Decidido a voar no próprio avião antes de 2023 acabar, morador de Corguinho constrói ultraleve
Aeronave é feita de materiais como madeira e aço e seu registro está em andamento
Cassia Modena –
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O que é mais difícil: alguém ter dinheiro suficiente para comprar um jatinho particular ou construir um avião? As duas coisas parecem impossíveis para a maioria das pessoas, mas não para Welington Vicentini, que está colocando em prática a segunda opção. Morador do município de Corguinho, que fica a 100 quilômetros de Campo Grande, ele promete fazer o próprio ultraleve passear pelo céu antes do fim de 2023.
São oito horas diárias dedicadas à montagem da aeronave desde o começo do ano passado. Welington faz tudo sozinho utilizando materiais como madeira e aço. E já que algumas peças necessárias não estão disponíveis para compra em Mato Grosso do Sul, foi preciso até aprender a fabricá-las.
Construir o avião só é possível, explica Wellington, porque ele fez um curso de mecânica de aeronaves há mais de 10 anos na extinta Escola de Avião Santos Dumont, na Capital, e comprou a planta da aeronave registrada pela Agência Nacional de Aviação Civil, a Anac. O engenheiro mecânico que vendeu a planta para o morador de Corguinho acompanha todo o processo a distância, inclusive.
O nome do avião será AC12. É uma sequência de letras e números genéricos, que nem as de placas de carro e moto, determinada pela mesma Agência de Aviação que registrou a planta. O peso da aeronave somada a dos passageiros e combustível não poderá ultrapassar de 300 quilos, atendendo aos padrões da aviação, e ela poderá subir até 7.000 pés, que equivalem 2.000 metros de altitude ou a 2 quilômetros.
Embora saiba pilotar aviões, o construtor ainda não tem brevê, como é conhecida a Carteira de Piloto Privado (CHT), que autoriza uma pessoa a pilotar aeronaves. Mas é claro que ter esse documento e começar a voar com a esposa está nos planos e não vai demorar a acontecer.
Sonho de voar
Ter alta de um hospital após perder um dos rins e se aposentar foram dois acontecimentos da vida de Vicentini que o motivaram a finalmente começar a construir o avião com as próprias mãos, aos 68 anos. Ele sonha com isso desde que começou a trabalhar com venda de tratores e a se interessar por mecânica.
Por estar trabalhando no projeto num galpão que tem em Rochedo, cidade vizinha a Campo Grande e Corguinho, ele já é conhecido como o “Santos Dumont” daquele município. “Direto recebo gente que quer ver como estou fazendo o ultraleve. Já perdi a conta de quantas pessoas vieram aqui”, diz Welington. E os curiosos são bem recebidos. Welington também compartilha o processo com outros apaixonados por aviação do Brasil e de outros países em grupos no WhatsApp.
Voar produz umas melhores sensações que existem, na opinião do aposentado. Tem quem sinta pânico por estar no ar, mas nunca foi o caso dele. “É uma sensação gostosa e de liberdade. É muito bom ver as coisas de cima e não ter obstáculo para bater, isso é a liberdade. Adoro aviação. Eu me sinto realizado ao voar”, descreve.
Quando o ultraleve estiver apto a voar, ele vai consumir 13 litros de gasolina por hora para percorrer 230 quilômetros por hora. Com um tanque de 75 litros, dará para percorrer 1.200 km. “E vou passear com a ‘patroa’”, planeja Welington,
O sonho que está se concretizando terá uma pintura branca e listras coloridas na lateral. O voo-teste será no aeródromo de Rochedo, também como mandam as regras da aviação civil, quando o registro da aeronave for concluído. A previsão é que em dezembro de 2023 o AC12 voe.
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