie recheado, com preços que variam de R$ 4 a R$ 12. Ao chegar, Leilane para o carro e, carinhosamente, vai montando o objeto decorativo e colocando os doces.

Local foi ‘especialmente preparado’, diz microempresária

Leilane atendendo aos clientes em Campo Grande. Foto: Graziela Rezende/Jornal Midiamax

O local, segundo ela, foi “especialmente preparado”, já que o dono do restaurante a autorizou a ficar ali na calçada e aproveitar tanto o movimento dos estudantes como dos clientes que gostam de um docinho após a refeição. “Uma das minhas irmãs mora aqui perto, há uns 30 anos. E nós percebemos que antes tinha uma senhora que ficava aqui oferecendo doces. Quando ela saiu, após um tempo, conversamos com o dono do restaurante e ele nos permitiu ficar aqui”, comentou Leilane.

Há dois meses, a “delícia da vó lekaa” então se instalou ali. E nas andanças, enquanto o MidiaMAIS buscava uma pauta na Rua das Garças, se deparou com a empreendedora. Simpática, contou que o nome do negócio nasceu por conta da mãe, que sempre deixou a família com água na boca fazendo pudim e bombom de travessa de morango, sendo que ela e a irmã também aprenderam a fazer e a vender em diferentes lugares.

Vó Leka faz receitas há 40 anos e veio de Corumbá para Capital

“Minha mãe faz doces e salgados há 40 anos. Nós somos de Corumbá e lá ela trabalhava na prefeitura e levava os produtos para vender. Eu cresci vendo isso e depois, aos 16 anos, aprendi a fazer algumas coisas e passei a vender também. O que ocorre é que, há cerca de 4 anos, um dos meus irmãos teve câncer e aí ela se mudou para Campo Grande, com a intenção de cuidar dele um tempo, só que acabou ficando por aqui”, contou Leilane.

Foto: Graziela Rezende/Jornal Midiamax

Também servidora da prefeitura em Corumbá, Leilane, que vinha esporadicamente para a capital sul-mato-grossense, também se mudou recentemente. Desta vez, com a intenção de cuidar do marido, também adoentado.

“Eu pedi transferência e vim pra cá de vez. Aqui somos eu e uma irmã que trabalhamos com os doces. Minha mãe, que leva o nome do negócio, a vó Leka, fica de olho quando estamos fazendo as receitas. Depois, nós nos dividimos e ficamos nestes pontos, geralmente em frente das escolas e restaurantes, como é o meu caso agora”, explicou.

Cliente assídua, a estudante Ranielly Vilela, de 20 anos, diz: “Acho tudo aqui muito gostoso, mas, o bombom de morango é o meu favorito. Ele não é muito doce, tem um sabor do jeito que eu gosto”, comentou.

No entanto, conforme Leilane, a longa estrada incluiu não somente doces e sim tortas salgadas para revender. “A vida inteira eu levei para as amigas o empadão da minha mãe. Fiquei oito anos na prefeitura de Corumbá e lá era todo dia assim, mas, o ponto forte mesmo sempre foi o pudim, o bolo de pote e o bombom de morango. Agora, estou com a novidade do brownie, estamos experimentando”, finalizou.

Veja o vídeo dela atendendo na saída da escola:

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